Saudades

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Assim que ela abre a porta do seu quarto, eu entro e coloco minha mochila em cima da poltrona, me viro e olho para Pailiu.

- O que você está fazendo exatamente?. Falo olhando em seus olhos.

- Eu vou olhar algumas faculdades de Los Angeles e ir para uma que tenha futebol, posso conseguir uma bolsa e a gente pode dividir um lugar perto, sabe, perto de tudo, podemos planejar Snack, você gosta disso. Ela falava tudo animada e eu não estava gostando disso tudo. - Você gosta de planejar as coisas, podemos fazer isso dar certo. Nego e ela levanta uma das sobrancelhas vindo em minha direção. - Porque está agindo assim?. 

- Você pode não ser aceita em nenhuma delas, e aí, genia?. Eu estava fazendo um esforço para agir desse jeito, ser uma babaca e magoar quem eu amo.

- Eu dou um jeito, se eu for aceita para outra, eu dou um jeito de te ver três a quatro dias na semana, eu juro que dou um jeito Snack. Sua voz já estava falhando e vi uma lágrima escorrer por seu rosto e Pailiu rapidamente a limpou. - Por favor, Snack, vamos fazer isso dar certo.

- Eu não quero que você vá. Disse finalmente, em alto e bom som, eu acho até que gritei, os olhos de Pailiu se arregalaram levemente e ela piscou lentamente.

- O quê?. Ela disse de um jeito que doeu em mim, isso tudo estava doendo.

- Não quero você lá, não sei se é isso que você quer também. Ela assentiu várias vezes e eu neguei. - Eu amo você, quero estar com você e adoraria dividir um quarto com você e tudo de mais brega que você possa imaginar. Seu sorriso foi aumentando a cada frase. - Mas não quero que faça isso só por minha causa, eu quero que ache o seu lugar, quero que queira as coisas com paixão. Me aproximo dela e sorriu pequeno. - Você foi a sombra do Phil por muito tempo e isso só te fez mal, nós poderíamos ter começado isso a um tempo atrás e agora estaríamos na mesma página e poderíamos ir juntas para onde você quisesse. Coloco uma mão em seu rosto e acaricio devagar.

- Eu amo você Snack. Assenti e puxei seu rosto na direção do meu e fechei levemente.

- E eu também amo você e mesmo que isso seja difícil para mim e para você, é o melhor que podemos fazer Pailiu. Sinto o ar bater em meu rosto e o cheiro que só ela tinha, chegar até meu nariz e então eu afundei meu rosto em seu pescoço. - Eu quero que decida as coisas pensando em você de agora em diante, vou te encontrar logo em algum lugar esquisito e brilhante assim como a gente é juntas... eu quero te ver bem e sei que isso não vai ser comigo... não agora. Suas mãos agarraram minha cintura e ela me puxou para ainda mais perto, seu rosto foi até meu ombro e Pailiu escondeu o rosto ali e chorou baixinho, isso doeu mais que qualquer ameaça que sofri nos últimos meses, eu amava Pailiu mais que tudo, mas eu via que ela não estava bem e ela ia se enfiar em outra coisa só por alguém. De novo.

- Vou sentir sua falta. Ela disse baixinho e eu puxei ainda mais seu corpo, eu queria nos fundir, queria levar ela comigo, mas eu sei que não dá, não agora. - Promete que vai me esperar?. Assenti devagar e me afastei enxugando suas lágrimas.

- Eu vou contar os dias para você ficar bem e ir me encontrar meu amor. Limpo suas lágrimas até que seu rosto estava totalmente limpo, Pailiu era linda e eu que devia ter medo dela não me esperar.

- Em um lugar esquisito e brilhante. Ela repete o que eu disse e eu assenti devagar. - Posso te pedir uma coisa?. Olhei em seus olhos por uns segundos e sorri.

- Você pode meu amor. E então seus lábios foram até o meu e ela me beijou de uma maneira diferente. Parecia um beijo de despedida, senti meu coração acelerar e abri minha boca sentindo sua língua deslizar sobre a minha e meu corpo se ergueu levemente do chão e Pailiu me levou até a cama. Senti minhas costas baterem levemente no colchão e então ela ficou por cima de mim, eu sorri e ela tirou os fios que insistiam em ficar em meu rosto, ela abaixou o rosto e começou a beijar todo ele. Seus lábios foram sendo delicadamente depositados em minhas bochechas, em meu queixo, nas minhas orelhas e por último em meus lábios. Suas mãos apertaram minha cintura na sua e eu fechei os olhos sentindo seus toques, em segundos nenhuma roupa estava em meu corpo e ela estava do mesmo jeito que eu. Naquele momento Pailiu me fez sua pela primeira vez e eu não saberia descrever ou narrar tudo aquilo e espero que seja um segredo nosso. Aquela noite dormimos entrelaçadas uma na outra como se fossemos uma e no dia seguinte cada uma ia para sua vida individual e talvez nunca mais seremos uma só novamente. Enquanto seus beijos e toques passeavam por meu corpo com a maior delicadeza do mundo, eu pensava se isso iria acontecer de novo um dia, mas eu tinha a certeza que aquele era o ponto final de Nackliu, era o ponto que snack não era mais de pailiu e pailiu não seria mais de snack.



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