Capítulo 2

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O tilintar dos talheres sobre os pratos se misturam à conversa animada das pessoas à minha volta na mesa, não consigo evitar sorrir pela cena

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O tilintar dos talheres sobre os pratos se misturam à conversa animada das pessoas à minha volta na mesa, não consigo evitar sorrir pela cena. Não consigo deixar de apreciá-la, embora ela aconteça frequentemente na minha vida. Acho que não existe coisa melhor do que estar reunido com as pessoas que amamos, pessoas especiais que estão ao nosso lado em todos os momentos, compartilhando dias bons e ruins. Ah, sou tão grato a Deus por ter essas pessoas em minha vida, uma família imperfeita e que comete erros um bocado de vezes, mas que está sempre unida, que acima de tudo busca estar sempre em união com Deus, o alicerce que precisamos para nos manter firmes.

Saio dos meus pensamentos e volto a prestar atenção na conversa que sucede na mesa. Puxo a garrafa de refrigerante para perto e quando vou colocar no copo acabo derramando um pouco, coordenação não é algo do qual eu possa dizer que possuo tanto assim.

— Esse não tem como negar que é seu filho Grace. — Meu avô Josh diz rindo.

— É o que eu sempre digo. — Meu pai ri também e minha mãe os repreende com o olhar, mas logo ri porque sabe como isso é verdade, eu só uma cópia atrapalhada dela.

— A gente percebe que está ficando velha quando já tem uma filha com 23 anos e um filho completando 17, as vezes acho que cochilei por uns minutos e ao invés de passar a hora acabou passando os anos. — Minha mãe diz do outro lado da mesa mudando de assunto, enquanto olha para minha irmã e eu sentados lado a lado.

— Quando nos tornamos pais esperamos ter para sempre um bebezinho em casa, e mal nos damos conta do tempo passando, quando paramos para olhar eles já estão vivendo suas próprias vidas sem depender mais de nós. E acredite, você irá se sentir mais velha ainda quando eles casarem e terem os próprios filhos. — De uma das pontas da mesa minha avó Melanie se pronuncia, enquanto a vó Maggie concorda do outro lado. A partir daí começa um falatório sobre casamentos, filhos, famílias e outras coisas que sequer consigo entender já que falam todos ao mesmo tempo.

Olho para Jessie do meu lado e ela ri, franze o rosto e balança a cabeça negativamente, sussurrando: — O que é que eles estão dizendo? Já não estou entendendo mais nada.

Sussurro a ela que também não consigo entender. E ambos rimos.

Hannah que está do lado da minha irmã está enturmada na conversa, e Brian, bem, ele está concentrado no seu prato de macarrão com queijo.

— Nic está apaixonado. — Hannah solta fazendo surgir um silêncio de repente, e todos os olhos se voltam para mim. E eu encaro Hannah, a repreendendo com o olhar, mas ela finge não perceber.

Ah que ótimo, aposto que a primeira pergunta virá da minha mãe, em 3,2...

— Por quem? Eu conheço? Como ela é? — Eu não disse? Ela não só fez a primeira pergunta, mas fez todas as que viria do resto das pessoas que acabaram de descobrir a novidade.

— Ella Sullivan, acho que não conhece, é ruiva e bem quietinha. — Brian resume por mim já que as palavras demoraram para sair da minha boca.

Eu sei que estou apaixonado por Ella, mas não é algo que eu me sinta à vontade para compartilhar com eles, ao menos não ainda. É um sentimento novo para mim. Quando Ella voltou para a cidade mais abatida do que fora, eu pedi para meus pais incluí-la em suas orações, não só porque gosto dela, na verdade na época eu nem tinha pensado nisso, o fato é que sempre a considerei como minha amiga, embora ela nunca tenha sido. E pelo olhar do meu pai lançado a mim, sei que ele se lembra de eu ter pedido oração pela vida dela. Mas ele não diz nada, ao menos não com os lábios, seus olhos, no entanto parecem dizer que se eu precisar conversar ele estará lá por mim. Devolvo-lhe um olhar agradecido.

Cartas para EllaOnde histórias criam vida. Descubra agora