32 - A máfia

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-  Se prepara. - Samuel aparece derrepente e caminha ao meu lado. - A delegacia está pegando fogo hoje.

- O que está acontecendo? - Coloco minhas coisas em cima da mesa e o observo atenta.

- Simplesmente um dos maiores casos baby. - Ele se aproxima e abaixa o tom de voz. - A máfia, parece que tivemos atualizações.

Máfia? Ninguém me disse nada sobre máfia quando me mudei pra cá.

- Máfia, máfia? - Concorda em câmera lenta. - Ninguém me disse nada sobre máfia, Samuel. Pelo sangue do cordeiro.

- Ah, é claro. Ninguém nunca fala sobre a máfia. Principalmente para novatos, e estrangeiros. - Pisca, mas tinha algo nele, empolgação ou algo parecido.

- Tá, mas o que aconteceu? - Cruzo os braços abaixo do peito, e sento na beirada da mesa, começando a me interessar.

- Três holandeses foram encontrados mortos em uma região aqui perto. Mas não apenas um holandês qualquer, eles eram da máfia inimiga. Não sabem ao certo o motivo da morte deles, provavelmente estavam no território sem permissão, sempre é isso.

- E aí eles simplesmente são assassinados? - Pergunto incrédula.

- Sim, é necessário comunicar o chefe do território quando se é rival. Se você entrar clandestinamente. - Ele passa o dedo sobre o pescoço. - Você é morto.

- Essa é nova, imigrante clandestino da máfia. - Me permito rir da piadinha insensível.

- Mas aí, o que fazemos? - É a vez de Samuel rir.

- Nós não fazemos nada, isso aí é com elite, apenas eles investigam crimes da Ndrangheta.

Ndrangheta. - Testo como o nome soa, e bom, é bem nome de máfia mesmo. - Não temos nem um gostinho das investigações?

- Apenas os burburinho nos corredores. - Samuel faz uma cara triste.

Não participar do maior caso da delegacia realmente causa uma sensaçãozinha ruim, eu mal soube da existência e já me sinto frustrada por não poder sequer saber detalhes sobre a investigação.

- Mas o que posso te falar é, nunca acharam a pessoa que comanda a porra toda. Já prenderam algumas pessoas que acharam que seria, mas nunca descobriram sequer a identidade.

- Nada? Nem uma informaçãozinha sequer? Nada mesmo? - Isso soa quase impossível pra mim.

- Absolutamente nada querida, não sabem nem a cor dos olhos. Vive em completo anonimato e está sempre um passo a frente da polícia.

- E você não acha que tem alguém aqui dentro que.... - Deixo a pergunta no ar, não querendo ser tão explícita.

- Vaza as informações? Com toda certeza, ninguém aqui é muito confiável. Pode ser qualquer um.

- Inclusive você. - Falo com cuidado mas ele ri.

- Já me viu conseguir guardar algum segredo? - Ele gargalha. - Acha mesmo que conseguiria fazer jogo duplo?

- Exatamente Samuel. - Aponto o dedo em seu peito. - Sempre são os mais improváveis.

Saio cansada da delegacia e mal sei que horas são, apenas que a lua está no céu e que não vejo a hora de chegar em casa, ultimamente o trabalho anda uma loucura, exigindo de mim mais do que consigo entregar, mas infelizmente, eu preciso dar conta

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Saio cansada da delegacia e mal sei que horas são, apenas que a lua está no céu e que não vejo a hora de chegar em casa, ultimamente o trabalho anda uma loucura, exigindo de mim mais do que consigo entregar, mas infelizmente, eu preciso dar conta. Parece que todos os criminosos resolveram agir de uma vez. A máfia então? Não se ouve falar de outra coisa além deles, e a pior parte é não poder saber nadinha sobre as investigações, apenas rumores aqui e ali, mas isso não é suficiente para sanar a curiosidade do que algo tão poderoso poderia estar fazendo.

