2. Eu carbonizei um pão_Charlotte ✅️

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Eu carbonizei um pão

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Eu carbonizei um pão. Virou cinzas. Evaporou.


Essa foi a décima oitava tentativa de fazer a massa crescer por inteiro, ter aquela dourada casquinha macia por cima que tanto queria. E eu falhei, outra vez! Faço caretas na frente do forno. Horrível, ficou horrível! Não posso deixar minha mãe ver esse desastre; quem dirá meu pai!

Com luvas de pano retiro rapidamente o pão de dentro do forno, uma fumaça fedida bate no meu rosto, desvio do balcão para fora da cozinha. Pro lixo! Você vai para o lixo! Penso.

- Charlotte, os clientes.

- Já estou indo! - respondo, fugindo da vista da minha mãe. Em poucos corredores dou uma corridinha e empurro a porta do quintal com meu ombro. Tento uma tramoia para abrir a tampa da lixeira de barro, despejo as cinzas do meu falecido experimento, faíscas de cinzas soltam para fora me fazendo fechar a tampa com tudo.

Adeus, Richard décimo oitavo.


Fecho meus olhos, planejando meu discurso de pêsames a ele. Um homicídio prematuro. Tentei recriar uma receita diferente em que pudesse surpreender meus pais, não sei ao certo se segui as etapas como estavam no livro de receitas da minha mãe, mas agora tenho certeza que não deveria fazer uma segunda tentativa.

Acho que isso não seja para mim, acho que não estou ao nível do meu pai. Porcaria, eles não podem descobrir que fiz isso.

⊱─⊶𖡹⊷─⊰

É uma repetição. Repito o processo de colocar os adesivos ovais nas embalagens dos pães menores, ou como dizemos na região: Coxa de morena.

O nome pode parecer estranho para estrangeiros, até soar desrespeitoso. Porém, é bem simples até. Os pães desse tipo são macios, massageados com uma técnica especial que nem eu poderia saber, macios como coxas. Eles são torradinhos por cima, e então, torradinhos como uma morena. Tam-dam! Coxas de morena!

- Onde está a massa que reservei há horas atrás? Lembro de não tê-la usado - meu pai murmura, fuxicando todos os cantos do bar aos fundos.

Oh. Richard décimo oitavo... Penso

- Você vive perdendo as coisas. É um recorde ter a proeza de perder uma massa de pão - mamãe comenta.

- Minha paciência é oque falta para perder. E não está muito longe!

Mamãe ri um pouco. Logo mais e mais clientes chegam. Continuo no processo de adesivar as coxas de morena repetidamente. A padaria se enche em instantes, oque significa que preciso me apressar.

Nós três, a família Gunhild, trabalhamos na padaria no primeiro andar de nossa casa. Já fazem anos que nosso talento - talento de meus pais - é reconhecido na região da nossa pequena vila, Seley, em Eudora. Todos os dias, as pessoas passam por aqui inalando o aroma de pão fresco e criando sorrisos satisfatórios.

 𝐾𝐻𝐴𝐿𝑌𝐴 O Jogo Das Três Rainhas✅️Onde histórias criam vida. Descubra agora