- Você vai ter que explicar mais do que isso, Anita. - Glória interrompeu o silêncio que se instalou.- Mathias, Brandão e Doum. O Doum é o cabeça, mas quase ninguém sabe da existência dele. - a loira começou a andar enquanto falava, fazendo gestos com as mãos. - Isso é bem pior do que vocês pensam, e não é só tráfego que eles fazem... Tem coisa pra caralho no meio disso.
Mesmo com a pose de durona, Anita estava com um semblante preocupado, inquieto. Verônica e Glória não sabiam como estava a cabeça da delegada a respeito de todos os abusos sofridos no orfanato, apesar de tanto tempo ter se passado. Tentar arrancar tudo de uma vez não era uma boa opção, como antes, sem pensar, Verônica havia feito.
Seria preciso calma e quem sabe assim, talvez, em um golpe de sorte, a delegada soltasse boas informações. Embora as duas estivessem cheias de perguntas, precisavam se conter.
- Você pode falar mais alguma coisa sobre? - Glória tentou.
- Eu sei que liguei pra Verônica pra contar o que sabia do Mathias, apesar do que aconteceu depois. - Anita passou às mãos pelos seus cabelos dourados. - Mas eu preciso me organizar melhor, tá? Pensar um pouco no que vale a pena contar. Não vou enrolar.
Verônica e Glória trocaram olhares, surpresas pela sinceridade da loira, sempre tão ríspida.
- Bem, eu preciso ir. Verônica, me acompanha pra trocarmos uma palavrinha? - Glória se encaminhou para perto da porta.
- Claro.
Anita ficou observando as extremidades do cômodo, perdida em seus pensamentos. Ela não tinha ideia do que poderia acontecer no futuro, mas sabia o quanto Mathias era perigoso. E agora, acabara de se tornar um alvo. Mathias provavelmente havia descoberto que fora ela quem passou as coordenadas do helicóptero, e, com o sumiço dele, ela seria a próxima a entrar na lista negra da máfia.
A presença de Verônica no cômodo foi notada por Anita, que se virou para encara-la.
- Como você achou esse lugar? - a delegada voltou a observar os arredores.
- Era do Nelson. - Verônica se sentou no sofá e jogou a cabeça para trás. - Meu amigo que você matou, lembra?
- Jura? Que peninha. - a delegada debochou, recebendo um olhar furioso de Verônica. - Pra sobreviver é preciso fazer esse tipo de coisa, só obedeço minhas ordens. - tentou justificar.
- Tá tarde, vou dormir. - a escrivã levantou e fez um gesto apontando pro outro cômodo. - Pode ficar no sofá.
Um som de batida na porta chamou a atenção das duas, que trocaram um olhar confuso.
- Será que a Glória esqueceu algo? - Verônica se dirigiu até a porta, estranhando o retorno já que a delegada era tão metódica.
Ao abrir a porta, a escrivã não teve nem sinal de Glória, havia apenas uma caixa aos pés da porta. Anita notou a movimentação incomum de Verônica, e se pôs ao lado dela, curiosa.
- Que merda é essa aí? - A delegada cruzou os braços e deu um leve chute na caixa, que não se moveu. - É pesado. - pensou alto.
Verônica se abaixou e tomou a caixa nas mãos, concordando com a observação da delegada sobre o peso do pacote.
Anita fechou a porta e a escrivã levou a caixa até uma mesa. As duas mulheres cercaram a caixa. Verônica tratou de retirar as várias fitas que lacravam a embalagem, utilizando um estilete que achou largado pelo local. Finalmente, o lacre da grossa caixa de papelão foi retirado, e aberto cautelosamente pela escrivã.
Poucas horas haviam se passado desde o encontro do pastor com a delegada, mas Anita sabia que em breve receberia alguma mensagem da máfia, algum "eu sei", já que eles que não deixavam nada passar. Só não sabia que seria tão cedo.
- Puta merda. - Anita deixou escapar.
A cabeça de Mathias Carneiro.
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Desencontros - Veronita
FanfictionVerônica Torres sempre detestou Anita Berlinger. Junto com as investigações da máfia de Mathias Carneiro, ela descobre sobre o passado sombrio da delegada, que estava mais próxima de Mathias do que ela imaginava. Anita Berlinger sabe demais. Sempre...