As partes íntimas também ficaram enormes; ela adorou a idéia! Se entregava a nós, como seria
de esperar, mas gostava mesmo era de transar com ele.
Ah, Ellen, a mulher que colocávamos num pedestal, a pura e imaculada Ellen; ah,
Ellen, a impoluta! Rebotalho nojento.
Gorrister esbofeteou-a. Caiu bruscamente no chão, erguendo logo os olhos para o
pobre Benny enlouquecido, e desatou a chorar. Era a sua grande arma de defesa. Já
estávamos acostumados, há setenta e cinco anos, com aquilo. Gorrister deu-lhe um
pontapé no lombo.
Foi então que se ouviu o ruído. Primeiro de leve. Metade som e metade luz,
qualquer coisa começou a brilhar nos olhos de Benny e a pulsar, cada vez mais forte, com
sonoridade imperceptível que foi se tornando ensurdecedora e ofuscante à medida que a
luz/som acelerava o ritmo. A dor devia ser muito grande e intensificada pelo aumento da
claridade e pelo volume crescente do ruído, pois Benny se pôs a uivar feito bicho. A
princípio baixinho, com a luz ainda fraca e o ruído abafado, depois mais alto, à proporção
que encolhia os ombros: arqueou as costas, como se quisesse se livrar de tudo aquilo.
Cruzou as mãos no peito, igual a um esquilo. Entortou a cabeça de lado. O focinho triste
de macaco se contorceu de angústia. De repente, quando o ruído que lhe saía pelos olhos
ficou mais forte, começou a gritar. Aos berros, sem parar. Tapei as orelhas com as mãos,
mas não adiantou, pois continuava escutando. A dor que ele sentia me provocava arrepios
semelhantes aos de uma folha de estanho rangendo nos dentes.
E Benny se pôs repentinamente de pé, na beira da saliência, com um movimento
tão brusco que parecia ter virado fantoche. Os olhos agora lançavam dois grandes raios
luminosos. O som crescia de intensidade, cada vez mais, numa escala inacreditável. Por fim
caiu de ponta-cabeça, indo bater com estrondo no piso metálico. Sacudiu o corpo todo em
contrações espasmódicas, enquanto os raios luminosos giravam em torno, sem parar, e o
barulho aumentava, em verdadeira espiral sonora, até ultrapassar o limite normal de
audição.
Depois a luz foi enfraquecendo aos poucos, retraindo-se para o recesso do crânio, o
som diminuiu e Benny continuou ali deitado, chorando de maneira confrangedora.
Os olhos lembravam dois nacos de geléia flácida e úmida, parecida com pus. AM
tinha deixado ele cego. Gorrister, Nimdok e eu... nos viramos para outro lado. Mas não
sem antes ver a expressão de alívio no rosto apaixonado, preocupado, de Ellen.
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eu não tenho boca e preciso gritar
Science FictionAnos depois da destruição da civilização humana, existem apenas cinco sobreviventes, e seu algoz, AM, a super inteligência que destruiu o mundo. O ódio que o computador nutre pelos humanos não tem fim, e por isso tortura-os, mantendo-os sempre em um...