CAPÍTULO VI. VAMOS CONVERSAR

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CAPÍTULO VI. VAMOS CONVERSAR

Edmundo sentiu o frio consumir todo seu corpo no momento em que chegou nas escadarias do salão, alguns lobos que passavam por lá sentiram a angústia e sombras dançarem em volta do seu corpo e por isso ficaram em alerta para ajudar, Edmundo apenas negou em silêncio e começou a subir. Por já estar acostumado ele controlou a respiração, tentou limpar a mente e aos poucos foi sentindo a temperatura voltar ao normal, ele não poderia se dar ao luxo de perder a paciência e acabar machucando alguém inocente.

O Rei narniano caminhou pelas escadas e então seguiu caminho até a sala de astronomia, um dos seus lugares favoritos para observar o clima mas sem precisar sofrer com outras imagens a sua volta. Edmundo esperava limpar a mente ao abrir a porta daquele salão, ele esperava lidar com tudo isso sozinho e então fingir que estava tudo bem para não acabar machucando alguém que está a sua volta.

Sempre foi assim, Edmundo nunca conseguiu falar o que sentia, o que fazia sua mente sofrer e seu peito apertar a cada memória porque ele não queria preocupar ninguém, no fim iam tentar ajudá-lo sendo que não existe nada que eles possam fazer. Depois de trair seus irmãos e ajudar a feiticeira mesmo que estando enfeitiçado Edmundo se pôs em um destino solitário e amaldiçoado, ele não esperava isso mas não poderia fazer nada se sua punição era essa.

Ao caminhar pela enorme sala coberta por algumas estantes com livros marcando constelações, o teto de vidro para poder observar o céu que já estava ganhando a imagem mais escura e algumas estrelas, mapas abandonados em cima das mesas; Edmundo fechou os olhos e suspirou fundo, o frio não sumiu por completo mas melhorou e aquele caminho de gelo ao qual o acompanhava já não estava mais a vista, o rei fungou aliviado.

- Está tudo bem? - Edmundo deu um sobressalto ao ouvir a voz preocupada pelas suas costas, o rei se virou de uma vez com os olhos arregalados de surpresa mas tentou ficar neutro ao reconhecer os cabelos dourados de Pedro - você parece estar_

- Eu estou bem - Falou de uma vez querendo apagar qualquer ideia de uma saúde ruim para seu irmão.

- Não parece - Insistiu Pedro dando alguns passos a frente ainda com aquela expressão preocupada de irmão mais velho, Edmundo fez uma careta ao sentir aquele calor específico emanando dele.

- Já disse que minha saúde está bem - Edmundo teimou - aliás, não precisa mais vocês ficarem aqui por preocupação, eu já estou bem e vocês podem voltar.

Pedro sorriu divertido - Querendo se livrar da gente irmão?

Edmundo tentou sorrir mas a única coisa que saiu foi um leve levantar de lábios que sequer poderia ser considerado um sorriso, ele voltou a ficar sério e encarou a janela vendo algumas aves voando de um lado para o outro, memórias do que aconteceu antes voltaram a sua mente mesmo que involuntariamente e Edmundo fechou os olhos com força querendo apagar tudo isso, não agora, não quando Pedro está tão próximo.

- Você e Susana ainda tem que avaliar Caspian - Pedro voltou a falar vendo que não recebeu resposta nenhuma. Edmundo apenas bufou, ele já estava próximo de gritar "que se dane" para tudo e todos, por ele mesmo Caspian já estaria de voltar a Telmar em um piscar de olhos - Certeza que está bem?

- Eu já disse que sim - Edmundo exclamou um pouco alto demais, Pedro cerrou os olhos desconfiado fazendo o menor revirar os olhos - Eu só...acho que Caspian não é o homem certo para Susana.

- E por que não? - Seu irmão por sua vez cruzou os braços e descansou as costas na mesa, seus olhos analisando Edmundo tentando encontrar qualquer vestígio de fraqueza.

- Ele é...um ignorante - Edmundo engoliu em seco deixando a raiva falar mais alto, aquele maldito calor de Pedro fazia ele se sentir seguro o suficiente para falar - Tem aquele sorrisinho cínico, fala como se estivesse cortejando qualquer um com liberdade, ele é um libertino sem nenhuma vergonha, Susana não é para alguém tão...ridículo quanto ele.

I wanna be yoursOnde histórias criam vida. Descubra agora