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2011

Novembro,20

Domingo

12:10

Estávamos evitando o clima de flerte constantemente desde o mês passado, mas a cada dia que passava nossa rotina havia se tornado meio..familiar. O garoto do mercado tinha feito várias tentativas de encontro, todos dos quais eu tive uma boa desculpa pra não ir; não poderia deixar um amigo sem companhia.

Exceto que Andrew poderia sim ficar sem companhia.

Mas eu não o deixei, todos os dias, até mesmo Tyler nos acompanhava em algum filme ou jantar. Também tentamos arrastar ele para o bar mas o capitão não gostava disso tanto quanto nós.

Ontem a noite, quando eu não conseguia pegar no sono, bati em seu apartamento e sem nenhuma palavra trocada Andrew me pegou pela mão e dormimos juntos em seu quarto. E agora estou sentada na cama, simplesmente tentando entender QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO.

— Precisamos.. Está tudo bem? — Andrew apareceu na porta do quarto com o celular em mãos mas parou me encarando preocupado.

— Eu só..Storm, o que estamos fazendo?

Dessa vez a preocupação mudou pra confusão e suas sobrancelhas franzidas indicavam isso. Indiquei que ele se sentasse na ponta da cama e o analisei por uns segundos.

— Estamos fazendo o que? — Questionou cruzando os enormes braços que por um triz não me distraiu.

— Você e eu, o que está acontecendo? — Ajeitei as mangas do pijama decidida a arrancar uma boa resposta. — Dormimos juntos, e eu nem usufrui desse corpo e.. Merda, estamos casados!

Ele riu.

Uma gargalhada, que eu não ouvia muito, mas que sempre me trazia uma sensação quente no peito. Estive agindo como uma idiota cega! Merda, que diabos?

— Foguinho, você não tem filtro do seu cérebro até sua boca. — Falou descruzando os braços e se ajeitando na cama pra se sentar mais perto.

— Não! Mas você me conheceu assim, devia estar acostumado. — Ergui as duas sobrancelhas o desafiando a negar. — Andrew.. tem algo acontecendo e eu quero saber o que você quer.

— Por que?

Bufei, tentada a socar seu rosto bonito.

— Vou te explicar exatamente o por que não podemos continuar com isso.. — Comecei assistindo ele acenar em concentração. — Eu não sei, está muito cedo pra meu cérebro raciocinar.

— Primeiro: isso o que? Segundo: passou do meio dia, você dorme mais do que Gwen.

Dei de ombros, sem defesas. E agindo por um impulso tirei a coberta para o lado passando uma perna por cima dele, de forma que eu sentasse em seu colo confortavelmente.

E droga, não teve resistência nenhuma. O grandalhão, aquele grande Adônis, simplesmente escorregou uma das mãos para a minha coxa e apertou um lado da minha cintura permanecendo ali.

— Escute, eu não vou me casar. Nunca. Eu não gosto de crianças, odeio sentimentalismo e tenho completa certeza de que não durariamos uma semana mesmo se fosse sexo casual. — Falei, baixo, me sentindo nua a sua frente. Não importa o quanto tenha coragem, a sinceridade as vezes pode me matar. Com os olhos azuis intensos ficava mais difícil, acariciei seu rosto, sentindo a barba por fazer. — Se..

O aperto veio novamente, paralisando minha fala, dessa vez com as duas mãos.

— Tem certeza do que está falando? — A voz barítono saiu baixa, sensual demais pra que eu não desviasse imediatamente para os lábios dele. — É o que quer? — Demorei alguns segundos mas consegui distinguir o momento em que seu tom começou a sair mais raivoso. — Violet, eu não sou como os caras que você encontra no bar do Jay e depois nunca mais os vê.

— Eu não faço ideia do que você está querendo dizer... — Resmunguei defensivamente mesmo que eu soubesse sim do que falava.

Eu não estava transando, mas dando uns amassos inocentes sim. Foram poucos.

Talvez 14.

Mas mesmo assim, eu sou solteira, certo? Desde quando isso importa?

— Você não pensa que as pessoas podem ter um sentimento real e não, não faça essa cara como se eu estivesse criticando tudo apenas por que age exatamente como qualquer pessoa solteira. — Respirou fundo parecendo ter as palavras certas pra tudo exatamente hoje, e é o mesmo cara que esqueceu como se escrevia espaguete semana passada. — Você é irresponsável emocionalmente.

 — Dett, se isso for obra da sua mente perversa você é a pior melhor amiga do mundo mesmo após da morte.— Sussurrei olhando para o teto do quarto.

— Você pode..pelo menos uma vez na vida levar algo a sério?!

— Eu estou, juro que estou, só não estou entendendo aonde quer chegar com tudo isso.— Apontei para a mão dele ainda firme na mesma posição. 

— Quer realmente alguém que te dê uma boa noite, não alguém que possa te dar um bom dia? — Seus olhos realmente pareceram me perfurar, de modo ágil ele nos deitou ficando por cima sem fazer muito esforço aparente. — Alguém que te foda todos os dias, alguém que possa te satisfazer como e onde quiser, alguém que vai além de tudo te proteger e ficar mesmo quando souber que tudo que sente está escondido por trás dessa personalidade femme fatale, alguém que vai estar aqui quando você acordar e não saindo pela porta com os sapatos na mão pra não fazer barulho. — Segurou meus pulsos acima da cabeça com uma única mão, o rosto perigosamente perto.

— Andrew..— Minha voz falhou. 

Maldito seja, mal parecia ter o controle do meu próprio corpo!

— Diga o meu nome assim novamente e vou garantir que mais nenhum homem toque em você.

Engoli a seco sentindo um arrepio, segurei o sorriso mais vagabunda que poderia soltar nesse momento pra levantar uma das sobrancelhas pra ele, minha vontade de levantar a cabeça e morder seu lábio quase venceu mas eu apenas passei o nariz ao dele como um beijo skimó.

— Storm, o que diabos você quer de mim? 

— Summer, ainda não entendeu?— Um sorrisinho que praticamente poderia molhar qualquer calcinha surgiu e fiquei perto de falecer se não fossem suas próximas palavras piorando a situação; — Eu sou esse alguém

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⏰ Última atualização: Mar 07 ⏰

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