ALERTA: DOMESTICIDADE À FRENTE!!

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— Eu não posso ter nem uma dicazinha de nada?

— Não, não pode. - revirou os olhos, afrouxando a gravata — Estraga a surpresa.

! - resmungou — É só uma prova de terno! Eu quero te ver!

— Você vai me ver. — sorriu ladino, mesmo que estivesse fora da visão do namorado — Depois de amanhã, na festa.

— Você me maltrata.

— Você gosta.

     Teve que segurar a risada ao ouvir o castanho resmungar e xingar mais um pouco. Devolveu o terno escolhido ao funcionário e retirou-se do provador.

     (A verdade é que Mu Qing não saberia lidar com o olhar atento do namorado sobre si, julgando a peça em seu corpo. Seria demais para o seu coração. Aquela noite já estava sentimental e intensa por demais.)

     Uma mão lhe foi oferecida. Tímido, tomou-a, e deixou-se guiar até seus sogros.

     A cara de choro de Feng Hui atenuou-se o suficiente para ser vista em público. Ela estava conversando animadamente com seu esposo, que olhava para ela como se a mulher fosse a criatura mais preciosa do mundo.

     "... Será que o Feng Xin olharia para a pessoa que ele ama desse jeito?"

— Mãe, manda o seu genro me dar uma dica da roupa dele p'ra festa da última noite?

— Não posso, A-Xin. Só a mãe dele tem esse poder.

— Pois agora eu vou ligar p'ra Tia Mu. — sentou-se com um pouco de drama demais, sacando o celular.

— Ela vai ficar do meu lado, Amor. — cantarolou — Eu to no coração dela há mais tempo.

— Você roubou o coração da minha mãe em quatro dias. — levantou uma sobrancelha, o número já discado — Eu tive ao menos dez anos.

— Grande. Coisa. — revirou os olhos — Ela não é enganada por um rostinho bonito qualquer.

— Eu ia brigar, mas você disse que eu tenho um rostinho bonito. Então, desta vez passa, .

     Abriu a boca, indignado, bem quando sua mãe enfim atendeu o telefone.

— Posso bater nele, Mamãe?

— A-Xin? A-Qing?

— Tia Mu, o lindíssimo fruto do seu ventre aqui não quer me deixar ver a roupa que ele vai na festa depois de amanhã. — reclamou, fazendo biquinho — Manda ele me mostrar?

     A expressão perdida da morena foi deveras engraçada.

Oi?

— Ignora ele, Mamãe. — revirou os olhos e tomou o aparelho da mão alheia — O Feng Xin só 'tá querendo me encher.

— Eu to curioso, porra! E devolve isso! — tentou recuperar o celular, mas o platinado esticou-se.

— Viu? Enchessão de saco. Ignora.

— Coisinha Preciosa, devolva a minha possessão material. — esticou-se mais, agora em cima do namorado.

     O platinado deu uma risadinha maldosa, ainda com o celular alheio fora do alcance dele. Daquele jeito, os dois quase caíram para fora do sofá da recepção.

— Mas tudo que é seu é meu também, A-Xin.

— Mas eu ainda preciso de um celular na minha mão p'ra sobreviver nesse mundo capitalista de merda.

Finge Que (NÃO) QuerOnde histórias criam vida. Descubra agora