Ligo para Cassandra, mas ela não atende, ultimamente ela anda meio ocupada, estressada demais, principalmente depois do ocorrido na casa de Julian. Anda sumindo, indo e vindo, o celular não para. Se eu realmente parar para analisar, Cassandra sempre foi assim, mas parece que a cada dia que passa as coisas pioram. Mas quando a questiono ela diz que é apenas trabalho, que está perto de uma possível promoção, mas algo dentro de mim, lá no fundo, me diz que não é apenas isso, que existe algo a mais por trás de tudo isso. Mas prefiro não levar muito a sério, acho que é melhor ignorar essa intuição por agora. Apenas por agora. Tenho coisas demais para lidar na delegacia, não acho que preciso arrumar algo dentro da minha casa também.

- Cê não vai acreditar no que eu soube hoje no trabalho. - Falo empolgada ao abrir a porta de casa e ver Cassandra no sofá. Ou ela estava me ignorando ou chegou agora em casa.

Passo o olho rapidamente em seu braço enfaixado e me aproximo.

- A máfia. - Falo dramaticamente e ela engasga.

- A máfia? - Repete sem ar e concordo.

- Existe a porra de uma máfia e ninguém me fala nada em 5 meses. - Bato as mãos no colo indignada. - É revoltante.

- E porque falaram só agora? - Ela se arruma no sofá, parecendo interessada.

- Aparentemente três caras rivais foram encontrados mortos em algum lugar perto daqui. Holandeses clandestinos, algo assim. - Os olhos de Cassandra dobram de tamanho.

- Meu Deus... - É tudo que ela fala após um longo tempo em silêncio. - É com esse tipo de caso que você lida? - Me permito dar uma gargalhada.

- Não, infelizmente ou felizmente não. Esse tipo de caso não chega pra ralé como eu. - Dou de ombros e coloco minhas coisas no chão.

- Isso é bom. - Sua voz soa aliviada. - Quem se envolve com a máfia nunca fica inteiro ou sã por muito tempo. É bom que se mantenha longe. - A verdade em sua voz me fez sentir um calafrio, parecia até que ela sabia exatamente do que estava falando. Sabia até demais.

Cassandra

A notícia de que a máfia chegou ao conhecimento de Bianca não me deixou nada contente, o lado bom é que mesmo que saiba, ela não pode interferir nas investigações ou conseguir detalhes minuciosos. Mas ainda sim, chegou o momento em que terei que triplicar o meu cuidado nas operações, ao chegar em casa e em qual história contar. Eu sou boa no que faço, mas Bianca também é, e isso me preocupa pra caralho.

- Fala Julian. - Observo Bianca sair do cômodo quando atendo o telefone.

- O Miguel entrou em contato. - Levanto quase em um pulo ao ouvir a notícia.

- Certo, isso é bom. E então? - Passo a mão livre no cabelo e me encosto no balcão da cozinha. - Demorou mais do que pensei dessa vez, por um acaso o filha da mãe está morando em uma caverna?

- É quase isso na verdade. Mas a boa notícia é que ele vem ao seu encontro em 4 dias.

- 4 dias? - Ok, eu esperava resolver isso com mais agilidade, mas aparentemente Miguel tem outros planos. - Tudo bem, dessa vez eu não irei reclamar. Ele perguntou algo?

- Na verdade, não. Apenas disse que não via a hora de se divertir com o brinquedo que você vai colocar nas mãos dele.

- Ah ele vai mesmo. - Minha voz saí grave e baixa.

- Quando quiser me contar a gravidade do problema, eu vou gostar de saber. Sério. Essa voz de maluca só aparece quando a coisa é feia, e eu estou perdendo isso.

- Sinto muito Julian, acho que esse caso não vai chegar aos seus ouvidos. - Ele murmura do outro lado mas não reclama.

- Certo, sem problemas, preciso ir chefinha.

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