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Tudo que estiver em negrito é o próprio Rosinante (do futuro) contando.
Terá algumas palavras em espanhol, consulte o glossário no final do capítulo.
♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡Quem me vê hoje com trinta e três anos, casado, pai de dois filhos, com uma carreira consolidada na investigação e servindo de exemplo para os novatos, nunca imaginaria que fui o filho problemático, meu irmão nunca fez 1% do que fiz e obviamente não faria só para ter prazer de me menosprezar e passar por cima.
Não gosto que me prendam em regras que não tem como serem seguidas, minha mãe sempre me deu liberdade para agir como eu me sentia mais confortável e desde meus quatorze anos, eu sigo sendo quem sou até hoje em dia.
Antes não se tinha muito conhecimento sobre gênero e sexualidade, mas eu sabia que homem eu nunca fui, pelo menos não 100%. Hoje sei que sou demigirl, mas em pleno 2001 esse termo nem existia, costumavam me chamar de andrógino e para mim isso era o suficiente.
Quando me assumi, minha mãe ficou muito feliz, me acolheu e fez milhares de perguntas para poder aprender sobre o “novo eu”, diferente do meu pai e do meu irmão que passaram a ficar menos tempo no mesmo ambiente que eu e até mesmo não conversávamos. Nós brigávamos sempre que algum deles abriam a boca. A convivência era infernal e quanto menos tempo eu passava dentro de casa, melhor era para mim.
Fumei meu primeiro cigarro escondido aos quatorze, mal parava em casa e quando estava preferia ficar trancado em meu quarto com meu Nintendo 64, era para eu ter um GameCube, mas meu pai insistiu para dar ao meu irmão. Detalhe, ele nunca usou. Tudo que eu pensava em ter, ele me negava, nem se minha mãe tentasse convencê-lo. Esses dois me odiavam.
Também costumava me trancar no quarto com a minha mãe, foi ela que me ensinou o dom da maquiagem perfeita, herdei o amor por batons vermelho dela. Ela me contava que, quando era mais nova, não andava muito maquiada pelos costumes da época, mas isso mudou quando se casou e o mundo evolui de mentalidade. Esses momentos com ela eram tão bons e libertadores.
Foi difícil a minha adaptação dessa nova vida na escola, foram muitos dentes quebrados e muitos castigos até que parassem com o bullying, era assim que eu resolvia as coisas na minha época de escola. Aqui era só Deus para me proteger, mas jamais abaixei a cabeça para ninguém, meu orgulho sempre gritava mais alto.
Já fui expulso de muitos colégios da Espanha pelo meu péssimo comportamento, porém era inegável que eu sempre era considerado o melhor aluno da escola, amava esfregar minha nerdice e minhas notas altas na cara dos outros.
As coisas começaram a se complicar quando minha mãe ficou doente e nenhum dos médicos sabiam o que ela tinha, nem que remédio ministrar a ela e sem previsão de alta. Sem minha defensora, a convivência em casa ficou ainda pior, preferia morrer de fome do que ter que descer as escadas e dividir a mesa com aqueles dois abutres.
— Rosinante — ouvi meu pai chamar do outro lado da porta — Não vai jantar de novo?
— Prefiro beber veneno — respondi interrompendo minha leitura obrigatória — Prefiro morder um baiacu vivo do que ficar perto de vocês. Talvez ser envenenado por um peixe seja menos doloroso do que jantar com vocês.
— Rosinante, por favor. Não estou brincando.
— E quem está brincando? Posso voltar a ler meu livro em paz? Tenho um exame importante amanhã na escola.
— Faça como quiser!
— Ótimo! Já posso ficar em paz?! — gritei por fim. Ouvi batidas novamente na porta e me levantei irritado — Que inferno, me deixa em paz, porra! O que foi?
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Corazón
FanfictionUm spin-off do livro "Última Música: Hotel California" que conta a história de como Donquixote Rosinante era em sua adolescência e como parte de sua personalidade foi moldada por Melanie Sanchez. MOST PEAKS: #2 em #Rosinante #15 em Corazón