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❛ VINNIE HACKER❜

Ainda não havia voltado para o meu apartamento oficial, provavelmente havia várias camadas de poeira sobre os móveis, então tive que levá-la para o lugar onde fiquei morando durante o andamento da operação. A viagem de carro foi quieta e eu resisti à vontade de encará-la temendo deixá-la desconfortável. Ela já me odiava o bastante, eu não podia tomar mais atitudes que a irritassem.

Ao chegarmos, abri a porta e deixei que ela entrasse primeiro. Sophie olhou em volta como se analisasse os detalhes e manteve os braços cruzados como uma atitude de superioridade.

— Você vive aqui? — perguntou com um tom desdenhoso.

— Nos últimos quatro meses sim. Meu apartamento de verdade fica a algumas quadras daqui, mas eu sei que deve estar bem sujo porque não piso lá há meses.

— Não que esse esteja super limpo, não é? — alfinetou.

Eu ri sem humor e a observei até que ela me encarasse de volta.

— Você não vai embora? — questionou.

— Ok... mensagem recebida. — peguei de volta as chaves que joguei por instinto no aparador. — Se precisar de alguma coisa liga pra mim.

— Não mentiu sobre o seu número de celular também? — arqueou a sobrancelha.

Soltei um suspiro e aceitei que dali em diante eu passaria a receber ataques. Eu merecia.

— Fique à vontade. — falei antes de sair pela porta.

Voltei para a delegacia e assim que cheguei o capitão me chamou para interrogar o Frederic novamente. Ele achava que eu arrancaria alguma informação por já conhecê-lo. Bom, ele estava errado. Foi a hora mais entediante que já passei dentro de uma sala de interrogatório. Frederic parecia um maldito psicopata que não reagia a nada, independente do que fosse apresentado como incentivo. Eu sabia que a polícia não iria dar motivos maiores para ele falar do que os motivos que ele tinha para ficar calado.

— Estamos perdendo tempo. — eu disse ao entrar na sala do capitão. — O Frederic está sob ameaça dos seus sócios, incluindo o juiz do supremo tribunal. A gente pode até apelar para torturas medievais e mesmo assim ele não vai entregar ninguém.

— Bom, ao menos o temos. Do resto corremos atrás, não é a primeira vez que caçamos alguém do zero.

— Ele acha que vão vir atrás dele, da Addison e da Sophie. Devemos ficar atentos a isso, inclusive protegê-las com vigilância vinte e quatro horas. O senhor pode autorizar?

— Sim. Vou organizar isso.

— Eu quero fazer a proteção para a Sophie.

Ele olhou para mim com desconfiança.

— Isso não iria te distrair? — perguntou.

— Vou ficar mais tranquilo sabendo como ela está a cada segundo.

— E onde ela está agora?

— No apartamento da operação. Mais seguro do que um lar de verdade.

— Por que não vai lá e descansa também?

— Ela não quer ficar perto de mim, então eu prometi deixá-la sozinha lá.

— Sabe, Vinnie, sempre me irritou a forma como você responde aos seus instintos aos invés de priorizar a sua razão. É claro que isso nunca deu errado e às vezes me faz sentir um idiota burocrático por querer que você mude. Essa sua emoção à flor da pele nunca foi um empecilho para você ser um bom policial e cumprir as suas missões, mas vai acabar te matando. Você não deveria ter se apegado a ela.

First Lady ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora