A princesa que dormia

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Gente, mil desculpas pelo sumiçoPorém aqui estamos, certo? Por favor, não se esqueçam de demonstrar o que acharam. Obrigadinha ❤️

(...)
Triz se sentiu aninhando um filhote assustado. Sim. É assim que se continua essa noite. Dentro de uma boate, que abre portas para noites devassas sem controle, a mulher de traços ciganos, se questionava o que fazia ali, com uma que denotava em seus traços refinados, nas suas roupas decididamente mais caras que todo o prédio velho que as rodeava, estar tão confortável em seus braços. Sendo ali um local que é única e exclusivamente próprio para sexo pago.
No entanto, era prazeroso e reconfortante a sensação de ter Elizabeth tão confortavelmente aninhada a seu colo.
Depois de pedir por uma conversa ao invés do contato íntimo que Triz ofereceu, Elizabeth acabou relaxando tão rapidamente, o que fez a outra mulher se aprofundar com mais veemência nas carícias. Triz sentiu que o corpo dela estava exausto, estar tão perto daquele rosto perfeitamente escupido, a fez sentir, bom, pena?
Não demorou para um leve ressoar de uma respiração tranquila, porém carregada de cansaço acumulado, fosse ambientada por debaixo de tanta barulho vindo de fora. Que mulher linda de tez triste!
- Ok. Isso para mim é uma puta novidade- disse Triz ao perceber que Elizabeth havia caído no sono após pedir para que conversassem- Não sei se encaro isso como um elogio ou se me sinto ofendida de estar vestida assim e você dormir, senhorita Lord. Achei que mulheres podres de ricas também transassem, como seus maridos debilóides. - Elizabeth soltou um ronquinho leve pelo nariz e se aconchegou ainda mais ao corpo da dançarina- Droga, como você é linda, garota.

Devidamente exposta, Elizabeth não se dava conta do que estava acontecendo. Mergulhou tão profundamente no sono que buscou desde que chegou e não encontrava, não fazendo ideia dos olhos de curiosos de Triz sobre si, esta soltando uma risadinha divertida. A garota pensava em quão patéticos os ricos eram, tristes por si só a ponto de uma simples demonstração de carinho causar tanto conforto.
A porta então se abriu de súbito, porém não suficiente para assustar Triz, que somente rolou os olhos e continuou o que estava fazendo. Um brutamontes se espremeu pela porta com cara de poucos amigos.
-Acabou o tempo, fora! Você tem mais dois pacotes pra receber.
-Não tá vendo que eu estou ocupada, seu porco? Vê se fala baixo aí. - Triz tinha cara de poucos amigos, repousando uma das mãos espalmadas sobre uma das orelhas de Elizabeth afim de esconder um pouco o barulho dela, que nem se moveu.
-Isso aqui não é hotel, acabe com isso agora. O banqueiro cheio da grana está te aguardando. Eu não vou mandar de novo.
O armário em forma de homem então se moveu na direção das duas, os passos pesados que estremecia o quarto. Quando a mãozorra cheia de aneis cafonas de ouro se pôs na direção do braço de Elizabeth, Triz se apressou estapeando ele para outro lado.
-Como se atreve?
-Voce por acaso tem ideia de quem é essa mulher aqui dormindo nos meus braços?- ele a encarava com certa fúria no olhar.
-Ordens são ordens, Milena.
-Eu já disse para me chamar de Triz quando tiver aqui- ela o encarava com uma vontade visível que quebrar-lhe o nariz- Pensa direito, olha bem pra ela.
O grandalhão se inclinou para observar melhor a mulher adormecida. Seu rosto se torceu em confusão.
-Esclareça.
-Lord. Já ouviu esse sobrenome ?Elizabeth Lord, pra ser mais específica. E essa aqui vale mais que o imprestável do irmão. Pois é, a herdeira de tudo deles está dormindo tranquilamente aqui na sua frente. Então faz o favor de sair daqui? Tenho certeza que ela vale mais que um banqueiro fedorento também- o grandalhão bufou - Tenho mais certeza ainda que o Dominó não vai gostar nada de você expulsar a herdeira mais rica da cidade da boate dele, não é? Faz favor, vaza!
-Voce sabe ser atrevida, Milena. Uma hora dessas sua sorte vai acabar e eu vou acabar com você. Dominó tendo você como preferida ou não. Isso se eu não te foder até aprender a ser gente- o ódio em sua voz era transparente, assim como o dedo da grossura de uma linguiça apontado na cara avermelhada de Triz, que somente deu de ombros e indicou a porta com um aceno de cabeça.
-Fecha a porta quando sair.
-Va se foder!- bradou ele ao sair do quarto, batendo a porta com força.
-Fodida eu já estou nessa merda de lugar.
Elizabeth acordou sobressaltada. Os olhos arregalados sem entender aonde se encontrava, rolou por cima de Triz , entre suas pernas, até voltar a si, levando uma chacoalhada dela.
-Melhor você acordar. Eu não dou para sonâmbulo.
-Triz?
- A única. Vou cobrar um adicional por você estar esmagando meu mamilo com essa sua mão enorme.
-Oh, mil desculpas - a médica levantou rápido, ainda tonta. Procurou pelo paletó largado e o vestiu de qualquer jeito- Peço desculpas por ter adormecido em seu quarto.
-Você pede desculpas demais , jovem. Mas olhe pelo lado bom - ela se erguia ao corrigir sua roupa amassada- Você não ronca e nem tem mau hálito.
-Ah, agradeço a observação - Elizabeth tentou sorrir, mas saiu sem jeito.
-Você parece cansada. Primeira pessoa que dorme perto de mim assim. Geralmente alguém fica querendo comer minha boceta rapidinho... até goza antes de conseguir.
-Sinto por ter perdido seu tempo comigo. Mas vou recompensá-la seriamente.- Elizabeth estava ganhando rubor em sua face pálida pelo teor da conversa. Pocurou a carteira em um dos bolsos do paletó e então lembrou-se de que o irmão havia levado. - Droga,Carlos sumiu com minha carteira. Você aceita cheque? Meu celular descarregou.
-Isso é direto com o caixa, meu bem. Meu trabalho aqui é passar outro tipo de cheque. Lá embaixo, com o Cashier, só procurar o balcão preto. Vá pela sombra.
-Obrigada- Elizabeth não sabia se deveria ou não pegar na mão da outra mulher, então acabou escolhendo por somente acenar levemente com a cabeça. - Mais uma vez, peço desculpas por tomar seu tempo.
-As pessoas dormem perto de mim o tempo todo. Não se sinta tão lisonjeada.
O comentário fez com que Elizabeth deixasse a pintura de um sorriso se formar em seu rosto enquanto deixava o quarto. Triz se jogou na cama novamente e suspirou, sentindo o aroma adocicado do perfume da médica. Ela teria que nascer cinco vezes para ter toda aquela classe, aquele rostinho delicado, aquele olhar educado e curioso. Não sabia bem o que foi aquilo, mas se sentia aliviada por não ter alguem estranho domando seu corpo como bem entende, e a delicadeza de Elizabeth de por ela como algo a ser respeitado, fez com que ela tentasse não desejar que ela voltasse. Porque seria um problema sério tentar não se afeiçoar àquele sorriso preguiçoso e o jeitinho destrambelhado.

