Chessboard - Chuuya Nakahara

Capítulo 1 - Não caia no abismo

Olá, my dear sacaroses!
Bem animada já, como podemos ver, né'?
Enfim, enfim... eu não ia postar o capítulo 1 tão cedo, mas a maioria foi a favor, então o que eu posso fazer?
Só uma coisinha, esse capítulo é bem curtinho mesmo, e é só para explicar um pouquinho do pensamento do Chuuya, no passado.
Sem mais delongas, boa leitura!!

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⌛️ Tempo Passado: 1 ano atrás.

     "Merda!" Chuuya resmungou enquanto se jogava na cadeira, ao lado de Kōyō. "Merda, merda, merda, merda!" Xingou, suspirando em irritação. Ele encheu uma taça com o vinho que estava sobre a mesa, tomando em um só gole.

     "Bom dia, querido." Ela lhe lançou um sorriso doce, com um toque de preocupação. "Junte-se a nós para almoçar." Pegou um prato limpo e começou a colocar uma boa quantidade de comida.

     Somente então ele olhou em volta e viu que os principais funcionários da Vitas Sexualis, a casa noturna de Ōgai Mori, estavam todos à mesa, aproveitando de uma refeição muito pacífica. Isso até que ele chegasse, claro. Ah, essa cena se repetira tanto nos últimos tempos... Na verdade, ele sequer conseguia se lembrar de um tempo em que não era assim, um tempo no qual seu trabalho não o condenava a uma vida de olhares cheios de pena e nojo.

     "Chuuya, querido? Está tudo bem?" Perguntou ao vê-lo massagear as têmporas com as pontas dos dedos. O questionamento, óbvio, foi uma questão de mostrar que se importava; afinal, ela já sabia que a resposta era negativa em todos os sentidos possíveis.

     O ruivo sorriu mínimo. Kōyō Ozaki era uma pessoa incrível, aos seus olhos. Desde que a conhecera, sempre sentira aquela sensação reconfortante toda vez que estava ao seu lado. Como uma verdadeira irmã mais velha — e ele fazia questão de chamá-la assim, — a mulher o protegia e cuidava dele com um carinho que ele não sabia como retribuir.

     "O mesmo de sempre, Ane-san¹..." O Nakahara se levantou assim que terminou uma nova taça da doce bebida vermelha. Ele não se deu o trabalho de comer nada, embora estivesse com fome. Simplesmente não queria atrapalhar o almoço de ninguém, deixando o clima tenso. "Só... pode vir comigo, um pouco?" Sussurrou, sentindo uma dose de constrangimento nada agradável.

     Ela entendeu de imediato, levantando-se também para o acompanhar. "Claro, meu amor. Gin, querida?" Chamou a garota que estava silenciosamente terminando sua refeição. "Pode tomar conta da Kyōka para mim, por alguns minutos?" Depois de um aceno em concordância, Kōyō continuou seguindo-o.

     Era de conhecimento geral que Ozaki tinha um apego especial à jovem menina, Izumi Kyōka. E era de ainda maior conhecimento o quanto ela não confiava nas pessoas para cuidarem dela, conceito ao qual a irmã Akutagawa era uma exceção. Talvez por ser alguém responsável, ou por ser alguém não muito relacionada a homens que não fossem seu próprio irmão; porque Ozaki tinha ainda menos confiança em homens, conhecendo-os bem como fazia. E essa regra também tinha uma exceção: seu querido Chuuya.

     Quando estavam longe o suficiente da sala de refeições da grandiosa casa de Mori e dos outros funcionários, a ruiva o indagou sobre os acontecimentos da noite passada. Foi recebida com um estalar de língua, sinalizando que o Nakahara não queria falar sobre aquilo, apesar de o ter feito por necessidade de tirar aquele peso do peito.

     "Você o viu, ontem?" Mesmo sem especificar, Kōyō sabia exatamente de quem ele estava falando. "Ele sumiu por meses e, depois, aparece como se nada nunca tivesse acontecido! E ele ainda se atreveu a pagar menos do que da última vez!" Ela suspirou.

     Os dois tinham chegado ao destino, o escritório médico de Ōgai, que estava vazio como sempre. Para um médico, ele passava tempo demais em qualquer outro lugar do edifício onde morava ou da própria casa noturna do que em seu escritório. Todavia, era melhor assim. Os "irmãos" podiam conversar sem se preocupar com alguém ouvir.