Capítulo 2

627 68 20
                                    


- Eu não ando mais nessa merda, escrivã! - a delegada desceu da moto esbravejando com a outra.

- Jura? Achei que você tava curtindo pelo tanto que se agarrou em mim.

Verônica pegou a mala da delegada e foi andando na frente, fazendo Anita apertar o passo para acompanha-la.

- Com você correndo que nem uma maluca, queria que eu fizesse o quê, hein? Jogasse as mãos pra cima? - Anita seguiu discutindo com a escrivã, até chegarem em frente à um prédio e Verônica puxar um molho de chaves do bolso.

A escrivã segurou a porta para a loira entrar e continuou andando na frente em disparada, tentando evitar mais comentários da delegada.

Depois de alguns corredores estranhos, as duas finalmente chegaram no esconderijo de Verônica. A parede estava lotada de fotos, inclusive algumas contendo a delegada, que parou para encarar o painel.

- Parece que você realmente não brinca em serviço, hein, escrivã? - a loira deu outro sorrisinho irônico para Verônica, e se jogou no sofá que tinha no meio do cômodo.

- Anita, eu sei que isso é brincadeira pra você, mas eu preciso que você me conte o que sabe sobre o orfanato. Nosso tempo tá contado.

- Porra, dá um tempo escrivã. Não tô no clima pra contar historinhas sobre o cara que acabou de tentar me matar. - a loira desviou os olhos de Verônica, tentando mascarar que o assunto era delicado.

- Tá bem. - Verônica tirou o casaco que usava, revelando seus braços que já estavam ficando fortes, graças ao boxe, e se sentou ao lado de Anita. - Vou te explicar qual o meu plano.

~

Verônica estava retornando ao esconderijo, havia saído para fazer compras, já que agora dividiria o teto com a delegada.

A escrivã chegou, jogando suas chaves em uma mesa qualquer e largando as sacolas em um canto.

Olhou em volta, procurando algum sinal da loira. Andou pelos outros cômodos, pouco mobiliados e com uma aparência desleixada, e reparou na porta do banheiro, que estava entreaberta.

Se aproximou mais, esperando encontrar Anita, e, pelo vão da porta, conseguiu ver a delegada passar, completamente nua. Verônica imediatamente saiu de perto da porta, com medo da delegada a ver e fazer um escarcéu.

Voltou até o cômodo principal e se atirou no sofá, aguardando a loira aparecer. Não deixou de pensar que Anita tinha um belo corpo, apesar de ser insuportável.

Trocou algumas mensagens com Glória, que avisou que apareceria em breve, para conversar com Verônica sobre alguma pista nova.

Pouco tempo depois, Anita apareceu, usando um shorts e uma camiseta branca. A escrivã estranhou ver a loira com roupas simples, ela sempre parecia elegante na delegacia.

- A Glória vai vir aqui daqui a pouco. Tá se habituando ao lugar?

- Tirando que isso aqui é uma bela de uma espelunca, sim. - A delegada sentou do lado de Verônica no sofá, cruzando os braços.

- Não se preocupa, da próxima vez que eu tiver que me esconder de uma máfia com você junto, eu escolho um hotel cinco estrelas. - Verônica remexeu nas sacolas de compras que deixou ao lado do sofá, e puxou uma garrafa de cerveja, que abriu com a própria mão.

- Que foi? - Verônica percebeu a expressão indefinida da delegada.

- Cerveja a essa hora, escrivã? Nem pra beber algo bom ainda por cima. - a delegada fez cara de nojo.

- Oh desculpa madame delegada, esqueci que você só bebia coisas finas. - Verônica tirou sarro da loira.

- Eu tenho bom gosto, é diferente. Consigo beber qualquer coisa, escrivã.

- Jura? Sirva-se a vontade então. - Verônica estendeu a garrafa para a loira, a desafiando.

Anita estreitou os olhos e pegou a garrafa, hesitante.
Verônica lançou mais um olhar desafiador para a delegada, que virou a garrafa e deu um fim na cerveja.

- Faz. Melhor. Escrivã. - silabou Anita, com um sorriso vitorioso.

- Vai me desafiar também agora? - Verônica puxou outra garrafa da sacola.

- Já que você adora joguinhos, escrivã.

Verônica virou a garrafa e terminou em uma velocidade abrupta. Bateu a garrafa na mesa com força, se gabando para a delegada.

- Isso é o melhor que consegue? - rebateu Anita, com um sorrisinho maléfico no rosto.

- Atrapalho a brincadeira, crianças? - Glória entrou na sala, segurando uma pasta. - Tenho uma coisa pra mostrar vocês.

Glória se sentou em uma cadeira de frente para as duas, e tirou uma fotografia da pasta.

- Quem é esse cara na foto, Glória? - Verônica se aproximou, tentando lembrar se conhecia o sujeito.

- É o que estamos tentando descobrir. Coloquei um drone para seguir o carro do Mathias, e ele foi se encontrar com esse homem. Local discreto, seguranças, parecia sério.

Anita olhou por cima do ombro de Verônica, que estava inclinada sobre a foto.

- Doum. - a loira sussurrou, com os olhos arregalados.

———————————————————————————
Não esqueçam de votar nos caps🫶🏻
Me sigam no Twitter, @lesbstzmn para hablarmos de bdv!
Qualquer sugestão/erro avisem!

Desencontros - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora