A Primeira Borboleta | DOUMA

Esquecimento

À medida que os dias se transformavam em semanas e as semanas em meses, eu mergulhava cada vez mais fundo em minhas expedições e missões. O tempo passava, as estações mudavam, e eu me via imersa em um ciclo interminável de desafios e descobertas.

Apesar de estar ocupada com minhas responsabilidades, não conseguia escapar completamente dos fantasmas do passado. A lembrança de Douma ainda ecoava em minha mente, especialmente durante minhas noites de banho, quando a marca em meu corpo parecia pulsar com uma intensidade desconcertante.

Havia uma mistura de sentimentos dentro de mim: raiva, por sentir falta do toque dele; frustração, por desejar voltar atrás no tempo e evitar o culto que me levou até a verdade; e curiosidade, sobre o que teria acontecido se eu tivesse permanecido ao seu lado até hoje.

Eu me questionava sobre o que teria sido de mim se tivesse continuado com Douma. Seria uma Oni, como ele? Ou ele teria encontrado uma maneira de preservar minha humanidade? Essas perguntas pairavam sobre mim como sombras, me fazendo refletir sobre as escolhas que fiz no passado e o impacto que elas tiveram em minha vida.

No entanto, apesar das incertezas e dos desafios que enfrentava, eu sabia que precisava seguir em frente. O passado não podia ser mudado, e eu não podia permitir que ele me prendesse para sempre. Em vez disso, eu me concentrei no presente e no futuro, buscando encontrar meu próprio caminho e moldar meu destino da melhor maneira possível.

Com cada nova missão e cada nova descoberta, eu me tornava mais forte e mais determinada. Eu sabia que havia um longo caminho pela frente, mas estava pronta para enfrentar qualquer desafio que o destino me reservasse. E, enquanto seguia em frente, mantinha viva a esperança de um dia encontrar as respostas que tanto buscava, e talvez até mesmo a paz que tanto almejava.

- Senhorita Kocho? - A voz do caçador ecoou no corredor, interrompendo meus pensamentos sombrios.

A porta se abriu, revelando a figura familiar de um dos membros do esquadrão. Eu, como líder da missão, me pus de pé para recebê-lo.

- Posso ajudar? - Minha voz soou firme, mas por dentro eu tremia com a expectativa.

- O Hashira chegou - ele anunciou, seus olhos transmitindo um misto de respeito e ansiedade.

Já estávamos há mais de três semanas naquela casa, um refúgio providenciado pela esposa de um antigo Hashira. Aqui, membros exaustos do esquadrão encontravam abrigo, alguns apenas de passagem, outros permanentemente retirados do campo de batalha.

- Qual Hashira? - Indaguei, minha curiosidade se misturando com a esperança de uma solução para nossos dilemas.

- O pilar da água - respondeu o caçador, um brilho de esperança em seu olhar. - Ele está na sala de jantar.

Com um gesto de agradecimento, deixei o quarto e me encaminhei para a sala de jantar. Eu precisava da orientação e do poder de Urokodaki não apenas para a missão, mas também para lidar com os turbilhões emocionais que me assolavam.

- Urokodaki? - Chamei quando entrei na sala, avistando-o com sua máscara tengu característica.

Urokodaki ergueu o olhar para me encontrar, seus olhos ocultos pela máscara transmitindo uma serenidade reconfortante. Mesmo em meio à turbulência da minha mente, sua presença inspirava confiança e calma.

- Senhorita Kocho, que bom vê-la - sua voz era suave, mas firme, ecoando através da máscara. - Como posso ajudá-la?

Respirei fundo, buscando reunir minhas palavras antes de falar.

- Estamos enfrentando dificuldades na missão, e eu... - hesitei, lutando para encontrar as palavras certas para expressar meus pensamentos tumultuados. - Tenho informações secretas.