romantismo geométrico

71 3 0
                                    

romantismo geométrico

Quando tu me pediu em namoro, castanho, senti a mesma sensação de quando me mostraram a tabuada na infância e disseram-me: memorize. Seu idioma era quadrilátero, mas eu nada mais que silêncio falava. Tuas bochechas tinham o formato de meus lábios, mesmo sem nunca terem me sentido. A gente tinha forma? Massa em forma vira coração, o problema é quando tira e despedaça tudo. Nem sequer pensastes no rejunte de glacê...

Acho que o que estou tentando contar, castanhola, é que essas suas formas: o triângulo do nariz, as linhas paralelas do cabelo, o trapézio do pescoço e o cilíndro dos dedos me trouxeram a lume e percebi; não tinha estrela nos olhos, apenas esferas. Não entendendo essa física aplicada, esse teu jeito de pagar as contas depois de uma briga. Saímos da frequência, desligamos a vitrola, sem música nas idas para faculdade. Tem muito paralelepípedo pesando o ar entre eu e você, quase não te enxergo. Dói muito quando lembro que você nem tentou me procurar naquele labirinto geométrico, como míope que odeia os próprios óculos.

CASTANHO CASTANHOLAOnde histórias criam vida. Descubra agora