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Quando terminamos, fiquei deitado na cama, enquanto Karina e Kate se levantavam. Peguei minha cueca e me vesti rapidamente, sem querer dar chance para que Levi me visse pelado. Ele já estava bem chapado, e dava para ver que, quando está assim, fala muita besteira. Assim que coloquei a cueca, ele se sentou, completamente nu, de frente para mim. Desviei o olhar na hora, mas percebi que ele me observava.
— Cara? — Ele me chamou. Olhei para ele, ainda evitando o contato direto.
— Pode falar.
Respondi, enquanto colocava a bermuda.
— Caralho, foi muito foda. Eu estava precisando relaxar assim.
— Foi, realmente foi muito bom. — Concordei, e não estava mentindo. Tinha sido bom demais.
— Agora me fala, perder a virgindade não é bom? — Ele se levantou e passou o braço em volta do meu ombro.
— Bom? É bom pra caralho!
— Ah, e vai melhorar. Depois da primeira, as coisas só ficam mais interessantes. — Ele deu alguns tapinhas no meu peito.
— Espero que sim.
Andei até a cama dele, peguei a roupa dele e joguei em sua direção.
— Agora se veste, não quero ficar vendo você pelado.
Ele riu e começou a se vestir. Mesmo sem querer reparar, era impossível não notar o corpo bem definido de Levi, mesmo com a iluminação fraca e o tom avermelhado das luzes. Tenho que admitir, ele era bonito. As meninas saíram do banheiro já arrumadas, e decidimos sair do quarto. Quando olhei no relógio, já eram 2:40. Nossa, o tempo passou voando. Não parecia que tinha se passado tanto tempo. E, sinceramente, eu não estava nem um pouco afim de voltar para casa.
Eu sabia que meus pais provavelmente estariam me esperando para dar satisfações, mas, honestamente, eu não me importava. Eles são narcisistas e sempre quiseram me controlar. Desde cedo, corri atrás do meu próprio dinheiro para não depender deles. Sempre fui apaixonado por design, o que me garantiu bons trabalhos e clientes fiéis. Isso me deu uma liberdade que eles nunca entenderam.
Pagamos o que devíamos na recepção e nos despedimos das garotas, que foram embora de Uber. Levi e eu decidimos voltar andando. O calçadão estava praticamente deserto, com uma ou duas pessoas passando por nós. Eu não estava completamente chapado, mas sentia uma leve tontura... Ou talvez estivesse e não quisesse admitir.
— Se quiser, pode dormir lá em casa. Sai de manhã, antes dos seus pais acordarem.
Levi sugeriu. Foi um gesto gentil da parte dele.
— Agradeço, mas meus pais com certeza estão acordados, me esperando. — Respondi.
— Droga. Não tem nada que eu possa fazer para ajudar? — Ele perguntou, tirando a camiseta por causa do calor.
— Sinceramente, não tem muito o que fazer. Só continuar sobrevivendo.
Falei, tentando manter o clima leve.
— Mas, escuta, meus pais e meu irmão sempre vão para a casa da minha tia no final de semana. Você pode dormir lá amanhã e a gente faz o trabalho juntos. O que acha?
— Por mim, tudo bem. Não vai te atrapalhar? — Perguntou ele.
— De jeito nenhum. E, além do mais, vai ser bom ter companhia.
— Fechado, então. Amanhã estarei lá. — Ele sorriu.
Infelizmente, nos despedimos assim que chegamos à minha rua. Levi foi embora, e eu fiquei imaginando o inferno que me esperava em casa. Meu coração apertava só de pensar. Quando me aproximei da minha casa, vi que a luz do meu quarto estava acesa. Estranho. Eu não costumo deixar a luz acesa, a menos que eu esteja lá. Já dava para imaginar o que estava acontecendo.
Ao abrir a porta, o silêncio reinava no andar de baixo. Subi as escadas, ouvindo os sussurros dos meus pais. Jack, meu irmão, saiu do quarto e desceu, me encarando.
— Onde você estava? — Ele perguntou, com uma arrogância insuportável.
— Isso não é da sua conta. — Respondi secamente.
— Se vira com eles então, otário. — Ele esbarrou em mim com força enquanto descia para a cozinha.
Cheguei à porta do meu quarto e vi meus pais revirando tudo. A cama estava bagunçada, os lençóis no chão, e meus cadernos e livros jogados por todo o lugar. Meu guarda-roupa estava praticamente vazio, com roupas espalhadas pelo chão. Que porra eles estavam fazendo?
— O que vocês acham que estão fazendo? Qual é o problema de vocês? — Gritei, indignado.
— Onde você estava, seu merda? — Meu pai rosnou, vindo para cima de mim.
— Eu já disse, eu saí!
— E quem te deu permissão para sair sem nossa autorização? — Ele insistiu.
— Se isso te incomoda tanto, por que não me impediu antes? — Retruquei.
— Isso não importa! E de onde você tirou dinheiro? Eu não te dou dinheiro! De onde está arrumando isso? — Ele gritou.
— Pra que você quer saber?
— Anda logo, Kevin! De onde está tirando a porra desse dinheiro? — Minha mãe gritou, seu rosto vermelho de raiva.
— Eu...
— Fala, seu lixo! Está traficando? Usando drogas? Como está conseguindo dinheiro? — Meu pai interrompeu.
— Eu tenho um trabalho, lembra? Eu ganho dinheiro honestamente, é de lá que vem. — Respondi, soltando um suspiro pesado.
Antes que eu percebesse, ele me acertou um soco no rosto. A pancada foi tão forte que minha cabeça bateu na parede ao lado da porta. Senti o gosto metálico do sangue na boca e uma fraqueza percorrer meu corpo. Ele agarrou meu cabelo, forçando-me a olhar para ele.
— Todo o dinheiro que você ganhar, vai me entregar! — Ele rosnou.
— Não vou fazer isso. O dinheiro é meu, eu trabalhei por ele! — Respondi, com raiva.
— Enquanto você morar debaixo deste teto, você segue minhas regras! Eu mando em você, seu dinheiro é meu! — Ele me jogou no chão e saiu do quarto.
Minha mãe olhou para mim com desgosto.
— Você é uma vergonha para esta família. Às vezes, me arrependo de não ter te colocado para fora quando tive a chance — Disse ela, saindo logo em seguida.
— Se eu morrer, não vai fazer diferença, já que sou um lixo para vocês.
Murmurei, enquanto limpava o sangue que escorria dos meus lábios. Ela parou por um segundo e olhou para trás.
— Então se mata logo. Vai nos fazer um favor. — Ela desceu as escadas, deixando um silêncio opressor no ar.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto, apesar de eu quase nunca chorar. Levantei-me rapidamente e bati a porta com tanta força que o chão do quarto pareceu tremer.

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Se eu Ficar? Parte 1 - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora