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Freire's Pov


Bem, acho que posso atualizar sobre as últimas duas semanas. Depois de voltar da maratona dos congressos, que foi incrível, devo admitir, voltei ao meu cotidiano em Londres. Fiquei super feliz em ver meus amigos, especialmente Mabá e Evandro na comemoração do meu retorno. Revê-los foi como um abraço na alma, sabe? Eles são como minha família, e acho que a sensação é recíproca. Mesmo quando estava longe, sentia o apoio deles, especialmente quando meu pai estava doente. Eles sempre estavam lá, me apoiando. E isso é algo que nunca vou esquecer.

Agora, quanto a Sarah, bem... não sei exatamente o que dizer. Estou triste, claro, pela maneira como as coisas ficaram entre nós e pelas coisas que poderiam ter sido, mas não foram. Sei que ela está lidando com muitos sentimentos, e que o tempo longe parece ter sido pesado para ela.

Nas últimas duas semanas, tenho tentado seguir com a minha vida. Continuo focando no meu trabalho e conciliando-o com a minha vida pessoal. Falo com meu pai e meu irmão todos os dias, a não ser quando surge algum imprevisto. Eles são minha âncora. Fico grata de tê-los na minha vida.

Tento manter uma vida social, também. Estou saindo com os amigos pelo menos uma vez por semana, e também tenho tentado fazer planos para cozinhar para eles. Camila se mudou para o prédio ao lado do meu e trabalha no mesmo local que eu, o que facilita nossos encontros. A maioria dos meus amigos mais próximos, que também são amigos da Sarah, trabalham no mesmo local, mesmo que em setores diferentes. É engraçado como as coisas acontecem, né?

Tenho cuidado da minha saúde também. Comecei a correr no parque quando tenho tempo, ou então vou malhar na academia do prédio. É bom para a mente e para o corpo. E me ajuda a manter a cabeça ocupada, longe de pensamentos que gostaria de evitar.

Mas, vamos ser honestas, mesmo com todas essas atividades, não posso evitar pensar em Sarah. À noite, a saudade aperta mais, e me pego revivendo os momentos que compartilhamos. As risadas, os abraços, os beijos... É como se tudo estivesse tão distante agora. Às vezes, tento me convencer de que estou bem, que posso seguir em frente. Mas, no fundo, ela ainda é a única que ocupa meu coração.

Tudo que vivemos juntas é uma lembrança constante, e meu armário ainda guarda uma caixa cheia de memórias. Fotos, cartas, presentes... É como se eu não conseguisse me desvencilhar da esperança de que talvez um dia as coisas possam mudar. Afinal, como deixar de amar alguém que fez parte da sua vida de forma tão intensa?

É difícil. Muitas vezes, antes de dormir, fico me perguntando o que teria acontecido se tivéssemos feito escolhas diferentes, se eu tivesse sido mais corajosa, se ela tivesse sido mais paciente. O que teria acontecido se tivéssemos enfrentado nossos medos juntas?

Mas o tempo passa, e por mais que a saudade aperte, sei que devo seguir em frente. Tenho que aceitar que, por enquanto, não somos o que éramos. E sei que ela precisa do tempo dela. Preciso respeitar suas escolhas e seu caminho.


[...]


E lá estava eu, a dra. Juliette, retornando ao hospital após uma semana intensiva de treinamento para afiar minhas habilidades cirúrgicas. Nada como a emoção de voltar ao centro cirúrgico depois de uma longa pausa. Era como andar de bicicleta, certo? Pelo menos, isso é o que todos diziam. Mas, eu admito, estava nervosa. Não é todo dia que você faz um retorno triunfal ao hospital.

No dia do meu primeiro procedimento cirúrgico, minhas mãos estavam ligeiramente trêmulas. Quem diria, né? Mas faz sentido, afinal, eu estava enferrujada na prática, apesar da teórica estar ainda melhor. No entanto, à medida que o procedimento avançava, uma onda de confiança me envolvia. Afinal, cirurgia era o meu jogo, e eu estava voltando a jogar muito bem. A equipe médica com a qual eu trabalhava elogiou meu desempenho, o que foi um alívio.

Medical Hearts - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora