Capítulo 4 - Reencontro

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    O ambiente estava silencioso, apenas o suave ranger das cordas quebrava o silêncio

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    O ambiente estava silencioso, apenas o suave ranger das cordas quebrava o silêncio. Retornando ao balanço, as jovens, duas desconhecidas que partilhavam a mesma expressão no olhar pareciam não saber como iniciar uma conversa.
    – Então... – Murmurou a intrusa, balançando-se, enquanto a garota loira a observava com atenção. A pergunta inesperada pairou no ar: – Qual o seu nome?
    – Claudia. – Respondeu simplesmente, com sua voz macia e predominantemente grave.
Um sorriso suave de aprovação atravessou o rosto da garota, e ela se apresentou de forma doce: – Me chamo Grace.
    No entanto, os olhos azuis de Claudia se mostravam distantes, como se ela estivesse mergulhada em pensamentos, algo que era frequente para ela. A outra garota retomou seu balançar suave, mas logo foi interompida por Claudia que segurou a corda do balanço, chamando sua atenção com uma pergunta peculiar que surgiu espontaneamente.
    – Como se chama os outros dedos?
    A curiosidade por trás dessa simples dúvida fez com que Grace arqueasse as sobrancelhas em surpresa.
    – O quê? – Indagou confusa.
    Como alguém poderia não saber algo tão básico? Poderia ser uma mera brincadeira? Talvez, mas Claudia certamente não a encararia com um olhar tão sincero. Diante a confusão estampada no rosto da garota à sua frente, Claudia iniciou uma explicação visual.
    – Se esse se chama mindinho, como se chama os outros? – Sua expressão enquanto falava lembrava a de uma criança curiosa.
    – Não é isso. É só que. – Murmurou ela, fazendo uma breve pausa para analisar suas palavras cuidadosamente antes de continuar. – É chamado assim. – Prosseguiu, erguendo e abaixando um dedo em demonstração. Ela olhou para a própria mão enquanto explicava. – E todos os outros têm nomes diferentes. – Grace estendeu seus demais dedos, mantendo-os erguidos para que a loira conseguisse visualizar o que estava sendo dito ali; no entanto, ela ainda parecia perdida na explicação. – Você sabe os nomes, né?
    – Primeiro, segundo, terceiro... – Sua resposta veio de forma ágil e confiante, como se ela dominasse aquele conhecimento desde o seu nascimento. Mas Grace foi ainda mais rápida ao interrompe-la com uma reprovação nasalada, balançava a cabeça quase que instintivamente para reafirmar sua negação.
    Ela ergueu um dedo de cada vez e continuou calmamente.
    – Mindinho. Anelar. Rude.
Enquanto ela acompanhava os movimentos suaves com a própria mão, a curiosidade brilhou em seus olhos a fazendo parar a explicação sem nenhum constrangimento.
    – Por que rude? – Questionou, elevando o dedo médio em direção à jovem, sem se dar conta do gesto obsceno que estava fazendo, algo que ela claramente não compreendia. Entretanto, Grace sorriu divertida e cobriu o dedo da garota rapidamente com sua mão, evitando maiores constrangimentos.
    – Não.
    Ela parecia achar graça naquela situação, diferentemente da loira que se retraiu recolhendo para si, como se aquilo tivesse a ofendido: – O quê? – Retrucou.
    – Só não faça isso. – Murmurou Grace com um leve sorriso, mas notando a persistente confusão da garota, decidiu exemplificar. – É como dizer algo maldoso, mas com o dedo. Finalmente, a compreensão iluminou o rosto de Claudia, fazendo a jovem se sentir satisfeita por tê-la ajudado a entender.
    – Você quer sentar ao meu lado? – Perguntou Grace ternamente enquanto convidava Claudia para juntar-se a ela no banco do balanço. Ela acariciou o assento enquanto seus olhos brilhavam.
    Claudia hesitou momentaneamente antes de aceitar e sentar-se ao lado dela. Mantendo uma distância discreta como se houvesse ainda resquícios de cautela. Grace não pôde deixar de notá-la, contudo um sorriso gentil curvava seus lábios. Talvez Claudia ainda estivesse apreensiva - essa dúvida persistia na mente de Grace.
    Sob a sombra generosa das árvores, onde a luz diurna mal conseguia transpor as densas folhagens, os fios loiros de Claudia e os cabelos castanhos e longos de Grace ganhavam vida, uma tênue cintilação que fluía entre seus pensamentos confusos.
    – Posso vir te visitar algum dia? – A pergunta repentina fez com que os olhos da loira se arregalassem.
    – Ninguém pode saber sobre mim. Se descobrirem, me levarão embora. – Murmurou assustada, seus maiores medos vindo à tona.
Porém, a outra jovem parecia ter uma resposta pronta: – Não vou contar a ninguém. – Sussurrou com confiança. – Pode ser nosso segredo. – Um olhar sincero foi trocado entre as duas e um silêncio tranquilo encheu o espaço ao redor delas. Claudia abaixou a cabeça por um momento, como se ponderasse sobre a proposta, e então ela recapitulou propondo algo de forma peculiar.
    – Promete de fura-bolo? – Ela estendeu o dedo indicador, um gesto inesperado que fez Grace sorrir graciosamente, balançando levemente a cabela.
    A intrusa estendeu sua mão em direção a Claudia e murmurou suavemente: – Prometo de fura-bolo.
    Seus dedos se entrelaçaram, encurtando ainda mais a distância entre elas. Naquele momento, um laço genuíno foi criado; uma promessa selada sob o céu aberto com olhares inocentes e toques verdadeiros.

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