Domingo, 19 de Julho de 1863
O sol se punha sobre o palácio em Petrópolis, deixando o céu em um tom de laranja avermelhado.
Nesse dia eu estava sentado em minha escrivaninha, absorto olhando pela janela. Eu estava sozinho, pois meu pai, o imperador D. Tiago II, estava ocupado com os assuntos do governo, e minhas irmãs estavam viajando com seus novos maridos.
Levantei-me da escrivaninha e caminhou até a janela. Olhou para baixo e observei o jardim e ao longe a cidade. A cidade estava adormecida, e as únicas luzes que brilhavam eram as das estrelas e os poucos postes que iluminavam o jardim.
Suspirou exasperado. Sentia perdido e sem rumo nesses últimos anos. Eu não sabia o que fazer com minha vida. Se não fosse por Clara, eu provavelmente teria surtado.
Clara, a sobrinha de Rosa, e vinha visitar a tia com frequência, pois morava em Petrópolis e assim acabei conhecendo ela. Ela era apenas alguns meses mais velha do que eu, sendo que ela nasceu no dia 03 de janeiro.
Ela é uma jovem linda. Tem um rosto oval, com traços delicados e harmoniosos. A Clara tem sobrancelhas finas e arqueadas, que realçam o seu olhar. Os seus olhos são grandes e castanhos, com cílios longos e curvados. Eles transmitem expressividade e inteligência. O seu nariz é pequeno e arrebitado, dando um toque de charme ao rosto. A boca é carnuda e rosada, sempre com um sorriso discreto que mostra os dentes brancos e alinhados. A sua pele morena é lisa, sem manchas ou imperfeições.
Clara possui cabelos cacheados e escuros, que caem sobre os ombros. Os cachos são definidos e volumosos, dando um aspecto de movimento e leveza ao cabelo. O seu cabelo tem alguns fios mais claros, que refletem a luz e criam um contraste interessante. Ela costuma usar uma tiara preta, que segura o cabelo para trás e deixa o rosto mais evidente.
Ela tem uma beleza natural e simples, que não precisa de muitos adornos. O seu rosto chama a atenção pela simpatia e pela elegância. Que, somado ao seu cabelo que se destaca pela cor e pela forma. Ela é uma morena interessante e cativante.
Tenho a cortejado em segredo e a cada dia ela está caindo em meus encantos. Nessa noite estou determinado em propor a ela.
Sei que sou um homem impulsivo e que, se ela aceitar, posso acabar fugindo e me casando com ela. Se meu pai me deserdar não seria uma surpresa, afinal nossa relação que era ótima foi se desgastando ao longo dos anos.
Eu me aproximo de Clara, que está sentada no sofá, absorta em sua leitura de um livro. Ela veste um vestido azul que realça ainda mais sua beleza natural, mas tento manter meus pensamentos focados no que preciso dizer.
— Clara, posso compartilhar algo contigo? — pergunto, tentando esconder o nervosismo que me corrói por dentro.
Ela levanta a cabeça do livro e direciona seus olhos cativantes na minha direção.
— O que é, meu príncipe Henrique? — responde, com um sorriso gentil.
Inspiro profundamente antes de prosseguir.
— Sinto algo profundo por ti, algo que vai além das palavras. Eu te amo, Clara. Amo mais do que jamais imaginei ser possível amar alguém.
O sorriso dela se amplia, mas seus olhos refletem uma mistura de emoções.
— Eu também te amo, Henrique. Desde o momento em que nossos caminhos se cruzaram, meu coração pertence a ti.
Minha determinação cresce à medida que ouço suas palavras sinceras, mas sei que há uma barreira invisível entre nós, uma barreira que a sociedade da época insiste em manter.
— Então ouça-me bem, Clara. Desejo passar o resto de minha vida ao teu lado, enfrentando tudo que o destino nos reservar. Mas, compreende que as diferenças entre somos profundas. Sou um príncipe, filho do imperador, e tu... bem, sabes que nossa sociedade não entende ou aceita facilmente um amor como o nosso.
— Esperarei por ti, Henrique. Acredito em nosso amor e na força de nossos sentimentos. No entanto, não sou ingênua. Sei que, para estarmos juntos, enfrentaremos obstáculos significativos. Mas, se estiveres disposto a lutar por nós, eu também estarei.
Ao acompanhar Clara até a porta do palácio, sinto uma mistura de felicidade e determinação. Nos despedimos comigo pegando em sua mão e ela ficando visivelmente constrangida com o meu ato tão íntimo.
Após os portões se fecharem, dei um olhar para o guarda que entendeu e parecia não ter visto nada do que acontecera. Não queria manchar a reputação dela, enquanto não nos casássemos. Admito haver passado um pouco dos limites, espero que ela não me veja como um maníaco sexual ou algo assim.
De volta ao meu escritório e volto para a minha escrivaninha. Sento-me um pouco mais feliz. Clara havia trazido um raio de sol em minha vida.
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Eu sou o Filho do Imperador do Brasil
Ficção HistóricaATUALIZAÇÃO: Provisoriamente pausado. Eu sou o filho do imperador do Brasil, Henrique, nascido em 1848. Em um mundo quase igual ao seu. Minha busca por riqueza e poder é registrada neste diário, revelando uma jornada repleta de intrigas, reviravolta...