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    As notas finais finalmente saíram, como sempre o meu boletim veio recheado de notas máximas. Eu tento me esforçar ao máximo para pegar alguma vaga nas universidades, quero cursar Direito algum dia e seguir a mesma carreira que minha mãe. Ela era uma advogada perfeita.

    Entreguei o boletim para meu pai olhar. Acho que, no fundo, sempre fiz as coisas para tentar agradá-lo para que ele sinta um pingo de orgulho de mim. Eu não preciso de sua aprovação, mas quero fazer questão de que ele veja cada passo meu.

    Ele está há dez minutos em completo silêncio com os olhos fixados no papel, confesso que estou bem ansioso para ouvir o que ele tem a dizer.

— Quando que é aquele negócio na Pista 80'? — perguntou me devolvendo o boletim.

— É amanhã. Por quê?

— Está liberado para ir — soltei um grito comemorando — Mas com uma condição.

— Tudo que é bom dura pouco mesmo, né?

— Você é menor ainda, está achando que vai ser fácil assim? — ele me olhou e se ajeitou em sua poltrona — Que horas você vai, com quem, como vai voltar e esteja em casa às 22h.

— Voltar vivo é opcional?

— Rosinante, não teste a minha paciência! Estou falando sério.

— Vou com uma amiga, o nome dela é Esmeralda. Nós vamos às 18h. É perto, então vamos ir e voltar a pé mesmo.

— Vai precisar de dinheiro?

— Sim, um milhão de euros.

— Rosinante!

— Aí, que homem chato, não pode nem brincar mais! — retruquei segurando a risada — Não precisa me dar nada, eu tenho minhas economias.

— E se comporte, ouviu? Se eu te ver chegando em casa depois do horário combinado ou então eu souber que você bebeu, eu nunca mais te deixo sair de casa.

— Estarei acompanhado, acha mesmo que vou fazer algo que possa causar uma cena constrangedora tanto para mim quanto para ela?

— Pelo menos você aprendeu alguma coisa, né? Bem diferente do seu irmão.

— Seus esforços para me ensinar a arte do cavalheirismo não estão sendo em vão. Eu não quero te decepcionar ou criar algum tipo de rivalidade entre nós, mas acho que ele nunca vai conseguir aprender alguma coisa. Ele pode até fingir ser, mas vai ser uma péssima encenação. Mi padre, se já acabamos, posso voltar para o meu habitat natural, vulgo meu quarto?

— Você iria de qualquer jeito.

— Você me conhece tão bem — sorri para ele e voltei para o quarto.

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    Passei o sábado inteiro no quarto tentando decidir o que iria usar, difícil escolher quando se tem apenas uma opção de cor nesse guarda-roupa: preto. Vou ter que me desdobrar em quatro para ver se assim consigo combinar uma peça com a outra.

    Talvez eu devesse ter ouvido os conselhos da minha mãe quando dizia que eu deveria escolher mais cores para compor minhas roupas, mas nada chegava aos pés do bom e velho preto. Existem tantas opções nessa cor que consegui comprar várias peças que se combinam.

— Desisto! — me joguei em cima da pilha de roupas largadas sobre minha cama.

— Meu Deus, que bagunça.

- Quem te chamou aqui? — olhei para meu irmão parado na porta do quarto. Não acredito que cometi o erro de deixar a porta destrancada e aberta —  Some daqui!

CorazónOnde histórias criam vida. Descubra agora