Amor unissante

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Park Jimin

Eu nunca me entendi direito dentro de determinados aspectos, sendo estes os mais variados possíveis. Eu nunca fui bom em compreender meus sentimentos, as razões do meu coração acelerar ou, até mesmo, aquele friozinho quase incômodo na barriga – parecido com aquele que sentimos em uma montanha-russa.

E isso nunca me incomodou, porque nunca me afetou de verdade.

Mas é estranho quando é Jungkook quem me causa todas essas coisas e eu não sei como lidar com nenhuma delas. O coração disparado por seus sorrisos tímidos não é uma novidade desde o meu retorno para Seul. Achar que ele é o homem mais bonito que já vi, também não é novo.

Só que é diferente me sentir assim, porque antes de ir embora nunca tinha acontecido. Até agora não entendo se eu apenas o via de outro modo, ou se nossa diferença de idade já era um empecilho por si só. Talvez eu nunca entenda como deixei de vê-lo como melhor amigo e irmão mais novo, para um homem bonito e atraente que me deixa com o coração acelerado.

Entretanto, essas duas sensações são tão corriqueiras desde que o reencontrei e que fizemos as pazes, que não me assustam mais. Eu não entendo muito a respeito delas, mas já me acostumei.

O que é novo, é o sentimento amargo que me incomoda agora, e que me percorre inteiro durante os últimos sete dias.

Jungkook só fez um amigo depois de mim, e esse foi Taehyung. E eu me senti orgulhoso quando o vi fazer mais uma amizade, dessa vez com uma menina da sua turma que formou um trio com ele e o Kim para uma atividade avaliativa. Eu fiquei muito feliz quando ele me contou, todo animado, que depois de tanto tempo conseguiu conversar com outra pessoa sem medo, sem travas.

Como se o fato de me ter outra vez em sua vida, tivesse desbloqueado seus sentimentos que tanto ficaram presos.

Eu fiquei feliz, de verdade, especialmente acompanhando seu olhar feliz e seu sorriso enorme e contagiante.

Isso até conhecer a tal garota.

Jungkook tinha deixado seu carro na oficina para a troca de dois pneus e eu me ofereci não apenas para buscar o veículo, mas também buscar o Jeon na faculdade. Não era problema algum fazer uma gentileza, ainda mais considerando as caronas diárias que ele me proporcionava. Era o certo a se fazer.

Ele me enviou mensagem e me pediu para o encontrar na biblioteca, porque faltava alguns detalhes do manuscrito e eles não queriam perder o foco. Outra vez eu não me importei, claro, porque sabia que não demoraria muito – e eu não tinha mais aulas a dar e nada de importante a fazer.

Quando me sentei na mesa ao lado deles, peguei meu notebook da minha mochila e foquei em preparar alguns exercícios para meus alunos, aproveitando assim o meu tempo livre. Só que meu foco logo se esvaiu por inteiro.

Porque eu vi o olhar daquela menina na direção de Jungkook. Eu vi, eu presenciei, e talvez não tivesse acreditado se alguém me dissesse. O que é loucura, visto que Jungkook é um homem lindo. Lindo e solteiro.

Talvez Jungkook não a enxergasse da mesma forma e, por isso, não tenha percebido o jeito descarado que ela estava dando em cima dele. E eu me senti péssimo por ter notado e por ter me sentido tão pequeno perante tudo que ele me causa todos os dias desde o nosso reencontro e, mais ainda, desde que fizemos as pazes.

E isso me corroeu nos últimos dias, mesmo que eu tenha continuado a ver o Jeon todos os dias, na ida e na volta das suas aulas e do meu trabalho. Mas eu me senti mal e ele percebeu, e não completou uma semana para que ele me questionasse quanto a isso.

— Ji, por que você está tão distante? Eu fiz algo de errado?

Com sua pergunta, meus olhos se enchem de lágrimas, como se eu tivesse segurado durante esses dias todos o que estava me incomodando, a ponto de quase sufocar. E eu deveria ter procurado o próprio Jungkook, desabafar e explicar o quão confuso tenho me sentido e o quão estranho é ter ciúmes dele desse jeito.

Júpiter & Vênus | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora