🌬️Prólogo 🌬️

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2011

Condado de Franklin
       Columbus

Fevereiro, 1 - Terça-feira

— Sabe de uma coisa? Tenho certeza de que em minha vida passada eu era uma dona de casa mãe de quatorze pirralhinhos ranhentos, com um marido ditador insuportável mas que ainda sim eu me apaixonei perdidamente e em algum momento entre o sexto e o sétimo filho algo deve ter acontecido..E aí BUM! isso explica toda minha repulsa por relacionamentos e bebês. — Expliquei chutando a porta do meu mais novo apartamento, deixei as duas caixas leves na sala ao lado de um sofá recém comprado. Tyler, um colega de trabalho que é super gentil está parado com uma expressão confusa, uma caixa grande em suas mãos. Levantei uma das sobrancelhas pra ele fazendo sinal pra deixar tudo por aqui, e mesmo me obedecendo a expressão não sumia.—Que diabos, Tyler?! Por que está me olhando assim?

— Let... eu só perguntei qual era o nome do seu sobrinho. — Respondeu, parecendo um pouco exasperado pela minha pergunta, não faço ideia do por quê.

Bufei me jogando no sofá e ele fez o mesmo ao meu lado.

— Ah, o pequeno Freddy. É o filho do meu irmão mais velho George, isso desacelerou as pressões que vou sofrer pela minha querida mãe, Gerthrudes Denver. — Suspirei fechando os olhos.

— Você precisa de uns dois anos de terapia.

Errado, Sherlock Holmes

— Não. Preciso de um bom pau amigo, vinho e férias. — Rebati abrindo os olhos para o encarar com um interesse discreto.

— Não gaste seu charme, devo lembrar você de que sou tão gay quanto posso?

Grunhi assistindo seu riso espontâneo.
Tyler seria ótimo para o que eu queria se não fosse esse pequeno detalhe, seu grande porte e pele negra sedosa iriam me ajudar a passar noites deliciosas o lambendo como um picolé caro.

— Por acaso você teria um primo gêmeo? — Fiz a cara mais séria que pude, com os olhos cerrados o analisando um pouco mais enquanto ele aperta alguns plástico bolha.

— Violet Summer Denver, quando você se casar o mundo vai se acabar. — Profetizou jogando o objeto em mim.

— Vire essa boca gostosa pra lá, o dia em que você me ouvir falando em casamento pode ter certeza que um alien ou uma entidade tomou conta do meu corpo! — Sentei rápido devolvendo a bola de plástico bolha em seu rosto sorridente.

— Esse seu terror psicológico vai acabar alguma hora, garota. — Levantou as duas mãos pra cima como se pedisse aos céus

— Por todos os deuses do amor, qualquer divindade que tenha a ver com essa maldita palavra.. Nada vai acontecer comigo. — Falei seriamente dessa vez, ignorando o revirar de seus olhos.

— Você vai pagar com a língua.

—Tyler, me ajude com o restante da mudança e vamos atrás de um bar por tudo que é mais sagrado, pra que eu não tenha que ouvir nada sobre isso nunca mais. — Pedi levantando e chutando de leve uma das caixas em sua direção.

Duas horas depois, um banho bem tomado e dez minutos de persuasão para que o meu mais novo amigo seja o motorista da vez finalmente estávamos saindo do apartamento. O prédio tem dez andares com quatro apartamentos por andar, o meu fica no sétimo andar com o número 27 enfeitado em dourado na porta.

Faz três dias que comecei a mudança e surpreendentemente não conheci nenhum dos vizinhos, bom.. até agora.

— Boa noite, queridos. — Uma senhora baixinha nos cumprimentou destrancando a porta em frente a da minha, apartamento 25. — Vocês são os novos moradores?

— Uh, apenas eu. Violet Denver. — Sorri oferecendo minha mão qual ela aceitou de forma simpática.

— Odette Cavendish, seja bem vinda. Uma pena que não tenha visto antes, acabei de sair pra uma caminhada sozinha. — Se apresentou ajeitando uma bolsa pequena no ombro.

— Estávamos terminando a mudança, mas amanhã se a senhora quiser estarei livre nesse mesmo horário. — Suspirei lembrando de minha mãe por um momento mas balancei a cabeça rápido. — Por acaso a senhora sabe de algum bar por aqui?

Tyler me deu uma cotovelada forte e eu o olhei feio enquanto a senhora ria.

— Duas quadras daqui, é o bar do filho do Joe do andar de cima. — Respondeu tranquilamente depois de rir, os incríveis olhos azuis brilhando. — Não volte tarde querida, vejo você amanhã?

— Odette, eu beijaria a senhora agora mesmo! Muito obrigada, eu bato em sua porta no mesmo horário. — Acenei animada ouvindo seu riso novamente e esperei até que ela entrasse em seu apartamento pra arrastar Tyler pela mão. — Vamos, Ty!

— Você é..realmente uma coisa, Let. — O resmungão se deixou ser arrastado com indignação.

Poeira ao Vento Onde histórias criam vida. Descubra agora