— Você parece sorridente demais hoje. — Constato observando Hannah enquanto caminhamos para casa depois da aula.
— Estou pensando se te conto algo ou não. — Ela diz quase saltitando ao meu lado.
Começo a pensar o que pode ser. Hannah sempre faz isso quando sabe que algo que eu quero entrou em promoção, ou quando ela sabe que o pai dela vai começar a restaurar um carro antigo que eu gostaria de acompanhar.
— Como se ela conseguisse não contar. — Brian resmunga ao meu lado.
— Você fique quieto. — Hannah diz olhando de relance para ele com cara de poucos amigos, segundos depois volta a me olhar com um sorriso que não consigo identificar o que significa. — O professor de história passou um trabalho.
— E? — Pergunto franzindo a testa ainda sem entender onde ela quer chegar, sei que a felicidade dela não é sobre o trabalho, história não é uma das suas matérias preferidas.
— É em dupla. Adivinha com quem eu vou fazer?
— Fred Gardner. — Brian diz dando risada e Hannah estica o braço atrás de mim a fim de bater nele, mas ele desvia fazendo-a bufar.
Hannah foi apaixonada por Fred logo quando iniciamos o ensino médio, Brian e eu fugíamos dela nos intervalos para não a ouvir cantarolando o quando ele era bonito e inteligente e gentil. A paixão dela durou menos de um ano, segundo ela, ele se exibia demais, foi o que tentamos dizer desde o início, mas quem disse que ela escutou. Desde então ela havia dito que nunca mais se apaixonaria, Brian e eu duvidamos, mas nunca mais ela falou de algum rapaz para nós, quando eu estava quase acreditando nela, soube que por mais que ela estivesse não ousaria nos contar.
— Como você ainda aguenta o Brian? — Ela me pergunta e ele faz uma careta. Dou de ombros já acostumado com as implicâncias dos dois. — Ella Sullivan. — Hannah diz de repente, voltando a sorrir.
— Ah. — Murmuro, dou um sorriso, então abaixo minha cabeça enquanto continuamos a caminhar.
Eu fico feliz em ver Ella, mesmo de longe, e quando passo próximo dela sinto-me de repente diferente. Eu fico feliz quando assuntos surgem em minha mente e preenchem um papel de carta para ela. Eu fico feliz ao ouvir o nome dela quando outras pessoas o dizem. Eu nunca tive esse tipo de sentimento antes, não com essa intensidade e não com o mesmo significado. Isso parece tão estranho, gostar de alguém sem conhecer direito, tenho pensado com frequência sobre isso. Muitas vezes me pergunto o porquê de eu ter me apaixonado por ela, mas as poucas e vagas respostas que encontro não parecem me responder de fato, então começo a me perguntar se realmente me apaixonei como penso, ou se acho que sim por causa das cartas e da curiosidade de saber mais sobre ela. Já pensei em parar de escrever, mas quando percebo já estou enfiando uma carta em seu armário, tudo que me esforço em fazer é escrever cartas que não sejam sobre meus sentimentos por ela, o que tem se tornado difícil ultimamente. Tenho seguido o conselho de Jessie de entregar esses sentimentos a Deus, mas as vezes sinto que já não sei mais como orar sobre isso.
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Cartas para Ella
Короткий рассказCONTO 2 | Família Collins "Cartas não servem apenas para se comunicar, também é uma forma de mostrar seu carinho e amor por uma pessoa, talvez ela esteja em um dia ruim, então você pode escrever uma carta para animar ela, e dizer que ela é important...