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Ao acordar na manhã seguinte, Juliette emanava um bom humor. Levantou cedo, fez seu yoga, tomou café e se arrumou, impecável como sempre.

Em duas semanas de férias ela começou a fazer tudo o que dava na telha para ocupar o tempo ocioso, mas cada dia mais, sentia falta da correria do hospital. Se sentia desocupada.

A caminho do hospital, Juliette parou em um cruzamento e viu o exato momento do choque entre dois carros, reagindo em seguida. Ligou para a emergência e desceu para tentar ajudar as vítimas que gritavam desesperadas.

-Calma pessoal, já solicitei a emergência e eles estão a caminho. Eu preciso que vocês fiquem calmos e não se mexam, ok?

-Sim, senhora.

Se dirigindo a um dos carros onde somente uma pessoa respondeu, Juliette se abaixou e manteve contato.

-O que o senhor está sentindo? Eu sou Juliette.

-Ajuda a minha esposa, ela desmaiou.

Ela deu a volta ao carro e percebeu que a senhora não estava respirando corretamente. A puxou com cuidado deitando-a no chão e começou a RCP no tórax com 90 compressões por minuto. E continuou até a ambulância chegar.

-Ela está tendo uma parada cardiorrespiratória. Oxigênio agora!

-Senhora, precisamos que você saia e nos deixe fazer nosso trabalho. - O paramédico tentava tirá-la de cima da mulher.

-VOCÊ ESTÁ SURDO? Ela está tendo um ataque cardíaco, eu preciso de oxigênio, uma maca e um hospital agora!!!

-Ajudem ela.

Os paramédicos e bombeiros faziam seu trabalho enquanto Juliette continuava tentando reanimar a senhora já na ambulância que seguia para o hospital mais próximo.

Chegando no hospital, a morena coordenava a equipe de Emergência.

-Acidente em cruzamento, trauma torácico e parada cardiorrespiratória respiratória no local e durante o transporte até aqui. Ela precisa de uma sala de cirurgia agora. E eu preciso de uma permissão para operar- Continuava as compressões sem nem se dar conta do quanto ofegante estava.

-Quem é a senhora?

-Juliette Freire, cirurgiã geral. Agora VAI!

[...]

Algum tempo após ser direcionada a sala de cirurgia com a paciente já preparada para a cirurgia, Juliette deu um longo suspiro e começou.

Primeiro fez uma incisão ao lado esquerdo do tórax, reconstruiu os acessos a aorta com tubos de perfusão para desviar o fluxo sanguíneo do coração e estabelecer uma circulação extracorpórea. Isso permitia que o coração parasse de bater temporariamente durante a cirurgia. Em seguida, fez uma incisão cuidadosa na aorta torácica para acessar a área danificada que era muito grande, então era necessário uma incisão maior para substituir um segmento da aorta, fez a implantação de um suporte para fortalecer a área enfraquecida. Após o reparo e a substituição, ela fechou a incisão na aorta utilizando suturas cirúrgicas de alta resistência. E pra finalizar, fechou cada uma das camadas do tórax, incluindo músculos, tecidos e pele, utilizando suturas.

Juliette havia feito um trabalho impecável, saindo aplaudida do centro cirúrgico.

Saiu e se deparou com o senhor do acidente, uma loira e uma morena ao seu lado, que logo correram em sua direção.

-Como minha esposa está, doutora?

O senhor após atendimento entrou em contato com a família para avisar do ocorrido e não levou nem 10 min para que suas filhas viessem ao seu encontro. Naquela situação, apenas podiam esperar e rezar.

Medical Hearts - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora