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    Mesmo eu chegando depois do horário combinado, meu pai não implicou comigo, não brigou, não falou nem uma palavra, apenas me deu boa noite e perguntou se tinha sido divertido.

    Eu não sou de contar muitas coisas a ele, mas eu sinto que deveria, já que não tenho mais minha mãe para conversar. Novamente, fui até o quarto do meu pai e bati na porta com a esperança dele ainda estar acordado.

    E para a minha sorte, ou não, ele ainda estava acordado lendo alguma coisa.

— Precisa de alguma, mi hijo? — perguntou me olhando por cima do livro.

— Posso te fazer uma pergunta? Eu não tenho com quem falar sobre isso — meu pai fez um sinal para que eu entrasse e sentasse na cama com ele — Como você sabia que queria dar outro beijo na mama?

— Por que está me perguntando isso? Está gostando de alguma menina?

— Talvez… — pensei duas vezes antes de continuar, mas eu preciso. Respirei fundo e prossegui — Sabe a garota que saí hoje? Bom, ela me deu um beijo. Eu gostei, só não sei o que pensar sobre isso. E se eu só quero beijar ela de novo por pura safadeza minha? E se ela nem quiser de novo? E se ela mentiu para mim?

— E por que ela mentiria para você? 

— Ela disse que foi forçada pelas amigas a sair comigo e eu não quero que ela se sinta na obrigação de fazer isso. Quero que ela faça por livre e espontânea vontade.

— Por que não tenta resolver isso com diálogo? Não foi assim que eu te ensinei? — meu pai se ajeitou na cama e guardou o livro na mesa de cabeceira — Ser aberto e sincero é um bom passo para começar. Vai saber se ela estiver mentindo para você. Essa garota parecia estar à vontade ao seu lado?

— Muito! Ela me chamou para ir à Pista 80’, mas, na verdade, queria ir no fliperama e então eu levei ela até lá — deixei escapar um sorriso — Ela até me fez ir com ela até em casa só para trocar de roupa. Meu Deus, ela estava tão linda… — cobri o rosto com as mãos e me joguei de costas sobre a cama — Vou fazer o que você me disse: falar com ela.

— Faça e não esqueça de me contar como foi.

— Pode deixar, mi padre. Obrigado por conversar comigo, estava precisando — me levantei da cama.

— Por nada, sempre estarei aqui se precisar…

♡♡♡♡♡

    Na segunda-feira, fiquei ansioso para vê-la. Devo estar criando expectativas demais, é claro que ela não vai querer sair comigo uma segunda vez. Ela tem dezessete e eu quatorze. Nenhuma garota quer sair com alguém mais novo que ela.

    Essa ansiedade me fez perder a fome, o ânimo e até a vontade de participar das aulas práticas de ginástica da Educação Física e eu sou muito ativo nas aulas práticas. Alejandro até tentou me animar, mas não está ajudando muito.

— Pessoal, um minuto da atenção de vocês! — A professora chamou nossa atenção batendo palma, é tão alto que o eco na quadra chega a me dar dor de cabeça — Hoje vocês terão que dividir a quadra com outra turma do terceiro ano, tudo bem? Estamos com um professor a menos hoje e terei que dividir função. Vocês seguem com a programação normal: a ginástica artística. Vou ver o que a outra turma está fazendo e passar algumas orientações à eles. Certo? Agora mexam esses traseiros, não quero ver ninguém sentado sem fazer nada!

— Eu vou me matar.

— Ih, não é a turma da Esmeralda? — Alejandro e eu olhamos para a entrada da quadra ao mesmo tempo. Senti meu corpo gelar quando vi Esmeralda entrar logo atrás das “amigas” — Olha lá, é a sua garota.

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