"Eu não tenho o menor interesse em você, Joo Jaekyung."
Jaekyung não sabia o que fazer, após acabar de terminar um relacionamento e ser aceito em uma renomada universidade, se envolve com Kim Dan em uma festa de fraternidade. Aqueles olhos castanhos...
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Dan compreendia, de sua maneira, que acabar com aquele tormento seria algo complicado. Não esperava receber alguém no apartamento, sabia que Jaekyung era teimoso, persistente demais. Apenas não levou a sério que tivesse mesmo convencido de Daehyun a vir, silenciosamente ponderava sobre o que falar ou fazer. Era um campo minado, qualquer passo poderia ser o auge de uma queda e qualquer perda seria uma munição nas mãos de Choi Heesung. Não mudava o fato de o silêncio naquela sala ser intimidante. Daehyun ainda encarava as xícaras de chá, a atmosfera que pesava cada vez mais. A ironia daquilo era que tinham muito o que falar, e mesmo assim, o silêncio era inevitável.
Como se o diálogo já tivesse se iniciado há tempos, apenas não tinha sido organizado em palavras.
— Meu irmão não vai se envolver nisso de novo. — Daehyun foi o primeiro a falar, não era tão simples iniciar aquela conversa e Dan estava ciente disso. — Jaekyung me convenceu a vir, mas isso não quer dizer nada.
— Então, sabe que ele falou com a diretoria? Sobre Heesung. — Dan nunca foi bom em falar, mas era necessário. Não apenas por si mesmo. Olhando Daehyun, sabia que talvez Jaekyung não entendesse o peso que conversas assim teriam, ainda era alguém "de fora" de tudo aquilo. Quase era engraçado lembrar de quando o moreno descobriu sobre o Host Club, e como o patinador ironicamente pensava "Ele não entende, nunca precisou trabalhar duro". Era a mesma questão. Joo Jaekyung não sentia na pele o que era estar nas mãos de Choi Heesung, e talvez não entendesse Daehyun no drama de "Seu namorado quase quebrou o pescoço do meu irmão". Dan entendia e aceitava isso.
— Sei que o testemunho do seu irmão me ajudaria. Mas, não é essa a questão.
— Não?
Dan o olhou, não era como se tivessem sido melhores amigos no passado. Agora eram nada além de dois estranhos em uma sala de estar, com xícaras de chá intocadas. Não existia como negar a necessidade de colocar as cartas na mesa, de esclarecer o que poderia ser uma dúvida razoável. A dúvida, o que as pessoas desconhecem, era isso que gerava medo e esse medo sai de diversas formas, raiva era uma delas. Por isso, nunca sentiu rancor da raiva de Daehyun, de alguma forma, via isso como sinceridade.
— Tudo precisa de um desfecho. Sei que me odeia.
— É, meu irmão quase quebrou o pescoço por sua causa.
— Foi um acidente.
Daehyun desviou o olhar, se negando a tomar o chá.
— Já escutei isso milhares de vezes, Daehun nem quis prestar uma queixa e falava coisas sem sentido. Sinto muito pelo que aconteceu com você. Mas meu irmão não vai se envolver nisso, não importa o que ele fale...
Mas essa não era a questão para a conversa, Dan sorriu fraco.
— Ele não era um deles. — Dan o interrompeu, pensando pela primeira vez se era por isso todo o medo do atleta. Culpava-se por não ter refletido sobre isso na época, era ainda mais evidente que a cisma de Daehyun não era puramente sobre o acidente, mas sim, o que existia em torno dos rumores. Ajeitando-se na poltrona, pensou se o fato de Daehyun ter falado tanto "Dan é uma pessoa horrível" tinha outras razões, e tinha. Mesmo que não fosse agradável concluir, não julgava. Era um irmão mais velho, talvez com medo de descobrir que o mais novo era um abusador como os amigos de Heesung. A dúvida era lâmina afiada, que abria feridas ainda mais profundas. — O medo distancia as pessoas, causa raiva, desprezo. Ele soube fazer isso muito bem.
