Âncora em meio ao caos.

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          ᪶◗ Capítulo Dez: Âncora em meio ao caos.

Não consegui medir a força quando empurrei a porta de correr para o lado. Não tive tempo de averiguar o ambiente, agora com duas velas ao lado do corpo adormecido de Minho. Minha mente entorpecida estava turva e confusa; a embriaguez fazia-me questionar se os momentos anteriores eram somente fantasias e não lembranças vívidas. Meus passos vacilavam pelo chão contorcido e meus joelhos bateram fortemente contra o chão ao lado do homem.

Minhas mãos empurraram o corpo mole de Minho, que em resmungos altos me afastou em um único empurrão bruto, me fazendo cair sentado.

— O que você quer, garoto!? — Se sentou num solavanco, olhando-me com a ira característica de quem foi acordado de uma boa soneca.

— Há... alguma coisa, talvez um monstro! Um monstro na sala do lado! — Endireitei o corpo, puxando as vestes do maior em um desespero que eu não tinha exata noção de estar sentindo.

— Pelo amor de Deus, não venha com isso agora. — Empurrou as minhas mãos e deitou-se novamente, completamente descrente das minhas palavras.

— É sério! O Seungmin brigou comigo! — Choraminguei confuso, sentindo tudo ao meu redor girar. Não estava tendo muita percepção de tempo, mas parece que levou horas até que Minho me respondesse novamente.

— O médico simpático...? — Sua voz saiu lenta e abafada, estava prestes a cair no sono.

— Ele não é simpático! Eu... acho. — Pisquei os olhos tentando me recordar se Seungmin realmente estava lá quando tudo aconteceu. Eu lembro da ameaça, lembro dos seus olhos raivosos me corroendo. Mas talvez... talvez não tivesse acontecido...?

Só existia uma forma de saber.

— Vamos, Minho! Eu te levo até lá! — Lhe puxei novamente e sua feição foi tão insatisfeita e raivosa que julguei que ele me bateria a qualquer momento. No entanto, somente se sentou com um pouco de esforço e empurrou novamente minhas mãos de cima de si.

— Claro, por que não me levanto e saio pulando igual um coelhinho feliz!? — Seu tom de voz saiu muito irritadiço e grosso para eu achar que era realmente uma ideia. Só então, olhei o enorme curativo na perna de Minho. Aquilo me desesperou, ele não poderia ajudar.

E se não fosse algo da minha cabeça bêbada? E se realmente existisse algo perigoso do outro lado? Eu seria o culpado, foi eu quem nos trouxe para cá, foi eu que o coloquei em perigo após ele salvar a minha vida.

— O monstro na sala! — Minha voz saiu chorosa e se estivesse sóbrio teria vergonha do quão humilhante parecia naquele momento. — Ele... O monstro! Me desculpa! É culpa minha!

— Jisung, chega! — Segurou meus ombros, fazendo-me encará-lo.

Uma pequena lágrima escorreu pela minha bochecha, o que seria um completo absurdo se eu estivesse sóbrio. No entanto, aquela cena humilhante parece ter atingido alguma parte sombria daquele coração bruto e gelado de Minho, já que seus olhos vacilaram e ele suavizou a expressão de represália.

Eu sabia que ele sentia o tremor das minhas mãos enquanto me segurava. O cheiro de álcool impregnava o ar, tornando o ambiente ainda mais opressivo. Era como se o próprio tempo tivesse desacelerado, amplificando a gravidade da situação.

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