Para mim, o coração tem significados diversos. Muitos pensam nele como o músculo que nos mantém vivos, enquanto outros o veem como o símbolo do amor. No entanto, além desse belo sentimento, o coração representa muito mais para mim: força, verdade, j...
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Quando acordei já era bem tarde. A casa é bem grande e as meninas ficaram comigo no meu quarto, Adam ficou com a Natasha e o Romolo em outro. Termino de me arrumar e desço as escadas indo até a cozinha e encontro vovó na cozinha.
— Bom dia, Abuela! — lhe dou um beijo no rosto e ela sorri.
— Buenos dia, mi amor
— Como a senhora está?
— Estou bem e dormiu bem?
— Sim, parece que não dormia há décadas — ela sorri. — Cadê a mama?
— Saiu com as meninas, foram comprar as coisas para se alegrarem.
— Isso foi a Jully que disse, né?
— Ela mesma! Agora pegue um pedaço de bolo que farei um chá para você.
— Obrigada vovó!
— Seu namorado está na varanda, parece que ele amou o lugar.
— E o Adam? — Nem sei o porquê perguntei.
— Esse ainda não desceu e pelo jeito a noite rendeu.
— Vovó! — digo perplexa.
— O quê? Vocês são jovens e cheios de... força de viver, você quer o quê? — faço um gesto positivo com a cabeça para ela, sem acreditar naquilo.
Pego o pedaço de bolo e um pouco de café mesmo, não sou fã, mas depois do que ouvi é do que preciso.
— Melhor eu ir tomar meu café e achar o meu namorado, porque essa "força de viver" me deixou abalada — pego tudo e saio da cozinha ouvindo ela rir.
Vou caminhando até a varanda e antes de chegar o vejo pelas portas duplas sentado numa cadeira de balanço, mexendo no celular. Me aproximo deixando o bolo e o café na mesinha ao lado, quando percebe a minha presença guarda o celular e sorri, ele se levanta e o abraço lhe dando um selinho.
— Bom dia!
— Bom dia, como dormiu?
— Bem e você!
— Acho que alguma coisa tinha sonífero, porque apaguei.
— Minha mãe sempre faz isso — digo e o sorriso some de seu rosto. — É brincadeira, Romolo.
— Achei que a minha sogra não tinha ido com a minha cara.
— Elas te amaram, você viu como te paparicaram ontem? — antes que ele possa dizer, vovó se aproxima com uma bandeja nas mãos onde tem salada de frutas, bolo, chá, café, suco e outras coisas.
— Aqui, crianças, tomem um café decente porque o almoço irá demorar hoje — Romolo me solta e caminhamos até a mesa que há na varanda e nos sentamos.
— Fiz algo especial para você filho, espero que goste. Vou buscar — ela sai antes que ele possa dizer algo.
— Eu não disse que te amaram!
— Isso sim que é um café, tem até pãozinho.
— Esse pão é diferente e você vai entender quando comê-lo, tenho certeza que ela vai te trazer um expresso. Apesar que já foi para Cuba e sabe como é a comida de lá — assim que falo vovó se aproxima e lhe entrega uma xícara.
— Obrigado senhora.
— Pode me chamar de vovó se preferir, eu irei amar — ela diz e ele sorri.
— Vou voltar para a cozinha.
— Depois irei lhe ajudar vovó — digo e ela faz um carinho em meu rosto e entra na casa.
— Experimenta! — falo para ele que toma o expresso e me olha com os olhos arregalados.
— Isso é uma delícia!
— Sim, bem diferente do que estamos acostumados — digo e ele toma novamente fechando os olhos.
— Realmente isso é uma delícia.
— Os cubanos são apaixonados pelo café. De manhã, uma xícara é indispensável. Eles bebem o famoso expresso cubano, que se diferencia do tradicional italiano por levar açúcar durante a infusão e não depois. Quem prova diz que o resultado é uma bebida mais doce e deliciosa que já provou. O que estou falando, você já conhece e ficarei quietinha para tomar seu café.
— Disso eu não tenho o que discordar. Mas não pare, pode continuar falando! Gosto de te ouvir falar sobre sua origem — sorrio.
— Outra mistura muito consumida pelo povo cubano é o café com leite. E, para acompanhar, tem o pão cubano com manteiga tostada, esse que a vovó trouxe. Lá também existe o hábito de molhá-lo na bebida e comer. Fica uma delícia!
— Sério?
— Sim, experimenta — pego um pedaço o entregando e ele faz, quando coloca o pedaço na boca solta um gemido rouco de satisfação com os olhos fechados.
— E aí?
— Uau! Realmente isso é uma delícia. Nunca havia feito isso na minha vida — sorrio por saber que estamos fazendo memórias incríveis.
— Sabe, fico pensando sobre os filhos que teremos um dia — fico olhando para ele sem acreditar no que ele está dizendo.
— É sério?
— Sim, por quê? Quero ter uma família com você e morrer bem velhinho ao seu lado, mas antes quero um lugar assim para vivermos — ele faz um carinho em meu rosto. — Sabe de uma coisa, Lunna, eu realmente viveria aquele momento outra vez. Estaria naquela rua e naquela chuva várias e várias vezes, deixaria você trombar em mim novamente quantas vezes quisesse, apenas para estar com você. Eu realmente te amo e não consigo mais ver a minha vida sem você — sorrio e me inclino um pouco para beijá-lo.
Eu realmente estou me apaixonando por ele a cada dia. Nos afastamos quando escutamos um pigarrear e olho para o lado vendo Adam de mãos dadas com a Natasha, eles se aproximam e se sentam, Adam pega algumas coisas da bandeja e começa a comer. Romolo o olha e sabe que algumas atitudes que o Adam está tomando, o deixa irritado. Ele está parecendo uma criança birrenta que perdeu o brinquedo, vendo o amiguinho com ele e não podendo tomar.
O nosso almoço foi muito legal, regado de risadas, conversas animadas e minha mãe contando as minhas peripécias de quando eu era criança. Romolo me pediu em namoro novamente e agora com a bênção delas, sendo que elas já sabiam que ele havia me pedido e acharam fofo a consideração dele por elas. Já a noite todos saímos para ir em uma balada e foi super divertido ensinar as meninas a dançar música cubana. Natasha e Adam pareciam estar quase engolindo o outro na pista de dança, Romolo como sempre um cavalheiro e dançou super bem, tentei aproveitar cada segundo, pois ele estaria indo embora de manhã.
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Passamos um final de semana gostoso com a minha mãe e a vovó. Elas ficaram encantadas com Romolo e foi bem legal! Mamãe até disse querer netos, fiquei muito envergonhada e Romolo disse que em alguns anos ela teria os netos para mimar. A senhora Salinas apareceu e conheceu todo mundo, menos o Adam que havia ido embora com Natasha. Foi incrível passar alguns dias com o Romolo e precisava mais do que nunca conversar com ele e contar os meus temores e traumas, mas eu não sabia como fazer isso e estava sendo cada vez mais angustiante.
