♫ O dia em que Choi Beomgyu perdeu sua dignidade

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♫ 01 ♫

A sensação de estar na mesma frequência que alguma coisa, qualquer coisa no mundo, era reconfortante. Para Beomgyu, era a música.

Entretanto, ele fazia questão de estar fora de sintonia com qualquer coisa relacionada à escola. Por isso, aqueles dois pivetes estavam ali.

— Choi Beomgyu e Choi Soobin. — A coordenadora ajeitou a armação dourada no rosto com uma expressão cansada, e então suspirou propositalmente alto, como se tivesse esperança de tocar na consciência daquelas duas pestinhas sem rumo. — De novo? Jura?

Qualquer par de olhos estaria ardendo ali, a sensação que Beomgyu teve assim que abriu os olhos sonolentos depois de tanto esperar era que seus globos oculares estavam pegando fogo ao presenciar o branco puríssimo de luzes LED tubulares em superpopulação na salinha de espera da coordenação do colégio. O branco era puxado para o azul, uma cor fria e melancólica que combinava exatamente com aquele lugar.

Soobin, que também já estava quase dormindo, foi o primeiro a se levantar num impulso assustado por ter sido chamado de volta à vida. Sua altura anormal espantou levemente a coordenadora, ela nunca se acostumava com o quão alto ele era. Beomgyu o tinha feito se encrencar de novo. Mas ele não parecia chateado. Ele era bonzinho demais para isso.

— Fazer o quê, né? Os funcionários são ótimos em achar os alunos no pulo do gato, funcionários, fighting! — Beomgyu brincou tentando quebrar o gelo.

— Beomgyu! — Soobin deu uma cotovelada na barriga do melhor amigo. Ele realmente era o único que ainda carregava alguns neurônios sobrando naquela dupla dinâmica.

Os dois entraram numa sala já conhecida, paredes brancas e luzes frias exatamente iguais a da salinha de espera, porém, a mesa de carvalho, as cadeiras coloridas e a Espada de São Jorge firme e forte criavam o aconchego e refúgio mental ideais da coordenadora Kim.

— Então vocês pularam o muro do pátio central no horário do almoço, invadiram o galpão do antigo laboratório de oficina e roubaram alguns dos itens de lá. — Ela coçou os olhos por trás das lentes, claramente decepcionada como se seus filhos tivessem sido presos. Seus braços fortes e levemente rechonchudos pareciam ter se enfraquecido tamanho desgosto e caíram instantaneamente sobre a mesa, fazendo um "blam" raivoso. — Eu achava que vocês estavam amadurecendo, das últimas três vezes as infrações foram bem leves, mas agora... Beomgyu, você acabou de repetir o segundo ano, e Soobin, você está no último ano agora. Percebem que a idade de vocês está ficando um pouco séria e precisam pensar no futuro? É hora de perceberem como as ações de vocês têm consequências. O que vocês fizeram com os itens roubados?

Um silêncio constrangedor, e acusativo, envenenou a sala. Beomgyu e Soobin se entreolharam, preocupados.

— Bem, tipo, reciclagem... — Beomgyu começou.

— Haha, então... esses itens não estão mais entre nós. — Soobin estava suando frio, mas como sempre, esforçando-se além da conta para deixar tudo sob controle. — Digamos que algumas pessoas precisavam deles mais do que nós.

A coordenadora apenas arqueou uma das sobrancelhas, enquanto digitava sua sentença final no computador. Os dois sabiam que nada de bom vinha quando ela ficava calada, e se entreolharam com medo.

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— Eu esperava coisa bem pior. Sério, achava que poderia perder meu réu primário. — Soobin disse enquanto carregava fios e mais fios enrolados para a mesa com os holofotes.

— Isso é porque ela claramente gosta da gente, apesar de tudo.

Lá estavam eles, no castigo especial. Bem, numa parte dele, já que a coordenadora Kim prometeu que até o final do ano eles ainda estariam pagando os prejuízos financeiros e "morais" causados. Vestidos de preto e se camuflando na escuridão do auditório chique do colégio, eles cuidavam das luzes da apresentação de início de ano do clube de teatro.

Power Chord do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora