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Maratona (2/3)

Freire's Pov

Desde o nosso reencontro no shopping, tudo estava uma confusão na minha cabeça. Ver Sarah de novo depois de tanto tempo tinha me abalado mais do que eu esperava. Eu não conseguia tirar os olhos dela, com aqueles cabelos curtos e loiros que ela tinha agora. Ela estava absolutamente linda, radiante. Mas não era só a aparência, era a forma como ela me olhava, aquele sorriso tímido que eu conhecia tão bem. Meu coração estava em um looping de emoções.

Eu sabia que tinha sido impulso o beijo no cinema. Toda a confusão das nossas desculpas só fez a situação ficar mais estranha. E o silêncio no carro enquanto a levava para casa era quase insuportável. Eu queria muito conversar com ela, esclarecer as coisas, mas ao mesmo tempo, estava com medo do que poderia acontecer se mergulhássemos de cabeça nessa conversa.

Quando chegamos à casa dela e ela me convidou para entrar, hesitei por um momento. O que eu estava fazendo ali? O que eu esperava que acontecesse? Mas algo dentro de mim não queria ir embora. Eu precisava estar perto dela, mesmo que fosse apenas para compartilhar um momento de tranquilidade.

Subimos juntas, e o silêncio continuou, mas de uma forma mais suportável. Eu queria dizer a ela o quanto aquela noite estava mexendo comigo, como eu a desejava, como meu coração ainda batia por ela. Mas ao mesmo tempo, eu tinha medo de que essas palavras mudassem tudo. Então, por enquanto, eu só queria estar ali, com Sarah, e ver para onde essa noite nos levaria.

Ao subirmos, nos deparamos com Maria, que sorriu calorosamente ao me ver e logo veio me dar um abraço afetuoso.

-Menina Ju. Quanto tempo! Como você está? -Ela perguntou com um sorriso.

-Eu tô bem, dona Maria, e a senhora? -Respondi, retribuindo o abraço.

-Eu tô ótima. Cuidando desse neném. -Ela respondeu, apontando para Sarah.

-Eu imagino a trabalheira. -Comentei, sabendo que cuidar da Sarah não devia ser tarefa fácil.

Logo, Maria se dirigiu a Sarah e informou que as compras haviam chegado e estavam no quarto de hóspedes. Ela também sugeriu fazer cuscuz para o jantar, e Sarah concordou prontamente, me intimando a ficar.

-Não precisa, dona Maria. Eu já vou nessa. -Eu disse, hesitante.

Mas Sarah interveio com um sorriso caloroso

-Faz sim, Má. A Juliette vai jantar conosco.

Maria saiu, nos deixando a sós, e trocamos um olhar significativo.

Nossos olhares se encontraram, e havia uma conexão entre nós que eu não podia ignorar. Eu queria tanto dizer a ela o quanto me importava, o quanto a amava, mas as palavras pareciam estar presas na minha garganta.

Então, em vez de falar, eu me aproximei e a abracei com ternura. Ela correspondeu ao abraço com carinho, e por um momento, parecia que o mundo lá fora não importava. Éramos apenas nós duas, compartilhando um momento íntimo e especial naquele quarto, cercadas pelas expectativas e emoções.

O abraço entre nós duas continuou por um tempo, até que nos afastamos.

Cautelosamente eu a perguntei porque ela havia deixado Londres.

Sarah olhou nos meus olhos com uma expressão de compreensão e um suspiro suave escapou de seus lábios. Ela sabia que essa conversa era inevitável.

Ela começou a me explicar sobre a situação, sobre como ela havia decidido montar um projeto de trabalho voluntário, a escolha dos lugares, da equipe e como tudo funcionaria apenas com doações. Era uma conversa franca e honesta, e eu a ouvia atentamente, tentando processar todas as informações.

Medical Hearts - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora