Capítulo 1 - MY FIRST SUMMER

210 21 1
                                    

    Eu senti como se estivesse estado lá minha vida
    inteira.
    Cheia de cobertores amarelos, como um bebê.
    Enrolada bem apertado.
    Eu estava afundando mais e mais.
    E quando eu estava quase sem fôlego,
    Algo me puxou para fora.

    Algo nas árvores.

    Uma luz.
    Um brilho.

    Nos confins de uma propriedade remota, onde as árvores altas se inclinava como sentinelas silenciosas, uma jovem desolada corria descalça. Suas lágrimas pesadas misturavam-se com as gotas que a encharcava dos pés à cabeça, a deixando em total desalinho. Seus soluços angustiantes eram abafados pelo tamborilar do vento entre as folhas das árvores. Seu coração pulsava tão intensamente que parecia prestes a rasgar-lhe o peito, e se ele se rompesse a qualquer momento, ela provavelmente nem perceberia. A cada passo que a garota dava, era como uma fuga da dor que a atormentava, um esforço para encontrar ar em meio àquela angustia.

MY  FIRST SUMMER

    Finalmente, ela chegou à modesta casa que se erguia em meio ao cenário abandonado. Como um animal acuado, ela se escondeu debaixo da mesa de madeira, um abrigo improvisado que lhe ofereceu um momento de paz em meio ao caos interno que a consumia. A jovem lutava para conter o pranto, seus ombros tremiam sob os soluços, seus cabelos loiros, uma vez encharcados, agora exibiam uma tonalidade dourada conforme secavam, delicadamente iluminados pelos raios de luz que esgueiravam pelas janelas. Ali, encolhida sob uma mesa de madeira desgastada e envolvida por um pano fino que delineava sua silhueta, seus olhos vermelhos e inchados mostravam a batalha interna que ela travava. Abraçada aos seus joelhos dobrados, como se tentasse juntar os fragmentos dispersos à sua volta, mas estavam tão distantes que pareciam inalcançáveis.
    Enquanto as lágrimas ainda cintilavam em seus olhos, um suave arrastar de patas rompeu o silêncio. Um choramingo familiar ecoou pelo recinto, e a cadela de estimação emergiu das sombras, sua pelagem escura salpicada de pelos brancos, vestígios da passagem do tempo. Com cautela, Tilly se aproximou do confinamento improvisado, encontrando a jovem com um olhar suplicante. Naquele momento, a cadela tornou-se um porto seguro, e as emoções fluíram entre elas em silêncio. Enquanto o animal se acomodava nos braços do jovem, as lágrimas aumentavam.
    O som fraco, quase imperceptível, do estômago vazio de Tilly encheu os ouvidos da garota, oferecendo um breve alívio à dor que ardia em seu peito. Enquanto suas próprias lágrimas estavam contidas com dificuldade, a atenção dela foi redirecionada por aquele ruído que lhe era familiar. Afastando-se com calma, seus olhos pousaram no animal e, com um suspiro fraco, ela murmurou: – Tem alguém com fome?
    Movendo-se em direção à cozinha, a jovem começou a cortar legumes em cubos precisos. Os pedaços coloridos se amontoaram em um recipiente, uma oferta humilde de alívio para a cadela que a observava com olhos atentos. Com a refeição pronta, ela retornou à pia, deixando a torneira fluir. Enquanto a água corria, as lembranças também eram carregadas pelo som sereno, ao menos por um breve momento, um lembrete constante de seus pensamentos distantes. Seus olhos vagaram até o interior da pia, e foi então que ela vislumbrou um pedaço de pano amarelo, flutuando na água límpida, o objeto insignificante prendeu sua atenção de forma magnética. Um grito silencioso reverberou dentro dela, enquanto lembranças turbulentas dançavam diante de seus olhos. Um instante congelado no tempo. O vestido da mãe, como uma chama apagada pelas águas turvas da represa, pairou em seus pensamentos, lembrando-a da perda que a perseguiria eternamente. A tristeza que momentaneamente havia sido contida, ressurgiu, e a jovem se viu novamente naquele momento, no limite entre o que foi e o que ainda era.

My First SummerOnde histórias criam vida. Descubra agora