"Eu não tenho o menor interesse em você, Joo Jaekyung."
Jaekyung não sabia o que fazer, após acabar de terminar um relacionamento e ser aceito em uma renomada universidade, se envolve com Kim Dan em uma festa de fraternidade. Aqueles olhos castanhos...
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Jaekyung encarava a tela do celular, inquieto sobre as opções que teria. Não era uma boa escolha agir sem pensar, nunca morou sozinho e escolher um apartamento na cidade era uma atitude que deveria ser tomada com cuidado. As opções eram boas, mas tinha de visitar os apartamentos, querendo algo não tão longe da universidade. Distraiu-se por um momento, odiava o grupo de mensagens do time, ainda mais com eles incluindo Heesung. Ainda não havia contado que se mudaria, não queria uma foto naquele mural, não quando a do Choi nunca foi retirada de lá. Suspirou, pensava mais uma vez que nada era fácil, mas morar sozinho parecia ser a melhor alternativa. Não conseguiria dormir naquele quarto quando pensava em como Dan foi violentado lá. Franziu o cenho, erguendo o rosto, encarando o prédio de medicina. Gostaria de ter pedido para que ele não fosse para as aulas, depois de ter contado e revivido aquelas memórias, tudo o que desejava era ficar ao lado dele no dormitório, mostrando que estava tudo bem. Desejava dizer que aquilo não mudava nada, mas mudava. Tinha medo de tocá-lo e acabar o lembrando de coisas ruins. Olhou para a calçada, surpreso de ver Kiseok ali. A única pessoa da fraternidade em que havia ligado depois que soube de tudo. Aquela conversa não seria agradável, tanto que o moreno voltou a encarar a entrada do prédio.
— Eu não tinha direito de contar, sabe? É algo que ele tinha de fazer quando sentisse que confiava em você.
— Você sabia de tudo. — Essa era a questão, Kiseok era um dos poucos que não ignorava aquilo, e que não culpava Dan. — Como posso continuar lá depois de tudo?
— Pensei em sair. Mas, do que adiantava? — Cruzou os braços, olhando na mesma direção — Tentei ajudar. Mas, é difícil. Alguém preso em um relacionamento abusivo é como tentar arrancar alguém da água, antes que se afogue. Porém, essa pessoa já está fundo demais, sem esperança. Dan me mandou ficar longe, e não sobrou muito o que poderia ter feito. — Ajeitou a mochila no colo, suspirando alto — Mas eu sabia quando acontecia. Ele tinha aquele olhar vazio, eu cheguei a visitá-lo no hospital. A culpa também é minha, não nego isso.
— Se sabe de tudo, por qual motivo continua lá?
— Para fazer melhor da próxima vez.
Jaekyung o encarou, sem entender.
— Sair de lá muda o que eu não fiz? As pessoas que violentaram Kim Dan foram expulsas "discretamente", restou apenas Heesung. E esse é o maior problema — Kiseok falava — Sou veterano, é meu dever impedir que coisas assim aconteçam de novo. Devo isso ao Dan.
— Acha que posso o deixar livre de Heesung?
— É um trauma que ele sempre vai carregar, Joo. — Afirmava, rindo fraco ao passar a mão na nuca, pensando um pouco antes de falar — Dan estará nas mãos de Heesung enquanto aqueles vídeos existirem. Não saia de lá, ao menos que ache isso, e aí você decide se apagará ou se usará isso contra Heesung.
— Chantagear um chantageador?
— Não dá para jogar justo com Heesung. — Kiseok observou o prédio, os alunos saindo prontos para almoçarem. — As férias de meio de ano começam essa semana, quer meu conselho? Avalie o que quer, viaje um pouco. Longe de Heesung, da fraternidade. — Riu, se levantando ao acenar para o moreno antes de seguir seu caminho. Jaekyung pensou nisso, sem chance viajar quando sabia que deixar Dan sozinho era arriscado. Respirou profundamente, olhando entre tantas pessoas a imagem de Dan em um moletom mais escuro, arqueando as sobrancelhas em surpresa e aquele sorriso aberto, tão adorável, apressando os passos até si. O abraçou de volta, sentindo os selares de Dan. Como se tudo parecesse bem, acariciou a cintura, dando-se um momento a apreciar o rosto delicado.
