Criminal Love

5 - Espaço Pessoal

- Bianca? - Desvio minha atenção da tv ao ouvir Cassandra me chamar após se despedir de Isa.

- Oi. - Me preparo mentalmente para a conversa desconfortável que iremos ter.

- Esqueci de te avisar que recebo bastante... visitas. - Explica um pouco sem jeito. E essa é a primeira vez que a vejo assim. - Espero que não tenha se sentido constrangida ou coisa do tipo pela situação. - Aponta pro corredor e dou de ombros.

- Não foi muito confortável. - Dou um sorrio casual. - Mas não me importa, a casa é nossa. - Analiso por breves segundos sua roupa imprópria, tentando não deixar tão claro meu interesse por suas vestes inadequadas e reveladoras. A ruiva possui um belo par de pernas, e essa camiseta definitiva a valoriza bastante.

Volto minha atenção ao seu rosto após ouvir Cassandra soltar uma risada abafada, me fazendo perceber que não foi uma olhada breve. O sorriso divertido nos lábios e o olhar irônico me fez ficar vermelha de vergonha.

- Gostou? - Olha para baixo. Coço a nuca sem jeito e resolvo fingir que não entendi.

- Do que? - Tento desconversar, mas é óbvio não dá certo.

- Você parecia estar prestando bastante atenção aqui em baixo. - A ruiva brinca com a barra da blusa, me encarando fixamente. Tento manter meu olhar fixo no seu, mas acabo deixando minha timidez vencer e desvio o olhar. - Eu não me importo se você olhar, Bianca. - Provoca com a voz mansa e se aproxima lentamente, ainda brincando com a barra de blusa e para a centímetros de distância.

Eu sei exatamente que caminho essa conversa vai levar, que Deus me ajude.

- Chama a Isabela de novo porque o que vocês tiveram não foi suficiente. - Seguro suas mãos impedindo que ela suba ainda mais a blusa, e ela ri alto. - Muito saliente Cassandra, muito saliente. - A repreendo e saio de perto dela indo até a geladeira pegar um copo de água.

- O que? Não gostou? - Pergunta com falso pesar. - Achei que a blusa estava atrapalhando sua visão. - Provoca encostando no batente da porta, fazendo o tecido subir levemente.

- Sequer sei do que você está falando. - Engulo calmamente minha água, tentando fazer o nó que se formou ali, descer. - Resolveu o problema que te faz sair às pressas hoje cedo? - Por um segundo vejo sua postura enrijecer e seu rosto ficar sério demais.

- Sim, resolvi, me deu uma dor de cabeça do caralho, mas está tudo bem. - Ela se distância, não apenas fisicamente, mas parece que toda a diversão que estava sentindo com a situação se esvai. - Ainda quer conhecer o parque? - Pergunta do sofá.

Coloco o copo na pia e me encosto no balcão que dividia a sala e a cozinha.

- Eu já conheci, é bem bonito, acho que o ar da manhã deu um toque especial. - Ela me olha por cima dos ombros e sorri.

- Fico feliz que não tenha se perdido.

- Não é como se fosse muito longe daqui, e eu muita burra. - Falo na defensiva e ela concorda sem dar muita importância.

- E o que achou da vizinhança? - Ela senta e vira para mim.

- Extremamente calma, estranhei um pouco, mas até que gostei.

- Já que eu furei com você mais cedo, posso te levar em um passeio na cidade. - Fala sugestiva.

- Até que eu gostaria, ruiva. - Sorrio. - Mas eu tenho que estar bem descansada pra amanhã, vou fazer o teste de aptidão física. - Cassandra da um sorriso fraco e volta a deitar. - Mas podemos marcar na sexta. - Meu celular toca ao longe, preenchendo o leve silêncio que estava no apartamento, vou até o quarto busca-lo e é a Clara, policial responsável pela minha transferência, testes e adaptação aqui.