de tempos em tempos, uma nova reencarnação do Sherlock Holmes aparece

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De tudo que eu estava sentindo naquele momento, acho que constrangimento é pouco para descrever tudo que se passava na minha cabeça.

Sendo franca, acho que nunca pensei em tantos xingamentos seguidos em pouco tempo, esse cara é louco? Velho estúpido!

Depois daquela vergonha inesquecível, descemos do Uber e fomos caminhando pelo shopping em completo silêncio.

Eu senti, senti alguns olhares afiados me olhando. Eu não olhei, eu não olhei de volta, e nem cogitei olhar.

Quero mesmo é distância dela, eu quero ir para casa e passar o resto do dia dormindo, eu quero esquecer tudo isso, eu só quero poder me apresentar em paz, eu quero esquecer toda essa merda e quero voltar a ter a liberdade de escolher alguma coisa.

Isso é pedir demais? Sim, eu sei que é.

Dentre as 3 pessoas que eu mais odeio no mundo, temos em primeiro lugar Jeongyeon, em segundo temos a treinadora Kim e por último a Sarah do segundo ano.

Por que eu não gosto dela? Foi ela que espalhou no oitavo ano que eu peguei o namoradinho dela! É inacreditável que acreditaram que eu, logo eu estaria namorando um homem comprometido, e oque mais me surpreende nessa história é que acreditaram que eu namoraria um homem.

Esse lance de rivalidade feminina é esquisito, porque você iria brigar por um homem? Os homens são passageiros, amizades não!

A pior parte dessa mentira foi que eu gritei desesperadamente pelos quatro cantos da escola que eu era lésbica e que não tinha menor chance de eu ter ficado com o namorado dela.

Com 13 anos, eu saí do armário, na verdade eu fui chutada do armário. Não foi tão terrível igual eu imaginei, acho que nunca sofri preconceito na escola, pelo menos não na minha cara.

Quer dizer, eu escutava alguns burburinhos pelos corredores quando eu passava, mas eu tinha Momo, as meninas do grupo de líderes de torcida e uma mãe e um pai que estavam dispostos a bater em quem resolvesse fazer uma piadinha de mal gosto comigo.

Um tempo depois de me assumir eu fui diagnosticada com ansiedade, eu já tinha imaginando o que poderia ser mas decidi não fazer alarde, mas as crises ficaram tão fortes que não tive como fugir.

Mas sei de muita que não teve essa mesma sorte que eu, e eu já fico triste ao pensar que muita gente chegou até a ser expulsa de casa.

Incrível como amar alguém pode ser tão pecaminoso quanto um homicídio para certas pessoas de mente fechada, como já dizia Martin Luther King, se você quer um inimigo é só falar o que pensa.

O shopping não estava nem cheio e nem lotado, estava normal para uma tarde de quarta feira. Quando chegamos no cinema, finalmente alguém cortou o silêncio.

— Nayeon, você pode comprar a pipoca? Vou conferir aqui se os ingressos estão no horário certinho.

 — Hm, tá certo. Cadê o dinheiro?

Os olhos de Jeongyeon arregalaram-se, e com a testa franzida ela me encarou.

— Eu tenho cara de caixa eletrônico para ficar te dando dinheiro?

Não disse nada, apenas fiquei calada a observando ligar os pauzinhos.

— Espera...Você tá me zuando?

— Já tem quase uma semana que a gente está convivendo juntas e você não aprendeu ainda nada sobre meu humor.

— Desde quando falar mentiras com cara séria é humor?

— Não faço a mínima ideia, mas sei que é engraçado.

— Tá, agora vai logo comprar a pipoca!

Peguei uns trocados que estavam no meu bolso e fui contando até chegar no balcão. No total eu tinha quinze reais no bolso, uma pipoca não passaria de quinze reais, passaria?

maldita, jogadora - 2YEONOnde histórias criam vida. Descubra agora