Capítulo 1 - Florescer

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Eloise Bridgerton tinha um talento especial para florescer em ambientes que a maioria das pessoas consideraria hostis. Na Universidade de Londres, seu domínio era o campo da história, e sua paixão, a preservação de monumentos históricos. Aos 25 anos, já havia deixado sua marca na academia, conquistando respeito e admiração de colegas e professores. No entanto, o mesmo não podia ser dito sobre sua vida amorosa.

Ao longo dos anos, Eloise colecionou relacionamentos efêmeros como antigas cartas de amor. Homens vinham e iam, mas nenhum deles jamais fez morada permanente em seu coração. Ela mantinha sua vida pessoal rigidamente separada de seu mundo acadêmico, uma parede de gelo que ela erguera com maestria. Nunca levou ninguém para conhecer sua família, os Bridgertons, uma família numerosa e barulhenta, que tinha sua própria visão um tanto tradicionalista sobre relacionamentos.

A manhã estava ensolarada, o que era raro em Londres, Eloise se sentou na primeira fila da sala de aula da Universidade de Londres, sua expressão séria e determinada enquanto aguardava o início da palestra. Ela estava no último ano de seu doutorado em história, focando sua tese na preservação de monumentos históricos. Ela sempre soubera que queria se destacar, quebrar os moldes de sua família numerosa e alcançar o sucesso acadêmico por mérito próprio. No entanto, ao fazê-lo, ela construíra uma parede ao redor de seu coração.

Do outro lado da sala, entrava o professor Phillip Crane, que começou a palestra com um olhar de desdém. Sua reputação de arrogância precedia-o e, enquanto os alunos rapidamente se adaptavam à sua personalidade áspera, Eloise permanecia imune a seus jogos de poder. Ela era uma mulher que não tolerava tolices, mesmo que isso significasse confrontar o respeitado Dr. Crane.

Enquanto ele desfilava seu vasto conhecimento botânico, Eloise estava absorta em seus próprios pensamentos e fazendo anotações em seu caderno em sua mesa, sem perceber que suspirava alto.

— Estou lhe entediando, senhorita? — perguntou o Dr. Crane, olhando em direção a ela com expressão de dúvida.

— Não muito. Só não entendo a relevância disso para a minha tese. — respondeu ela com sarcasmo. Phillip ficou furioso.

— Então me diga senhorita...?

— Bridgerton! — respondeu ela.

— Então me diga, senhorita Bridgerton, qual é a sua dúvida perante essa palestra que lhe faz questionar a relevância para a sua tese? — perguntou ele com um ar de presunção.

— Dr. Crane, você afirma que a botânica é uma ciência precisa, mas como podemos confiar em suas teorias quando elas mudam a cada década? — todos da turma a olharam incrédulos no que estava acontecendo.

— A ciência evolui, senhorita Bridgerton. É assim que progredimos e compreendemos o mundo. A botânica não é exceção. — ele a encarou como se tivesse vencido aquele round.

Eloise não se deu por vencida, sua expressão desafiadora permanecendo intacta.

— Entendo que a ciência evolui, Dr. Crane, mas isso não a torna inconstante? Como historiadora, estou habituada a lidar com fatos e eventos do passado que não mudam. Não é frustrante confiar em um campo que está sempre em fluxo?

Dr. Crane respirou fundo, tentando manter a calma.

— A história e a botânica são disciplinas diferentes, senhorita Bridgerton. A história lida com eventos passados, enquanto a botânica estuda organismos vivos em constante adaptação. A mudança é inerente à ciência. Devemos abraçá-la para avançar.

Eloise cruzou os braços, pensativa, mas não desistiria facilmente de sua argumentação.

— Concordo que são disciplinas diferentes, Dr. Crane. Mas é justamente por essa diferença que questiono a interseção entre botânica e a preservação de monumentos históricos. Monumentos são testemunhos do passado, estão lá para nos conectar com nossas raízes, nossa história. Mudanças excessivas podem comprometer sua autenticidade e o propósito da preservação. Acho que deveríamos ser cautelosos ao aplicar conceitos de mudança constante, como na botânica, à preservação do passado.

Desejo Proibido - PhiloiseOnde histórias criam vida. Descubra agora