CONTO 2 | Família Collins
"Cartas não servem apenas para se comunicar, também é uma forma de mostrar seu carinho e amor por uma pessoa, talvez ela esteja em um dia ruim, então você pode escrever uma carta para animar ela, e dizer que ela é important...
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"Seu amor chamou meu nome O que eu tenho a temer? Se Você pode manter as estrelas no lugar Você pode manter meu coração também Sempre que eu cair, sempre que eu começar a quebrar Então aqui estou entregando meu coração." (Stars - Skillet)
Capítulo 9 - Ella Sullivan
Através da janela do meu quarto assisto o sol se pondo preguiçosamente no horizonte, uma despedida lenta e encantadora, tingindo o céu com suas cores em tons quentes, trazendo calor junto de um sentimento de acolhimento.
Quando a luz solar enfim acaba dando lugar a chegada da noite, volto minha atenção para os papéis aos quais estava lendo antes de me distrair com o pôr do sol, todas as cartas que recebi de Nicolas estão espalhadas à minha volta sobre a cama, apesar de no início eu não querer acreditar em seu conteúdo, não tive coragem de me desfazer delas, afinal sempre as achei bonitas. Agora, depois de reler todas, sinto que algo mudou, não consigo explicar como, tão pouco o porquê, mas algo está diferente. Antes, lê-las era quase como pegar um passaporte para as feridas dolorosas do passado, ainda as sinto abertas em mim, porém, já não parecem mais incuráveis quanto eu imaginava. Neste momento me permito ter esperança de que um dia elas irão ser curadas por completo, suas marcas não terão o poder de me impedir de seguir em frente. Minhas cicatrizes servirão para revelar o amor de Deus derramado em minha vida.
Coloco as cartas em seus envelopes novamente, depositando-as em seguida na caixa enfeitada ao qual elas ficam guardadas. Me levanto da cama e sigo até o armário na parede oposta, empurro a caixa na prateleira mais alta, o lugar onde sei que sempre estarão bem protegidas.
Volto para minha cama me lançando sobre ela. Tateio a mesa de cabeceira ao meu lado em busca do meu celular para ver as horas, na maior parte do tempo é só pra isso que ele tem utilidade, não tenho com quem ficar trocando mensagens, nem mesmo tenho redes sociais, e as únicas ligações que recebo são da minha avó e do meu pai. Antes que eu possa encontrá-lo esbarro minha mão em um livro, sei que é a bíblia do Nic, lembro-me de ter a colocado ali há uma semana atrás quando ele me trouxe em casa, e desde então tenho deixado a minha de lado para ler a dele. Puxo-a para mim, erguendo até estar à altura dos meus olhos, passo a observá-la pela milésima vez, a capa preta contrasta com as letras em dourado, aparenta já estar bem gasta, no entanto parece conservada. Me sento na cama e uma vontade súbita de ler o seu conteúdo me faz começar a folhear as páginas, nunca sei por onde começar a leitura, ainda estou me habituando a lê-la, então vou lendo os versículos que estão destacados, há muitos deles, todos coloridos, há também várias anotações nos rodapés das páginas. Consigo reconhecer cada um dos versículos que Nicolas usou em suas cartas que eu acabara de ler há pouco tempo atrás, novamente me fazendo sentir que algo está diferente, é como Nic disse, ler essas palavras traz consolo, esperança e paz, e de alguma forma que ainda não entendo parece acalmar o meu coração.
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. (mateus 11:28-30)
