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❛ SOPHIE JAMES ❜

A ficha parece ter caído quando eu o vi no caixão. Voltei a chorar copiosamente, mas dessa vez conseguindo ficar de pé. Vinne estava comigo, segurando a minha mão assim como prometeu que faria. Tudo estaria sendo mais difícil sem ele ali.

Addison parecia em estado catatônico em alguns momentos, mas logo voltava a gritar e chorar como se de repente se lembrasse onde estava e o que estava acontecendo. Sua mãe não parou de abraçá-la e conforta-la e eu cheguei perto uma única vez para lhe dar um abraço. Não conseguia ficar muito tempo com ela porque ela começava a me pedir desculpas repetidamente, mostrando o quanto se sentia culpada pelo que aconteceu. Não era sua culpa, mas ela não seria convencida disso naquele momento, então eu só me afastava para que ela não se sentisse na necessidade de me pedir desculpas por algo.

Os jornalistas estavam na porta do cemitério esperando para algum clique ou a palavra de algum parente. Alguns familiares de Frederic pararam para falar, mas eu passei direto como sempre fazia. Eles sempre eram hostis comigo e aquela não era hora nem lugar para me perguntar qualquer coisa. A passagem para dentro do cemitério foi complicada e eu vi Vinne dar um empurrão brusco em um repórter, fazendo ele quase cair. Em outros tempos eu reclamaria da violência, mas dessa vez não me importei e até fiquei aliviada quando eles pareceram com medo do Vinne e resolveram abrir espaço.

Um padre realizou uma pequena cerimônia antes do fim do enterro e eu tentei prestar atenção nas palavras, mas não consegui. Joguei uma rosa sobre o caixão antes de ele ser baixado e toquei a madeira suavemente dando um adeus silencioso. Ao me afastar, fui de encontro aos braços de Vinne e o abracei com força.

Voltamos para casa e eu fui sozinha para a biblioteca. Peguei um dos álbuns de fotos e sentei no sofá começando a folhear. Era o álbum do nosso casamento. Eu estava muito feliz naquele dia porque o amava, ou ao menos achava que sim. O importante era que naquele momento em que usava um lindo e caro vestido branco ao lado do meu marido eu sentia como se pudesse voar, como se Deus tivesse olhado para mim pela primeira vez na vida.

Passei a mão de forma carinhosa em uma das fotos em que ele beijava o meu rosto e uma das minhas lágrimas caiu sobre ela. Limpei meu rosto quando o meu celular começou a tocar e o coloquei contra a orelha depois de atender sem prestar atenção que era um número desconhecido.

— Alô?

— Deve estar bem triste agora, não? É, você deveria. — uma voz masculina disse de forma ríspida.

— Quem é? — franzi a testa.

— Mas faz mais sentido que esteja feliz com toda essa fortuna sem precisar mais dar para aquele velhote.

— Quem diabos é você!? — gritei irritada.

— Consigo imaginar o Frederic encontrando o seu papai no inferno e trocando suas experiências de como é comer você até você chorar. — soltou uma risada diabólica.

Senti minha garganta começar a fechar com o peso que foi ouvir aquelas palavras horríveis. Não consegui dizer mais nada, apenas chorei.

— Não se preocupe, em breve você fará companhia a eles. — e desligou.

Derrubei minhas mãos em meu colo e olhei para um ponto fixo me sentindo inerte. De repente eu saí do controle e soltei um grito agudo, fechando os meus olhos e começando a soluçar alto em seguida. Ouvi a porta da biblioteca ser aberta com violência e alguém correr até mim. Vinne se ajoelhou na minha frente e segurou o meu rosto. Ele parecia apavorado enquanto me olhava da forma mais preocupada do mundo.

— O que foi? O que aconteceu? — perguntou desesperado.

Não consegui responder, apenas me joguei contra o corpo dele e continuei a chorar. As lembranças ruins voltaram com tudo, eu sentia o trauma em meus ossos, apertando o meu corpo, me sufocando, me deixando suja... A sensação de querer morrer me atingiu em cheio e eu senti o meu corpo ficar fraco como se de novo eu fosse uma criança vulnerável e desesperada por ajuda.

First Lady ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora