23 - Amigas que fodem

23 2 0
                                    

Bianca

Abro a porta de casa e sinto o cheiro de café recém passado invadir os meus sentidos. Cheiro de algo fresco em casa as 23 da noite, só pode significar uma coisa...

- Principessa. - Me permito derreter com o apelido e solto um suspiro de completo alívio.

- Sua vagabunda sem noção alguma! - Atiro batendo a porta com força.

- Aí. - Ouço ela murmurar enquanto me aproximo na velocidade da luz. - Eu estou ferrada.

- É, você está! É bom que tenha consciência disso. Você tem noção do tanto que fiquei preocupada com você, caramba? - Jogo as chaves em cima da mesa, na tentativa de liberar meu estresse de uma forma inofensiva.

- A mesa quebra. - Aponta pra mesa de vidro, testando minha pouca paciência.

- A única coisa que pretendo quebrar é você! Fiquei quatro dias em extrema preocupação Cassandra. - Quebro a pequena distância que nos separava, fazendo a ruiva praticamente correr pro outro lado da mesa, mantendo-se longe de mim. - Tem noção que a minha capacidade no trabalho foi colocada a prova? No TRABALHO Cassandra. Nada afeta meu trabalho.

Nada afeta o meu trabalho, e se uma pessoa está conseguindo me comprometer profissionalmente é porque...

- Eu sei, eu sei disso. - Ela tem as mãos no ar, tentando dissipar minha raiva em um gesto apaziguador. - Mas pensa pelo lado bom... eu estou viva. - Da de ombros seguido de uma risadinha sem graça.

Analiso seu corpo de cima abaixo, como se pudesse ver por baixo de seu shorts jeans e camiseta que usava. E nem mesmo o tecido longo da blusa conseguiu cobrir os machucados recentes que sintilavam em sua pele branca.

Aponto para sua perna direita, colo e braços, pontuando antes mesmo de abrir a boca.

- Você não tinha esses machucados quando saiu de casa. - Tento me aproximar, mas mais uma vez ela praticamente corre de mim.

- Eu tinha muitos machucados quando saí de casa. - Sua voz sai aguda por conta do visivel nervosismo.

- Sim. - Me aproximo rápido o suficiente para conseguir prende-la contra a parede. - E eu cuidei de cada um deles, e não me recordo de cuidar de nenhum desses. No que você se meteu? - Soou mais acusatória do que preocupada e não me importo muito com isso no momento.

- Não foi nada demais. - Cassandra empurra meu corpo gentilmente para o lado mas não me permito afastar.

- Não foi essa a minha pergunta. E eu espero muito que você me responda.

- Bia. - Ela toma fôlego, inspirando com força, parecia estar controlando sua raiva, e eu não me importei com isso, pois não estou controlando a minha no momento. - Gostaria muito de não falar sobre isso com você. - Permito que ela me afaste, respeitando a droga de seu maldito espaço pessoal. - Entendo que te deixei preocupada sumindo dessa forma, mas estou em casa agora e não quero mais tocar nesse assunto. Está tudo resolvido, não tem motivo para ficar revivendo isso agora. - Me mantenho no mesmo lugar, observando todos os seus passos para longe de mim.

Cassandra pega a garrafa de café de cima da pia, e serve duas xícaras, uma maior e uma pequena demais para aproveitar um café quentinho. Se vira para mim e levanta a xícara maior, perguntando silenciosamente se irei acompanha-la.

Criminal LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora