Epílogo: A Constelação de Júpiter

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Durante uns vinte anos, eu tive um sonho. Talvez um sonho grande perto de alguns, pequeno perto de outros. O tamanho do sonho nunca importa, a importância se dá ao quanto você se empenha em ir atrás dele e o realizar, seja sozinho ou com ajuda.

Meus pais sempre me deram apoio de algum modo, ou era o que eu, tão iludido, sempre pensava. Meu irmão sempre achou que meu sonho era infantil demais e que eu deveria ir atrás de algo que me garantisse um lar e uma mesa farta, ou que eu pudesse sustentar uma família. Hoje eu sei que ele sentiu inveja de mim, porque eu fui atrás do que queria mesmo não sendo a vontade de terceiros, enquanto ele se formou no que era desejo do meu pai e não dele.

Além disso, hoje eu também entendo que eu vivi por muito tempo na sombra dele e que eu merecia ter meu brilho próprio. Um brilho que somente duas pessoas ressaltaram a existência e me ajudaram a vê-lo também.

Eu tinha apenas seis anos quando prometi a Park Jimin, que o daria uma estrela de presente um dia. Na minha cabeça infantil, eu pensava que poderia entrar em um foguete, ir até o céu e pegar uma estrela com a minha própria mão, sem saber que elas todas estão distantes demais para tornar isso ao menos possível.

Ainda assim, eu cresci com essa promessa.

Aos quatorze anos, quando precisei me despedir de Jimin em um aeroporto, eu percebi que distância alguma podia doer tanto quanto aquela. Porque a pessoa que mais me incentivava, estava indo para longe de mim alegando que ficaria por seis meses – o que já doía – quando, a verdade, me deixaria por seis longos anos.

Os piores anos da minha vida.

Mesmo assim, foi nesse meio tempo que eu fiz uma amizade inusitada, com alguém que é cem por cento o meu oposto. Ele é caos, eu sou calmaria. Ele é a tempestade, eu sou a chuva mansa de verão. De qualquer forma, apesar de sermos tão diferentes, Kim Taehyung me completa ao seu modo e eu sei que nada seria sem sua presença.

A sua presença e do seu grude diário, também conhecido como Min Yoongi, o seu namorado. Seu namorado e meu chefe no centro da NASA na Coreia do Sul.

Porque sim, eu consegui a vaga. Na primeira festa que participei, podia levar até três acompanhantes, eu decidi levar meu melhor amigo e o meu namorado, e aí eu perdi o amigo para o chefe em menos de trinta minutos. E é estranho pensar que eles estão juntos há cinco anos, assim como Jimin e eu.

Faz cinco anos que eu saí de casa.

Faz cinco anos que eu não troco uma sequer palavra com meus pais ou com o meu irmão.

Faz cinco anos que eu sou feliz sendo quem eu sou, ao lado das pessoas que eu amo, formado no curso dos meus sonhos e trabalhando em um lugar que é simplesmente um sonho de consumo.

E nada disso foi fácil, nada disso foi do dia para a noite. Eu tive um quadro tão severo de depressão, que é difícil olhar para o passado e me comparar com a minha versão atual que, na minha opinião, é a minha melhor versão.

Cinco anos atrás, enquanto eu me despedia de Jimin na porta do apartamento, meu irmão abriu a porta e me viu dar um beijo na bochecha do Ji. Um beijo na bochecha! Eu não estava o agarrando como um selvagem no meio do corredor, eu tenho noção de lugar e espaço e sei que casais muito grudentos podem criar climas desconfortáveis e eu não queria essa situação com meus vizinhos. Não por Jimin e eu sermos dois homens, porque nem foi isso o que passou na minha cabeça, mas sim porque eu mesmo tenho agonia de ver duas pessoas se agarrando feito sabe-se lá o que.

Só que ele teve o surto do século e eu sequer sabia que ele podia gritar tanto. E mesmo que eu não quisesse Jimin perto para presenciar isso, eu agradeci a cada segundo por ele ter entrado naquele apartamento comigo. Porque meus pais também estavam lá, e tiveram o mesmo surto que Hyun, se não foi pior.

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⏰ Última atualização: Jul 10 ⏰

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