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Nar Pov

A vida seguiu.

Conforme o tempo foi passando, as coisas iam se encaminhando para um afastamento entre Sarah e Juliette. Não que elas estivem próximas, não, elas nem sequer tiveram tempo pra isso. E a vida seguiu.

Juliette conseguiu conciliar todos os horários, abrindo mão de algumas palestras para priorizar a si mesma e estava se saindo bem.

Nas horas livres gostava de conhecer novos lugares em Londres e redondeza com sua moto. Ela também investia tempo em exercícios físicos e em seu psicólogo. Juliette voltou a frequentar locais que ia antes. Incluindo uma cafeteria que gostava muito entre o hospital e seu apartamento. Havia uma livraria no piso superior e ela perdia horas ali.

Nesse meio tempo também, ela se aproximou mais das pessoas do hospital, incluindo sua ex residente e agora colega de profissão, dra. Carla Diaz.

As duas tinham uma sintonia nas cirurgias e se divertiam nos intervalos entre um paciente e outro. Elas também passaram a sair com frequência nas folgas, conversando e conhecendo mais uma a outra.

Carla era alegre, contagiante, na verdade e Juliette adorava o jeito da mais nova. A morena já a admirava quando era residente, agora então, era só orgulho. E Carla fazia questão de agradece-lá por tudo o que ela havia ensinado em tão pouco tempo, que foi crucial para a evolução dela enquanto profissional. Carla era uma boa ouvinte, confidente e amiga. Elas conversavam muito, e essas conversas se estendiam a Thaís, quando ela estava presente. Carla lhe contara em um dos longos papos que tiveram que pouco tempo depois da morena ir para o Brasil, ela e a Thaís finalmente resolveram assumir o que sentiam uma pela outra e namoravam desde então mas que praticamente ninguém no hospital sabia pois Thaís havia mudado o hospital da residência para se inscrever em um programa ofertado por eles, onde havia conseguido a vaga.

Juliette podia ver que a loira havia ficado temerosa quanto a sua reação enquanto contava e soltou uma gargalhada, a revelando em seguida que dava pra perceber a tensão sexual entre as duas quando se pirraçavam, recebendo uma gargalhada da mais nova concordando e falando que nada mudara.

Juliette apreciava o tempo com elas.

Para as outras pessoas próximas e que a conheciam antes, ela estava claramente diferente. Essa Juliette, apesar das tiradas inteligentes e jogo de cintura, era séria e focada, quase inacessível emocionalmente.

O que eles não sabiam é que essa foi a forma que conseguiu de suportar sem desistir de tudo o que amava. Ela estava à beira de seu próprio penhasco e ninguém poderia ajudá-la a não ser ela mesma.

Foi difícil, foi duro, foi doloroso e ela se quebrou ainda mais se reconstruindo. Com a orientação de seu terapeuta, conseguiu aos poucos colocar cada situação e sentimentos em seu lugar e começar a entender tudo o que passou enquanto ela estava com os olhos fechados. E aos poucos seus cacos estavam sendo colados.

Ela não se sentia a mesma e nem poderia, pois não era.

Quanto a Sarah, a loira seguia sua vida se entregando as pesquisas, a longa pausa que deu na área a fez ter muito trabalho acumulado. A medicina avançava cada vez mais rápido e ainda assim a passos de formiga.

Então ela estudava. Estudava trabalhando e tentava manter sua cabeça ocupada o máximo que podia.

Nas horas livres se reunia com a família e amigos, ia a baladas, e frequentava locais que já fizera parte de seu passado. Ela também havia começado a fazer terapia e já conseguia entender certos sentimentos. Mas ainda não conseguia entender porque não conseguia simplesmente voltar com Juliette.

Medical Hearts - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora