Indo em frente

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Como era bom ser criança
E não ter que me preocupar
Com as coisas.
Era uma época muito boa,
Que não tinha tecnologia
E só tinha brincadeira sadia.
Uma época que não volta mais.
Podíamos brincar na rua,
Sem medo de nos machucar.
Brincávamos de pega-pega,
De amarelinha e não nos cansávamos.
Mas chega um tempo que não
gosto de lembrar.
Tive uma grande perda,
Que não volta mais.
Conheci um novo mundo,
Que achei que não existia.
Com apenas sete anos,
O meu mundo desabou
Com a perda da minha irmã.
Que saudade da minha infância,
Quando tinha minha irmã aqui.
Nós podíamos brincar e nos divertir.
Sentir o seu cheiro, cheiro de jasmim.
Como foi horrível ter que
ver você sofrer,
Mas você não estava aqui
Sozinha nessa luta.
A pior parte ainda estava por vir,
Porque o seu cabelo, que você
tanto cuidava, estava caindo.
Com o tempo, superamos a sua perda.
Aos treze anos, me casei,
Mesmo não sabendo de nada ainda.
Fui aprendendo devagar.
Com quatorze, descobri
que estava grávida.
Aos quinze, eu era mãe.
Aos dezessete, descobri
uma nova gravidez.
E quase perdi os meus dois
filhos nas gestações.
Fui casada por seis anos.
Os primeiros três foram mil maravilhas.
Nos outros, sofri de muitas
agressões físicas e verbais.
Depois do que passei,
Aprendi a dar valor nas
pessoas ao redor
E, principalmente, a dar valor em mim.
Tive oito tentativas de suicídio,
Até me separar e conhecer
o meu pai biológico.
E hoje em dia eu sou muito feliz
porque encontrei uma nova pessoa
E estou muito bem com ele.
Amo os meus filhos,
Sou muito grata por ter tido
Essa oportunidade de ser mãe,
Mesmo sendo muito nova.
Hoje eu aprendi a dar
valor à minha mãe.
Sem amor ao próximo, o mundo
não vai para frente.
E eu quero seguir em frente
Com todo esse amor.

Sem dor - antologia poética [vol.2]Onde histórias criam vida. Descubra agora