um pedido

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De repente eu me senti como se estivesse em um filme, em uma daquelas cenas congeladas onde os personagens ficam se encarando enquanto uma música de suspense toca. A esposa de Seungcheol trocou olhares entre o marido e eu, Chan estava quase dormindo no seu ombro mas despertou assim que me viu e acenou, vi os olhos do Choi se arregalarem e se recompôs rapidamente, endireitando as costas e cruzando os seus braços, trocando olhares entre a esposa e eu. E quanto à mim? Bom, eu estava olhando para todos os lados, sem saber o que fazer ou falar.

Era um ótimo momento para que Jiwoo aparecesse e me tirasse daquele fogo cruzado, mas na verdade, daquela vez o meu salvador foi o garotinho fofo que pediu para a mãe o colocar no chão e correu na minha direção com os bracinhos para cima.

— Titio Hannie — Chan estava tão sorridente e por alguns segundos me perguntei em que momento Chan havia começado a gostar tanto assim de mim ao ponto de me chamar de "tio Hannie". Eu me abaixei e o abracei, acariciando as costas dele enquanto sentia suas mãozinhas ficarem ao redor do meu pescoço — Titio, vamos bincar?

— Querido, o Hannie está trabalhando agora — Seungcheol falou e confesso que senti um arrepio ao ouví-lo me chamar pelo apelido. Sim, eu sou um homem fraco, isso é falta de beijar na boca.

— Choi, o que faz aqui? Você tinha uma reunião importante lá no salão, posso saber o que é tão importante pra estar aqui e não lá? — A mulher perguntou colocando as suas mãos na cintura e encarando o marido, poderia até mesmo ver o fogo em seus olhos. Ainda bem que eu não sou o Seungcheol.

— Querida, eu precisava ter uma conversa rapidinha com o novo camareiro, você ainda não o conheceu, certo? Esse é Yoon Jeonghan — Ele olhou para mim e abriu um pequeno sorriso, eu não retribui e apenas desviei o olhar para o rosto do pequeno Chan que ainda estava em meus braços — Jeonghan, essa é a minha esposa, Choi Jinah.

Eu me levantei e estendi a minha mão na direção da mulher para a cumprimentar, ela fez o mesmo e abriu um pequeno sorriso para mim, ótimo, ela parece simpática. Seu olhar voltou para o marido e eu pude sentir que se ela pudesse o queimar ali só com o olhar, ela faria sem pensar duas vezes.

— Estarei te esperando lá em baixo, vê se para de enrolar — Jinah disse séria e chamou Chan para saírem da suíte. Eu soltei um suspiro e voltei a minha atenção para os pratos, nem ao menos me importando com o olhar de Seungcheol que parecia queimar a minha nuca.

E vocês devem pensar que já estava de bom tamanho esse clima ruim e tenso, certo? Mas não, eu sou amigo de Kim Jiwoo, ela sempre dá um jeitinho de falar besteira em momentos nada adequados.

— Nossa, que cansaço! Aquele quarto estava uma zona e...Aí meu Deus, senhor Choi! — Ela gritou ao notar que o nosso chefe estava ali, virei o rosto apenas para ver o seu olhar assustado e envergonhado, confesso que se não estivesse tenso eu riria dela.

— Bom dia, Jiwoo! Me desculpe pela bagunça no quarto, tivemos que nos arrumar rápido para uma reunião e não teve tempo para limpar a zona — Seungcheol falou sorrindo para a garota e acenou para ela.

— Sinto muito pela minha forma de falar, senhor Choi, não queria parecer mal educada ou ingrata com o meu trabalho — Ela me olhou como se estivesse pedindo socorro e eu apenas balancei os ombros, pegando um pano e secando as minhas mãos já que havia terminado de lavar a louça — E aliás, posso conversar algo com o senhor rapidinho?

— Claro que pode, algum problema?

— Já faz um bom tempo que o elevador dos funcionários está quebrado e fica um pouco cansativo ter que subir as escadas todos os dias para chegar até aqui, entende? O coitado do Jeonghan fica com as pernas moles de tão cansado que ele fica — Eu a olhei assustado e vi que aquele projeto de capeta estava sorrindo de lado. Foi aí que eu saquei o que Jiwoo estava fazendo, ela sabia que eu não ia pedir nada ao Seungcheol então estava fazendo isso por conta própria e me usando como desculpa para que o seu coração amolecesse e resolvesse consertar o elevador o mais rápido possível.

Jiwoo, o seu lugar no inferno está garantido.

— É mesmo? Ninguém havia me dito sobre o problema no elevador, irei providenciar o conserto o mais rápido possível — Ele respondeu e vi o sorriso de Jiwoo aumentar, ela agradeceu e se curvou, avisando que limparia o banheiro agora. Pensei que teria finalmente um momento de paz e que Choi iria para a sua reunião, mas ele continuou ali parado e me encarando.

— Precisa de algo, Senhor Choi? — Perguntei o encarando e pude jurar que havia um sorriso de lado se formando em seu rosto.

— Os meus amigos estão voltando de viagens importantes, vão se hospedar aqui, no andar de baixo, sei que você e Jiwoo irão deixar a casa brilhando de tão limpa, mas eu queria te fazer um pedido que talvez vá além do seu trabalho — Aí meu Deus, ele vai pedir que eu entretenha ele e os seus amigos que devem ser um bando de velhos ricos e calvos, vai me obrigar a vestir uma tanga e dançar para eles. Eu tenho certeza disso.

— Pode pedir, senhor.

— Você sabe cozinhar? A cozinheira que vem aqui está ausente por conta da gravidez e eu realmente preciso que alguém cozinhe para os meus convidados, minha esposa não estará aqui essa noite, vai passar a noite na casa da mãe e o meu filho também — Ele justificou o seu pedido e suspirei aliviado ao ver que não envolvia nenhuma tanguinha ou dança sensual — Claro, se você aceitar eu irei acrescentar um bônus no seu salário pelo serviço.

Opa, falou de dinheiro já é o bastante para me convencer, mesmo que os seus amigos sejam ricos calvos eu não me importaria nem um pouco de cozinhar para eles se isso significasse ganhar um extra. Claro, eu teria que dar uma enrolada em Jihoon e Wonwoo para explicar porque Seungcheol escolheu logo eu para aquela função, mas eles não vão reclamar quando eu pagar um jantar delicioso para eles e Mingyu em um restaurante chique e com comida que não tenha uma qualidade extremamente duvidosa.

— Eu aceito, senhor Choi.

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