*tocando "Garoto Errado" de fundo*

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Coisinha Preciosa do meu coração, a gente vai se atrasar.

— Eu sei disso, Amor da minha vida. — rebateu, olhando-o com irritação pelo reflexo do espelho — E eu disse que eu já estou indo.

     Puxou o comprimento do cabelo para trás pela milésima vez. De novo, a parte de cima do rabo-de-cavalo ficou toda desigual. Grunhiu.

— Por que você não deixa ele solto? Você fica lindo assim.

     "ELE ME ACHA BONITO ASSIM ELE ME ACHA BONITO ASSIM ELE ME ACHA BONITO ASSIM-"

— Porque eu fico estranho de cabelo solto. — tentou refazer o penteado mais uma vez, as mãos tremendo — Não lembra o quanto me enchiam o saco na escola? E eu nem deixava ele completamente solto.

— Aqueles merdas devem estar calvos agora. Era inveja, .

     Apertou os lábios. Largou o cabelo, fuzilando-o com o olhar, como se o ato fosse arruma-lo como queria.

     Dedos desajeitados puxaram seus fios. Gelou.

— Deixa que eu faço, Bebê.

     Engoliu em seco. Ajeitou a postura.

     Dentro de um minuto, Feng Xin terminou um rabo-de-cavalo perfeito. Arregalou os olhos.

— Que bruxaria você fez?

     Recebeu um sorriso orgulhoso e uma risada convencida.

— Um homem apaixonado pode fazer qualquer coisa, .

— Até passar protetor solar e hidratante todos os dias?

— ... Tudo tem limite, porra.

...

— Vai uma coquinha gelada, meninos? — ofereceu Feng Hui, sorridente.

— ... Tem um frigobar no carro?

— Pois é, A-Qing. São os Xie. — suspirou — Com gelo ou sem gelo?

— ... Com, por favor.

     Conforme bebiam e conversavam, o hotel e as árvores ficavam para trás. Dentro de quinze minutos, adentraram a cidade.

     Primeiro, passaram pela "parte humilde": casas sem reboco ou pintura, estrada de terra, roupas penduradas por toda parte, crianças de chinelo jogando bola. O próximo gole de refrigerante desceu ardendo.

     Logo, chegaram na parte comercial (e rica) do lugar. Não era nenhuma cidade grande, mas também não era nada simples. As ruas tinham o asfalto recém-pavimentado, flores ao redor. As casas pareciam ter saído de algum filme europeu dos anos noventa, com telhados altos e detalhes em madeira escura e paredes de cores claras. Haviam poucos carros. As praças eram amplas, o chão recheado de padrões complicados de pedra portuguesa. Tudo isso com o mar e a praia bem do lado, o som das ondas quebrando ao fundo.

     O "ponto de encontro" era a praça principal. A pedra portuguesa era vermelha e branca, as flores multicoloridas em canteiros. Havia uma mureta branca e baixa separando a civilização da areia. Os convidados dos Xie que já chegaram tiravam zilhõs de fotos com um ser de cabelo rosa.

— Mais p'ra direita- isso. Agora- segura a tua esposa direito! Nossa. O romance morreu. Cadê os papéis de divórcio?

— ... Os Xie que contrataram esse cara?

Tecnicamente, sim. — Feng Hui pareceu realmente segurar a risada — Eles deixaram nas mãos do hotel, já que ele tem experiência com esse tipo de coisa. Os Xie amaram as fotos do portfólio dele, mas não sabiam como ele trabalhava.

Finge Que (NÃO) QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora