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Continuação, Quinta-feira, 2 de agosto de 1860

Após a reunião com o senhor García, saí da sala de conferências exausto. Sentia-me consumido pela febre e uma tosse áspera começava a me atormentar de repente. Cada respiração tornava-se um desafio. Uma sensação de mal-estar tomava conta de mim, e eu sabia que algo estava profundamente errado.

Arrastei-me até meu quarto com dificuldade, a cada passo sentindo o peso da doença sobre meus ombros. Assim que entrei no quarto, Rosa, minha criada leal e amiga de confiança, apareceu na porta. Ela me conhecia tão bem que imediatamente percebeu minha condição crítica. Correu até mim, o rosto contorcido de preocupação.

— Meu príncipe, o que aconteceu? Você está terrivelmente mal! Sua testa está queimando de febre, e essa tosse... Você está com falta de ar?

Eu assenti com a cabeça, incapaz de articular palavras. A tosse me sufocava, e cada tossida era um martírio. Rosa ficou ainda mais alarmada.

— Vou chamar imediatamente o médico. Você precisa de atendimento médico urgente, senhor. Deite-se na cama e tente se acalmar.

Rosa saiu às pressas para buscar o médico, enquanto eu me deitava na cama, sentindo-me cada vez mais fraco e angustiado. Não compreendia o que estava acontecendo comigo.

O médico chegou rapidamente e realizou um exame minucioso. Diagnosticou-me com uma forte gripe e recomendou alguns medicamentos para aliviar os sintomas. Ele insistiu na importância de repousar e manter-me hidratado.

Agradeci ao médico e tomei os remédios prescritos. Deitado na cama, aguardei com a esperança de que os medicamentos fizessem efeito. Rosa permaneceu a meu lado, cuidando de mim com dedicação.

A gripe me deixou debilitado e exausto, mas eu sabia que ainda tinha muitos assuntos importantes para resolver, como as negociações com a Bolívia, os outros enviados das Américas, os planos da fazenda e os projetos abolicionistas. No entanto, naquele momento, minha prioridade absoluta era recuperar minha saúde.

Terça-feira, 28 de Agosto de 1860

Mais de duas semanas se passaram desde que fui atingido por essa doença implacável. A tosse incessante e a febre persistente me tornam prisioneiro do meu próprio corpo. A cada dia, a luta pela sobrevivência se torna mais árdua.

Porém, o pior aconteceu na segunda-feira passada, pelo menos foi o que me contaram depois. Parece que meu coração simplesmente parou de bater, e minha respiração cessou por alguns preciosos minutos. O susto foi indescritível para todos no palácio, especialmente para minha mãe, a imperatriz Cintia. Mas, por algum milagre inexplicável, retornei à vida.

Hoje, quando finalmente me sentia um pouco melhor, recebi uma notícia avassaladora do médico imperial. Ele me informou que estou sofrendo de tuberculose, ainda em um estágio inicial.

Essa notícia foi como um soco no estômago, uma sentença que minou todos os meus planos e sonhos para o futuro. A tuberculose é uma doença cruel, que exige tempo e dedicação para ser tratada. A sensação de impotência diante dessa ameaça à minha vida e aos meus projetos é esmagadora.

Fui isolado do mundo exterior, uma medida necessária para evitar a propagação da doença e proteger a saúde dos outros. A solidão agora é minha única companhia, enquanto tento assimilar a gravidade da situação.

Olhei pela janela do meu quarto e vi o sol se pondo no horizonte. As cores do céu se misturavam em tons de laranja e vermelho, criando um espetáculo de beleza e tristeza ao mesmo tempo. Refleti sobre todos os planos que tinha para o Brasil e a América do Sul, sobre os projetos que desejava realizar e as pessoas que dependiam de mim.

Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto enquanto soltava um suspiro profundo. Não sabia quanto tempo me restava, mas não podia desistir dos meus ideais. Precisava lutar contra essa doença com todas as minhas forças e esperar por uma oportunidade divina para realizar meus sonhos. A fé e a esperança eram as únicas âncoras que me restavam.

Eu sou o Filho do Imperador do BrasilOnde histórias criam vida. Descubra agora