Eu salvei você.

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Os estudos não levavam a lugar nenhum, minha cabeça estava cheia o que me alegrava era passar as tardes na estufa com Douma e nossas noites que ficavam cada vez melhores.

Douma voltou com um vaso decorativo de sua última reunião, ficava em seu quarto. Ele me fazia sentir calafrios, como se meu coração fosse parar de bater.

As mulheres do culto estavam começando a chegar.

Eu estava sentada desta vez estava em meu quarto, não gostava de ficar sozinha no quarto de Douma desde a chegada daquele vaso.

O vento soprava pela janela, a noite estava fria mas a lua estava cheia e iluminava bem.

Douma disse que hoje o culto será apenas para as mais fiéis, ele disse que são as moças mais bonitas da aldeia aqui perto e enfatizou que elas nunca chegariam na raridade da minha beleza.

Olhei pela fresta da porta, eram realmente mulheres magníficas, Douma já estava lá dentro.

Ele sempre diz que eu deveria participar de algum culto, que eu sou a deusa deste templo, acho que ele ficaria feliz se eu me juntar.

Fiquei andando de um lado para o outro por um bom tempo, pensando se deveria participar mesmo.

Tomei coragem e abri a porta do quarto, fui caminhando devagar até a porta do culto, respirei fundo e abri devagarinho.

Um estalo, meu coração acelerou, eu não conseguia respirar, essa presença. Eu estava tremendo, mas não movia um músculo, o ar parecia estar se esgotando.

- Ah borboleta - Douma suspirou - Você deixou tudo mais difícil a partir de agora.

As mulheres do culto, estavam mortas, esquartejadas, Douma virou para mim e ele estava com a boca suja de sangue e seus olhos estavam me olhando diferente.

Aquele Oni não era o Douma por quem eu me apaixonei.

Eu queria sair dali, mas eu não me mexia, estava agarrada ao portal da porta, estava tentando controlar a minha respiração mas era muito difícil.

Fugir era inútil, ele era a lua superior 2, não tenho chances nenhuma aqui, ainda mais porque estou desarmada.

- O..o que aconteceu? - Perguntei já sabendo a resposta.

- Eternizei a beleza dela e é claro melhorei a minha - Ele disse sorrindo.

- É assim que vai eternizar a minha? - Perguntei

- Jamais, você será imortalizada, uma Oni perfeita - Ele respondeu. - Ora borboleta vamos para o quarto.

Ele passou por mim e eu ainda não conseguia me mexer havia usado toda energia que junto para fazer estas perguntas.

Eu preciso fugir, mas como?

- Me prepara um banho? - Perguntei. - Trouxe pétalas das flores da estufa gostaria de colocar na banheira.

Me virei para olhá-lo e ainda sim com a boca suja de sangue ele respondeu e ali ele já era o Douma que me conquistou.

- Pode deixar. Tudo que a minha deusa quiser - Ele disse e foi para o quarto dele.

Soltei a respiração e corri para o meu quarto. Fechei a porta, e as janelas ainda estavam abertas, nunca havia reparado, davam para uma colina.

Eu estava sob algum feitiço não pode ser, como ele me deixava ficar sozinha aqui, eu poderia ter ido embora a muito tempo, mas ele tinha essa alto confiança de que eu ia ficar.

Sem pensar duas vezes pulei a janela, e corri em direção as árvores, não olhei para trás, eu apenas corri, eu estava chorando, me partia o coração, estava lembrando de tudo que ele havia me falado. Ele estava me preparando para ficar mais saborosa, para atingir o auge da beleza e me devorar.

Ah Mitsuha como pode ser tão burra.

Eu já estava conseguindo ver a trilha, quando fui pega pelos meus pensamentos.

Foi fácil de mais.

- Ora ora - Novamente um estalo - Vamos pra casa amanhã é outro dia.

Ele estava atrás de mim ele foi para segurar a minha mão e eu a puxei.

- Não. Eu não sou sua prisioneira, você me prometeu que eu poderia vir e ir a hora que quisesse, eu vou embora Douma.

- Não pode. Não pode me abandonar assim - Ele disse, parecia estar nervoso - Você está sendo ingrata comigo. Eu posso te dar o mundo.

- Você mata mulheres. Você é um Oni é da sua natureza, vocês são todos iguais. Você.... - Eu virei para ficar de frente com ele - Você... - Finalmente tomei coragem - Você me enganou.

- Enganei você? - Ele perguntou revirando os olhos - Não, eu salvei você.

Dei passos para trás.

- Não me siga, me deixe ir - Implorei

- Seu lugar é no templo, você foi me dada de presente pelos deuses, a única vez que eles realmente me ajudaram foi trazer você para mim. Borboleta você é minha propriedade. - Ele estava nervoso.

Retirei a minha presilha de borboleta e coloquei no chão, dei mais dois passos para trás, Douma a pegou.

Ele não viu mas eu estava com uma pedra na mão.

- Se não me deixar ir. Eu vou machucar o meu rosto. - Disse levando a pedra pro meu rosto.

- Nao se atreva. - Ele disse guardando o meu prendedor. - Vamos voltar juntos.

- Douma, não se aproxime, eu juro que deixo meu rosto repleto de cicatrizes.

- Pare de brincar borboleta o sol já vai nascer, e aqui as árvores não cobrem muito bem - Ele exclamou.

O sol vai nascer? Espera por quanto tempo eu estava paralisada?

Era minha chance, meus olhos estava vermelhos já de tanto chorar.

- Eu sinto raiva, pois eu amei você - Eu disse chorando - Adeus Douma. Até o dia em que a caçada unir nossos caminhos novamente - Dei passos para trás, quando Douma ia vir para cima de mim o sol nasceu.

Ele sumiu, mas eu sabia que não estava morto, ele havia fugido, voltado para a segurança do templo. Eu conseguia sentir a sua raiva.

Corri para a trilha e segui meu caminho o mais rápido possível, precisava chegar em casa.

A mansão borboleta me esperava.

A Primeira Borboleta | DOUMA Onde histórias criam vida. Descubra agora