"Ato 2"

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Samantha M. 5 de outubro: 10:48

Sam adentra o almoxarifado se escora em uma das paredes e lentamente se senta no chão.

Respira fundo enquanto tenta recuperar o máximo de energia que consegue. Pega o celular no bolso da calça e encara as horas.

10:48. Exatamente duas uma hora e doze minutos para o horário de almoço.

- Se esconder no almoxarifado não faz com que esqueçam que você não trabalha aqui Samantha - A voz de Knox ecoa pelo ambiente.

Sam encara o rapaz alto e magricela de cabelo espetado. Ela esconde o rosto entre os dedos e solta um gritinho abafado.

- Não precisa surtar Sam, se você quer uns minutos de paz é só me dizer! - O rapaz sorri torto e levanta as mãos em sinal de rendição - O movimento diminuiu, pode ficar mais uns minutos.

- Você é o melhor chefe que existe sabia - Knox revira os olhos com as palavras de Sam.

- Não puxe meu saco, ou te jogo pros lobos da mesa 7 - Sam arregala os olhos.

- Você é um babaca - Grita assim que o rapaz fecha a porta da pequena sala.

Sam encosta a cabeça na parede e fecha os olhos por um breve momento se concentrando em ignorar o cheiro excessivo de pó de café e rosquinhas que exala da sala.

Antes que pudesse pensar em algo que realmente queria o toque de seu telefone dói seus ouvidos, o volume parece ainda mais alto ecoando dentro daquele cubículo.

Puxa o celular que deixou no chão ao seu lado. O número a assusta, não recebia uma ligação de seu irmão a anos, e pensara no pior.

Sam?

Seu coração se acelera ainda mais quando percebe que não é a voz de seus irmão mais novo

S: Quem tá falando?

J: Sou Jack, um amigo do seu irmão!....bem não sei como...como dizer isso.

S: Aconteceu algo com ele?

Sam sente seus batimentos em sua garganta. O suor frio escorrendo por sua testa.

J: Ele foi atacado a alguns dias...

S: Alguns dias? E só me ligam agora?

J: Ele não queira que contasse a você, mas...seria bom se viesse.

Sam encerra a ligação antes de conseguir ouvir alguma coisa a mais.

Se levanta as pressas, Sai da sala e procura pelo moreno de cabelo arrepiado. Seu olhar rápido o encontra a frente do balcão servindo uma senhora.

Pega o braço do rapaz de puxa pra longe pra que a conversa permaneça apenas entre eles.

- Knox preciso de alguns dias de folga - Fala de forma desesperada, que deixa o moreno assustado.

- Está maluca? Não tenho ninguém pra cobrir você! - Sam nega com a cabeça antes de explicar o que aconteceu.

Knox coloca aos mãos na cintura e olha a cafeteria quase vazia, então ele vai até a porta e vira a placa de "Aberta" pra "Fechado"

Sam fica sem entender até Knox pedir educadamente para os dois últimos clientes se retirarem.

- O que está fazendo?.

- Vou com você claro, não vou deixar você ir sozinha! - Knox retira o avental bege e o deixa sobre o balcão enquanto vai até a caixa registradora fazer a contagem e encerar o expediente - Vou encerrar tudo e então vamos juntos.

- E quem vai ficar cuidando da cafeteria? - Ele revira os olhos e bufa.

- Sam pare de fazer perguntas, a cafeteria vai ficar fechada até segunda ordem!.

- Mas Knox!.

- Cala a maldita boca e me ajuda a fechar a loja!.

Knox diz como um chefe irritado que quer que suas ordens sejam feitas imediatamente.

Os dois organizam tudo e em menos de meia hora estamos em seu carro indo em direção ao nosso apartamento.

As malas são feitas as pressas assim como um banho rápido que ambos brigam pra quem irá usar o banheiro primeiro.

Seis horas de carro se tornam duas com o sono pesado e cansado de Sam. Por outro lado Knox está alerta no volante, uma de suas mãos apertam firmes o volante enquanto a outra está abaixada e envolve uma lata de energético.

- Estamos quase chegando - O dono dos olhos mel escuros diz enquanto observa Sam despertar de seu sono.

- Seu carro não é nada confortável! - A cacheada reclama quando sente suas costas doloridas.

- Porque ele é feito pra locomoção e não pra usar de cama! - Knox e seu humor ácido estão mais vivos que nunca mesmo depois de horas acordado.

- Quer trocar de lugar? Posso dirigir pra você descansar um pouco - O rapaz nega com a cabeça e toma um gole de energético.

- Não confio em você dirigindo! - É a vez de Sam revirar os olhos.

Um silêncio dança pelo carro. Não incomoda nenhum dos dois.

- Como é voltar pra Woodsboro? - O silêncio enfim quebrado.

- Estranho. Pensei que estaria voltando aqui por outro motivo.

- Buscar seu irmão! É eu sei!.

Sam havia prometido a seu irmão que voltaria o mais rápido que pudesse pra buscá-lo e tirá-lo daquela cidade imunda.

Isso nunca aconteceu, e agora seu irmão foi atacado e tudo isso poderia ter isso evitado se Sam tivesse cumprido sua palavra.

E isso pesava ainda mais em seus ombros, a culpa a consumia por dentro aos poucos.

Sam voltou a lucidez quando viu a placa de "Boas vindas a Woodsboro" com um ghostface pichado logo ao lado.

Um frio gela sua espinha, tantas coisas que deixou enterradas nessa cidade, pessoas da qual não queria ver.

Knox é instruído por Sam até a sua antiga casa. Sua mão pousa sobre a coxa de knox, um aviso de que essa era a hora que Sam entrava em uma guerra interna.

Knox sabia exatamente de todas as intrigas da família Miller, e sabia que a presença dos pais na vida de Samantha era sinal de problemas.

E Sam provavelmente não saberia como lidar com os pais, não depois de ter fugido pra quilômetros de distância em uma noite com um completo desconhecido.

- Eu vou com você, não se preocupe - Knox massageia a mão de Sam sobre sua coxa e lhe dá um sorriso acolhedor, mas que não consegue esconder o medo por baixo dele.

Sam paralisou assim que colocou seus pés na calçada em frente a casa tão conhecida por ela, notou o quanto a casa estava com cores mais vivas, a grama aparada e perfeitamente cuidada.

Sentiu a mão de Knox em suas costas, e foi quando conseguiu caminhar em direção a porta. Tocou a campainha e enfiou suas mãos no bolso da calça jeans surrada.

Os segundos pareciam horas. Não havia se passado nem mesmo um minuto que Sam houvesse apertado a campainha e já pensara em desistir.

Seu coração pulsou mais forte quando ouviu a voz do irmão do outro lado da porta.

Quando a porta se abriu e Samantha finalmente conseguiu ver seu irmão diante de seus olhos, ela poderia jurar que o mundo parou pra ela.

O garoto magricela e ruivo parado em sua frente. O rosto mais envelhecido e a marca de uma barba falha feita recentemente.

sua mão envolvida em faixas hospitalares limpas, parecendo recém trocadas.

Não conseguiu dizer nada, as palavras estavam presas em sua garganta, trancadas por sua boca.

- Sam?

Harry parecia tão sem palavras quanto Sam.

SCREAM - Billie Eilish. Onde histórias criam vida. Descubra agora