Capítulo 1

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As mãos de Mathias escorregaram do pescoço da delega, que permaneceu em choque. O corpo do pastor logo tombou no chão, seu sangue começando a se espalhar pelo carpete.

- Anita! - a voz feminina tirou a delega do transe.

A loira se virou, dando de cara com Verônica, que estava acompanhada de Glória, a delegada responsável pela delegacia da mulher.

- Puta merda, quase que esse filho da puta te mata. - esbraveja a escrivã, se agachando para analisar o corpo de Mathias.

- Tá tudo bem? - a delegada Glória se aproximou de Anita, colocando a mão sob seu ombro e observando a loira.

- Sim, eu... Merda. - a delegada, nervosa, passou a mão pelos cabelos, puxando os fios para trás. - O que a gente vai fazer com a porra do corpo do Mathias agora?

- O Prata já tá vindo aí. Ele vai cuidar do corpo. - disse Verônica, levantando e se pondo em frente à delegada.

As três mulheres olharam de relance para o corpo do pastor, que parecia ainda mais assustador morto e jogado no carpete da delegada.

- Arruma suas coisas Anita, a gente precisa se mandar logo. - Verônica apontou para a porta com a cabeça e guardou sua arma, indo em direção ao bar da delegada.

- Tá maluca, escrivã? Não vou à lugar nenhum com você. Não fui eu que matei o merda do Mathias, se virem! - a delegada esbravejou, revirando os olhos para Verônica, e foi pegar a maleta que escondeu anteriormente.

- Anita, esqueceu que a merda do apartamento é seu? Quando sentirem falta do Mathias, aqui vai ser o primeiro lugar em que vão procurar. - a escrivã se serviu do whiskey da delegada e se escorou no bar. - Aliás, acha que ele veio aqui pra que? Você já tá morta porra! 

- Ah, é? Então qual seu plano, escrivã? - Anita se pôs em frente à delegada, a encarando com aqueles olhos penetrantes.

Verônica encarou a delega de volta e terminou o whiskey que havia servido. Deu um passo a frente, conseguindo sentir a respiração da delegada em seu rosto.

- Sem tempo Anita. Arruma uma mala e a gente discute no caminho. Ou você prefere ficar aqui e ser morta por alguém da turminha do Mathias? - disse, desafiando a delegada.

- Quem precisa de mim aqui é você, escrivã, não esquece. - ela deu uma batidinha no rosto da outra e abriu um sorriso irônico. - Eu vou com você. Mas se aprontar alguma, eu dou o fora.

A delegada deu as costas para Verônica e foi para seu quarto juntar algumas roupas. A escrivã e a delegada Glória se entreolharam e reviraram os olhos, zombando da loira.

Em pouco tempo Anita retorna, segurando uma mochila à tiracolo. Verônica mexia no celular, sem prestar atenção nas duas delegadas.

- E aí, bora? - disse Anita, impaciente.

- Espera só um pouquinho... - a campainha do apartamento tocou, fazendo Verônica levantar o rosto do celular. - É o Prata, ele vai esconder o corpo no IML até a gente pensar no que fazer com ele.

- Porra escrivã, e o que a gente vai fazer com a porra do corpo? Mandar de presente pra familiazinha feliz dele?

- Não é uma má ideia. Vamos logo, Anita. - Verônica tomou a mala da mão da delegada e foi andando na frente, abrindo a porta do apartamento.

- Prata, amigo. - Verônica deu de cara com o homem ao abrir a porta, e deu um rápido abraço nele. - Tô na pressa agora, mas te ligo depois beleza?

Verônica trocou mais algumas palavras com Prata e se despediu, chamando Anita e Glória para a acompanharem.

- Eu tenho que ir resolver uma papelada lá na delegacia, mas você já sabe pra onde ir. Qualquer coisa liga. - Glória sacou a chave de seu carro e voltou o olhar para as duas mulheres. - Boa sorte, Verônica. Tchau, Anita. - Disse, se virando e lançando um sorriso irônico para a loira.

Verônica andou até sua moto e guardou a mochila da delegada.

- Pera aí, eu vou ter que andar nisso aí? - Anita encarou o capacete na mão da escrivã, que já estava subindo na moto.

- E, se eu fosse você, seguraria bem firme. Gosto de andar rápido. - Verônica deu uma piscadinha para a delegada.

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Desencontros - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora