embaraçoso como rascunhos

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Te amar é mais vergonhoso que o primeiro fruto a cair do pé! O amor é como um bolo que não termina de assar nunca. A vergonha de mostrar meus rascunhos, como se neles não existisse todo um esboço para o futuro. Adolescente que ama não sabe o que faz; cava a própria cova! Me assisto em terceira pessoa, tanto sorriso em ângulo errado! Fico roxa de embaraço, sem saber se paro ou se continuo me encurralando. Tu ri bastante, como se achasse graça de tudo. O amor também é vergonhoso para ti? Parece roleta russa sem chance de dar certo. Beijar é tão vergonhoso, dar mãos é quase pecado! Aquela vergonha na hora do parabéns, o silêncio constrangedor em uma sala vazia, só eu e você, e os tantos anos de passado entre nós. Vergonha de todas as cartas que já mandei, todas as vezes em que fui indireta ao invés de dizer meus sentimentos (desculpe, sou escritora). Quando te chamei pelo apelido de anos atrás, vergonha pelos dias em que não consigo te esquecer, vergonha por ainda viver com essa memória e alimentá-la com tanta frequência que já é quase filha! Me sinto envergonhada, castanho, porque não sei se você lembra de mim. Ah, que vergonha do caramba! Me diz que essa vergonha não é nada mais, que não é loucura! Me diz que a vergonha também te corrói todo dia, do despertador ao desligar das luzes. Me diz que ainda se encolhe ao lembrar das atrocidades que me dizias, atrocidades pelas quais me apaixonei! Daria minhas melhores memórias para poder me envergonhar no mesmo sofá que você uma última vez. 

CASTANHO CASTANHOLAOnde histórias criam vida. Descubra agora