P.JM.
Quando eu tinha doze anos, eu conheci a minha pessoa favorita no mundo inteiro. E eu não brinco ao dizer isso, porque eu encontrei alguém que me entendia, me fazia companhia e preenchia o vazio em que eu vivia. Jeon Jungkook tinha apenas seis anos, no entanto, e me representava o irmão que eu sempre quis e nunca tive.
Meus pais nunca tiveram tempo para mim, quem dirá um segundo filho. Por isso, eu cresci com uma babá e vivi infeliz por longos doze anos. Mas eu me tornei amigo de Hyun e passei a frequentar sua casa, assim conheci o seu irmão caçula e me encantei pela esperteza que uma criança tão radiante de seis aninhos era capaz de ter. Eu me apeguei tão rápido a ele, que na maioria dos dias fui para a minha própria casa chorando de tanta inveja que eu tinha.
Porque Hyun tinha um irmão incrível e o menosprezava pelo simples fato de que não tinha a atenção de seus pais apenas para si mesmo e precisava dividir aos dois com alguém pequeno que nitidamente necessitava de mais cuidado. Mas os pais dele nunca permitiram que ele se sentisse assim, eles se dividiam em inúmeros pedaços para cuidar dos dois ao mesmo tempo. Hyun, que tinha tanto ciúme, se afundou nisso totalmente sozinho.
E eu me apeguei e eu queria estar ao lado deles todos os dias, no meio de uma família que me causava a maior sensação de paz, lar e conforto do mundo. Eu amei Jungkook mais rápido do que qualquer outra pessoa. E apesar do que Hyun parece enxergar, isso jamais foi além do fraternal. Eu tinha responsabilidade e maturidade o suficiente para separar as situações. Eu o amava como se ele fosse um pedacinho meu, como se de fato fosse meu irmão e simplesmente tivesse nascido de outra mãe. Eu não precisava de um laço sanguíneo e nem me importava com um.
Mas Hyun sim. E ele sempre me atormentou com isso.
Só que eu preferia amizades frustradas a estar sozinho, então eu o tinha como amigo e usava de todas as desculpas possíveis para estar em sua casa.
Porque mesmo solitário e passando o mínimo de tempo com meus pais, eles sempre me pressionaram e me cobraram muito. Queriam que eu fosse perfeito e eu sabia que estava longe de ser. Mas Jungkook... ele era a única pessoa no mundo inteiro que não me exigia nada. Ele me queria perto pelo o que eu era e quem eu era parecia sempre ser mais do que o suficiente. Eu era o seu confidente, para quem ele corria quando tinha pesadelos, quem limpava seus joelhos ralados e, principalmente, quem o incentivava a nunca desistir de seus sonhos.
O problema é que a infância um dia acaba e Hyun se tornou um adolescente invejoso a ponto de machucar. Seu irmão tinha atenção de todos, era um menino prodígio que só trazia orgulho aos pais. E o que mais irritava Hyun: ele me tinha na palma das duas mãos. Eu fazia tudo para fazê-lo feliz. Se eu conseguisse um sorrisinho de coelhinho dele, eu recarregava as energias para todo o dia.
Mas ele começou a crescer e, bem, eu fiquei mais velho também, logicamente. E Hyun começou a enxergar coisa onde não tinha. A dependência que Jungkook tinha para comigo o privava de fazer outras amizades e ele se perdia no mundo da lua e das estrelas sempre que estava ao meu lado. Ele queria estar comigo o tempo inteiro. Estudávamos em períodos diferentes e ele ficava na minha sala de aula no seu turno inverso e depois eu o esperava para poder acompanhá-lo até sua casa, nós dividíamos os fones de ouvido e curtíamos nossas músicas favoritas juntos. Não tinha absolutamente nada de errado.
Ou tinha e eu era cego demais para ver. Ele se tornou dependente de mim a ponto de chorar na minha ausência e de me implorar que eu morasse em sua casa. Mas como eu poderia culpá-lo? Seus pais começaram a trabalhar tanto quanto os meus, seu irmão o ignorava na época em que o achava infantil demais para um jovem de treze a quatorze anos e eu era o único paciente que o mimava e animava.
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Júpiter & Vênus | jjk + pjm
FanfictionJeon Jungkook tinha apenas quatorze anos quando viu Jimin ir embora para fazer um intercâmbio, aos vinte anos. Algo dentro de si soube que não veria o Park tão cedo, isso se ainda o visse outra vez. Quando o viu partir atrás de seu sonho, sentiu que...