Elizabeth descia atordoada pelas escadas que davam a um grande hall cheia de puffs peludos com pessoas de todo jeito se alisando com certo fervor. A médica sentiu todo seu rosto ser injetado por sangue pulsante, com certeza estava rubra de tanta vergonha. Não precisou descer muito, o barulho de toda aquela algazarra chegou de longe, o que a fez apressar os passos a tempo de ver um de seus seguranças gigantescos segurar um homem enorme, tal qual, pelo colarinho, enquanto sua mão ia estrategicamente para dentro de seu terno cinza padrão dos seguranças de suas fam ília. Os demais agentes continham mais brutamontes furiosos contra o chão. Uma voz retumbante gritou seu nome e logo após ouviu o barulho de uma clic de uma pistola ser engatilhada.
-Ok, ok, o que se trata isso, rapazes? Guarde isso, John, por gentileza.- ela se colocou entre os dois homens estressados e tentou apaziguar. Mesmo sendo alta, não chegava nem ao queixo da magnitude dos dois gorilas bufando com ela no meio.
-Eli!
-Tio? O que faz aqui.?
-Me disseram que Carlos arrastou você para fora da empresa. Eu vim buscá-la. - o homem moreno a segurou pelos ombros, checando-a com olhar - Alguém fez algo para você aqui? O que raios você faz num lugar desses, Elizabeth?
-Esta tudo bem, tio. O senhor chegou em boa hora. Acerte com o caixa meu débito, por gentileza. Carlos deu um jeito fácil para que eu não soubesse sobre o paradeiro de minha carteira. - ela alisava o bolso do paletó, meneando a cabeça ao lembrar do irmão. Notou os seguranças da boate inchados de descontentamento - E não deixe de ofertar gorjetas generosas para os rapazes empenhados aqui. Tenho certeza que não haverá mais sombras desse mal entendido, certo rapazes?- sorriu gentil, prontamente não sendo retribuída. Eles tinham cara de poucos amigos, alguns vermelhos pela surra que tomaram de seus seguranças especiais. Seu tio sabia escolher bem sua equipe e não era de hoje, levando em conta que todos era ex militares russos que não faziam muito esforço para entender a língua nativa.
-Deixarei passar dessa vez. Mas mantenha seus macacos fora daqui.
-Palavra que eles não entram mais sem a minha devida permissão. Sou Elizabeth Lord. - confirmou Elizabeth começando a ficar envergonhada com os olhares que atraia. O homem gigante a sua frente estreitou os olhos, como se pudesse entender a magnitude da pessoa a sua frente.
-Um prazer serví-la, senhorita. Sinta-se a vontade para voltar. Mas sem esses idiotas.
-Quem tu chamar de idiota?- um dos seguranças se pôs em riste, nervoso, arranhando o português com certa violência.
-Sem mais atos violentos, rapazes. Tio- Jeff parou a seu lado- Por favor, não comente com minha mãe o ocorrido aqui. Não precisamos de mais pitis da dona Margarete, não é mesmo?
-Plausivel, Eli
-Ah, deixe cinco a mais, por favor, em nome de Lady Triz. Além da conta, para ela. Diga que foi um mimo por sua atenção.
-Pode deixar. Aguarde no carro, por gentileza.
Calmamente Elizabeth estava repousando em seu banco na limousine, exaurida pelas emoções do Dia. Carlos realmente era um inconsequente, ela não podia mais negar, mas que mulher era aquela Triz? Por que ela havia se deixado ficar tão exposta daquela forma Perto dela?

A Herdeira (Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora